quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

os jogos olímpicos

Acho incrível como é que, quando morrem 160 mil pessoas, os media portugueses estão preocupados com... os portugueses. E mais, abrem os noticiários assim: "Um português incontactável!". Depois gira o noticiário todo à volta desse português. E nós a torcer "para que ele apareça". Mas isto são os jogos olímpicos em que torcemos pelos portugueses? Portugueses como o Obikwelu, que nasceu lá num país qualquer de pretos e treina em Madrid.
Já que morreram tantos tailandeses bem que podia morrer mais um e salvar-se lá o português "incontactável". Depois respiramos de alívio quando o "português incontactável" é, finalmente, contactado e voltamos para saber quem vai ganhar a Quinta das Celebridades.
O mais chocante é que ninguém conhece esse português. Ao menos os pilhões há sempre alguém que os viu. Um primo dum tio que tem um amigo que esteve a passar férias no mesmo sítio de um tipo que fez a tropa com com dois irmãos em que um deles já esteve em cima de uma gaja que uma vez mamou um gajo a quem uma enfermeira tirou os pontos da operação ao apêndice e lhe contou que a irmã dela, quando era um homem e se chamava Miguelinho, viu um.

1 comentário:

Anónimo disse...

anónimo_pá

pá, isso fode-me o juízo também. mas os gajos dos telejornais são otários. não falo só de quem vemos. dos pivots. falo da corja toda. mas já agora falo do otário que é o pivot. o gajo que olha para a câmera, que lê o teleponto e que depois por isso ganha prémios de jornalismo por conseguir parecer pouco estúpido a fazê-lo.
eu ´tou-me a cagar pós portugueses que morrem diáriamente desde que não os conheça, assim como o estou para todos os que morrem diáriamente não sendo portugueses.
ah, e também me importo com aqueles portugueses que não conheço mas que conheciam quem eu conheço e assim acabam por me afectar, assim como os que não são portugueses e morrem e afectam quem eu conheço.

ou se calhar sou eu que estou desenquadrado, e que nós, os portugueses homens, somos uma cambada de grunhos que só querem ver bola, beber cerveja, ter o jantar pronto pontual e diariamente e que de sensibilidade só a temos na pichota, e não a temos para quando nos dizem que morreram 160 mil pessoas sentir pena e compaixão por tanta vida e miséria que se passou e precisamos da ligação directa a nós, o português que desapareceu, para continuarmos a ver os telejornais bimbos ( se é existem telejornais não bimbos, caso não perdoem-me a redundância) que temos a desenvolverem nos dias e semanas seguintes como se aquela tragédia fosse uma novela e o português o protagonista que lá se salva parecendo que nada no fundo foi trágico.

pá, por acaso eu correspondo em quase tudo à descrição que fiz no início do último parágrafo, mas eu ainda sou novo. mas e os outros que não o são, e os que não correspondem à descrição? as mulheres por exemplo e os velhos. e e... enfim. pois, pá, e esses?