domingo, 27 de fevereiro de 2005

o que fazem os pretos na universidade?

Andei 5 anos no Técnico. Todos (dos poucos) pretos que lá andavam tinha grandes máquinas de calcular. Aposto que as compraram porque pensavam que elas é que lhes iam fazer o curso. Claro que não fizeram. Um preto nunca pode ser engenheiro. Um engenheiro dá ordens. Um preto recebe-as.
Nem sei em que cursos andavam. Engenharia Civil não devia ser porque um preto nasce a saber fazer cimento. Mas não sabe dar ordens para fazer cimento. Estão habituados aos capacetes amarelos. Provavelmente andavam em Engenharia de Minas. Para se enterrarem bem fundo, longe do resto da Humanidade, pertinho do centro da Terra.
A minha teoria diz que a maioria tira direito. Para safar os outros pretos da prisão.

o sentido da vida

Porque é que o pão fica duro e as bolachas ficam moles?

nós, os gagos

Ser gago é lixado. Especialmente quando se quer uma daquelas coisas que um gajo sabe logo que vai gaguejar. Há dias queria um chá. Sim porque um gajo que bebe chá, tirando toda a homossexualidade inererente a beber chá, é um gajo que consegue gajas. Por isso pedi um chá. E sei muito bem qual é o chá que queria. É o chá que sabe a chá. Todos os outros sabem a "coisas" que não chá. Mas depois a mulher pergunta-me: "então que chá é que quer?" e diz os nomes assim todos de seguida. E eu nem tive tempo de dizer stop. Eu queria mesmo era um chá de cidreira. Mas "cidreira" é lixado de dizer para quem gagueja. Ou camomila. Que também é fodido. Então tive de pedir um chá preto.

a taça uefa

A taça UEFA, este ano, é do Sporting. Já ninguém tem dúvidas disso. Vai ser notícia em toda a parte e toda a gente vai saber que o Sporting tem a melhor equipa de Europa. Menos o Mantorras, que vale 18 milhões. Mas para o comprar teríamos de vender o estádio.
A cena que realmente me está a foder é o sacana do Papa que nunca mais patina. Aposto que tem um contrato qualquer com o Benfica para morrer exactamente na semana em que o Sporting ganhar a taça UEFA. Porque depois todos os jornais vão mas é meter que o Papa morreu e assim e de como ele era bom e coiso e ninguém se vai lembrar da melhor equipa da Europa. Isto tudo organizado pelo Benfica. Por inveja. Só inveja.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

pedintes

Um gajo vai jantar fora e começa o desfile de monhés, brasileiros, "ucras" e outros/não sabe/não responde. Primeiro aparecem os ucranianos com o acordeão e a pandeireta que até são fixes mas um gajo deixa de poder conversar durante os 20 minutos em que tocam a discografia completa das obras que foram salvas depois das revoluções nesses países de comunistas. Um gajo ainda dá um euro, espera que não voltem e continua a comer o "entrecóte aux champinhóns avec du molhe du castanhes". Depois aparece o primeiro monhé com coisas a piscar e tiaras de "Miss Universo" que passam sempre ignorados porque já não há paciência. Depois o brasileiro das flautas que vende incensos e toca duas flautas ao mesmo tempo e ainda convida as pessoas a tocar, mas eu já sei que foram os brasileiros que inventaram a hepatite e, quase sempre, têm tuberculose. Abro aqui um parêntesis -> ( para dizer que a tuberculose é a doença com mais cenário que existe. A tosse e os lenços de pano brancos manchados de sangue quando se tosse parte do pulmão, a cena de um gajo fumar mesmo que a tenha, o Val Kilmer no Tombstone. É uma granda cena. Aposto que dentro da classe de doenças fodidas é a mais fácil de um gajo arranjar gaja tendo uma doença fodida. Até é capaz de se arranjar gaja, com tuberculose (não a gaja com tuberculose mas o gajo que arranja a gaja - está lá a vírgula para explicar, mas como não sei para quem estou a falar é melhor explicar), do que sem nada. Tipo eu. Fecha parêntesis -> )
E um gajo até dá 50 cêntimos ao tipo das flautas. Mas depois vêm mais monhés. Contei 5 ou 6 pedintes. Mesmo que um gajo queira ser bonzinho ou impressionar o resto do ratum no restaurante dando uma moeda a cada um, acaba por pagar quase o preço duma garrafa de vinho se o fizer. Mais vale é estar quieto e jantar em casa o bocado de perna de borrego que ficou do jantar e que nem sabe lá muito bem quando é aquecido no micro-ondas.

1 - 1 = 0

Qual é a grande diferença entre um blog, um livejournal e um photo-não-sei-quê? Num blog um gajo manda postas de pescada e acha que a sua opinião é que conta e que as cenas que os outros dizem valem tanto como o Hélder Postiga. Um livejournal serve apenas para um gajo que tenha uma vida desinteressantíssima (<- "fónix") possa fingir que é um gajo fixe e que faz coisas fixes como ver dvds e conhecer miúdas em chats. Um photo-não-sei-quê serve apenas para as gajas em quem ninguém pega poderem mostrar-se com camisolas altamente justas, com os mamilos previamente passados por gelo, conseguirem mandar uma queca sem terem de pagar.
Eu por mim escrevo um blog a ver se consigo gajas. Nem gajas de outros blogs (porque as gajas que dispensam mais de uma hora por dia na internet não são boas - deviam mas é estar a fazer "coisas de gaja boa", como foder e depilar as pernas a laser e assim), nem gajas de livejournal (porque realmente não me interessa que oiçam as coisas da moda nem qual o último dvd que viram) e muito menos gajas que tenham photo-não-sei-quê porque essas deviam ter sido abortadas e mandadas pelo cano em saquinhos de plástico para evitar que o DNA se espalhe e crie mais gajas que precisem photo-não-sei-quê para foder.
A minha cena é que nenhuma gaja ainda me mandou um mail, embora se virem o profile lá está ele - até o vou pôr aqui para as gajas que não saberem como se vai ver o profile poderem mandar um mail ao pai com pedidos para as comer e assim - anq@portugalmail.pt .
No entanto, já tenho duzentos-e-trinta-e-tal "profile views", o que dá para pensar que são tudo gajas boas a pensar: "há 90% de hipóteses de este gajo ser como o Nuno Markl, gordo, roto, fofo e à espera de foder o que não fodeu quando era adolescente" e 10% que pensam: "aposto que até o comia mas sem foto não vou mandar um mail porque ainda me sai o Nuno Markl".
Pá... eu comia-me.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

oh but if i went 'round sayin' i was emperor, just because some moistened bint lobbed a scimitar at me, they'd put me away

A cena que eu não percebo é de quem é a Lúcia é irmã. E mais, como é que a irmã dela lhe chama? Irmã irmã Lúcia? E se for uma coisa mais alargada? Daqueles parentes longínquos mas todos ligados por irmãos? Mas pronto. Pode ser que seja como o outro do Big Lebowski que toda a gente tratava por "the dude". Pode ser uma cena "cool" daquelas que as gajas inventam para dar pau. Se calhar até gostava de jogar bowling. Ou pelo menos teria sacos de varizes nas pernas do tamanho de bolas de bowling. Até aqui nada de mais. Pá... a mulher tinha 97 anos. Que é que tem mais mais probabilidades de acontecer aos 97 anos - sem ser rebentar as varizes e largar pús por aquelas feridas nos cotovelos que os velhos têm - do que morrer? E luto nacional porquê? A erva que fumo todos os sábados também me faz ver Deus, o Rei dos Frangos de Carnide e a Sininho do Peter Pan e não é por isso que quando morrer vai haver luto nacional. "Ele há coisas"...

os ciganos

Sou do Sporting desde que me lembro e, naturalmente, sócio vitalício dos clubes que ganham ao Porto ou ao Benfica. Torço pela selecção desde que vejo futebol. Nunca me convidaram para parte nenhuma. Agora aquele cigano que foi encontrado a boiar na praia lá dos tsunamis vai ver os jogos da selecção de borla. E vai ao Manchester e coiso. Eu cá já comprei camisolas da selecção da Suécia, da Dinamarca e da Noruega. Assim que houver um sismo ou um maremoto ou o anticiclone dos Açores ou até uma leve brisa vou correr para a praia com uma camisola da Suécia, agarro-me a um tronco, como arroz de boca aberta e finjo que me perdi e pode ser o que o Gilberto Madaíl lá da selecção sueca me convide a ir ver daqueles jogos em que as suecas escrevem os nomes dos jogadores nas mamas e mostram e assim.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

decisões

Esta coisa de um gajo viver em casa dos pais e não ter responsabilidades tem muito que se lhe diga. Ainda agora estava a comer um pacote de bolachas e a grande decisão do dia foi acabá-lo ou não (eram daquelas Cream Crackers, com queijo daquele que se tira à colher e não vazias - isto significa sem nada e não fui eu que inventei, foi uma das minhas "gajas do messenger"). A cena é que ficou apenas uma bolacha no pacote e já não me apetecia mesmo. E depois se deixo só uma bolacha vêm logo eles e dizem: "ah pois, deixaste só uma para não dizeres que foste tu que acabaste o pacote" ou pior ainda: "deixaste ali uma para não teres o trabalho de ir deitar o pacote fora". Claro que não é nada disto. É que já não me apetecia mesmo. Até a podia ter dado a alguém. Àqueles miúdos que andam a pedir dinheiro para comer e assim, mas já são 19:43 e depois já se sabe que não jantam.
Como não está cá ninguém, não sobra a quem perguntar: "queres a última bolacha?". E mesmo que perguntasse eles depois iam dizer: "é só para não teres de ir deitar o pacote fora". E um gajo não quer isto. Também podia dá-la ao meu vizinho mas ele é arquitecto. E os arquitectos não comem estas bolachas de pobre.
Acabou no lixo para não me culparem de nada.

sexta à noite de quem não tem gaja nem dinheiro

Vera Drake


O aborto

Antes de ir ao cinema já sabia que ia ver um filme sobre o aborto. “Mas o Paulo Portas entra?” – pergunta a minha enorme massa de fãs. Não. É sobre o aborto mesmo. A cena dos ferros e das raspagens e das bombinhas de borracha. Parece magia. Sobre as gajas que em vez de meterem um “conhé” de tripa de porco para evitar “cenas”, preferem fazê-lo como o acorde de Sol Maior <- esta piada é tão boa que me custa acreditar que fui eu que a criou. Aposto que ninguém vai perceber e depois vão todos dizer que não havia piada nenhuma e mais não sei o quê que se costuma dizer nestas situações em que alguém inventa uma piada que mais ninguém percebe.
Quando olhei para as personagens percebi porque, nalguns casos, sou a favor do aborto. São feios e enrugados e com riscos ao lado e brilhantina e fatos de camurça e aquele tecido às risquinhas em relevo que não sei bem o nome mas que todos os pobres usam e que estão comummente cheios de nódoas de esperma seco das prostitutas que frequentam e manchas de óleo da oficina onde trabalham.
Vai daí, há uma gaja que faz abortos, com tubos e um ralador de queijo e uma esponja e uma caixinha de metal que parece daquelas dos biscoitos ingleses que são comidos com o chá.
E fá-los assim em série, mais ou menos como a linha de montagem daqueles carros que são feitos em linhas de montagem. Isto é, com certeza, uma figura de estilo. E como todos já sabem, em termos de figuras de estilo, eu sou o maior de Portugal e o segundo melhor da Europa. Parece que há um romeno que também já é muito bom mas como a esperança média de vida na Roménia são 4 anos, significa que já falta pouco para eu me tornar no melhor da Europa e ter apuramento directo para os campeonatos do mundo.
Entretanto bebe-se chá. Muito chá. Parece-me que os ingleses bebem chá como nós cá bebemos vinho tinto e acabamos com cirroses e cancro no fígado e aquelas manchas nas mãos e na pele como o Conan O’Brien. Felizmente, o chá só dá vontade de ir à casa de banho mais vezes. Nem provoca infecções urinárias nem outras coisas. Pode é provocar cancro na próstata se um gajo aguentar muito a cena e ficar assim à rasquinha muitas vezes. Além disso, perde-se também toda a elasticidade na bexiga, que é como um balão. Quando é muito cheia e esvaziada muitas vezes perde a elasticidade. E depois começa-se a largar pinguinhas quando nos baixamos para apanhar livros ou rir com mais força – também dá direito a peidos para quem não tem o meu controlo anal - levantar vasos ou fazer dessas coisas que as pessoas mais pobres têm de fazer porque não podem contratar pessoas ainda mais pobres que as façam por eles.
Depois aparece uma que trafica várias coisas de mercearia e é, mais ou menos, a manager da gaja que faz os abortos.
Depois há um que é mecânico, o gajo que é casado com a Vera Drake – a dos abortos - e o filho alfaiate e o irmão do mecânico que é o dono da oficina que tem uma mulher que vê-se mesmo que gosta de ser comida por trás à canzana e que lhe chamem nomes.
Tudo corre bem. Até a filha da gaja que faz os abortos arranja um tipo que acaba por ter o maior Natal da vida (palavras do próprio, não quero que pensem que estou a inventar – que Deus me fulmine já aqui se não estou a dizer a verdade - … - nada aconteceu) e que se até ele consegue uma gaja porque é que eu não hei-de conseguir? Mistério.
Para o filme ser politicamente correcto até metem para lá uma preta a abortar e diga-se de passagem que são muito boas naquilo também. Acho que no próximo campeonato da Europa de abortos já não deve haver divisão racial.
Os abortos sucedem-se. Uns aos outros, portanto. Mas um dia há que corre mal e a gaja fica assim meio fodida com olheiras e muito mais bonita do que era antes de fazer o aborto e estar toda arranjadinha e quase morre.
Então aparece a polícia que vai logo “tomar conta da ocorrência”, inquirir “a queixosa que se fazia acompanhar da respectiva mãe”, abrir um “inquérito sumário”, entrevistar “testemunhas da ocorrência” e lá mais essas coisas que se fazem e zás! Chegam mesmo a meio da parte em que eles estão a festejar um noivado e o “prenhice” daquela que gostava de levar com ele à canzana.
Entorna-se o caldo e é altura de se dizer “co’a breca, diabos me levem”.
Depois pronto. Acontecem assim “cenas” e “coisa-se” tudo no fim e há um gajo que estava a dormir na sala que acorda e diz: “isto é que foi um granda filme hã?” e ri-se como um porco e saímos todos para ir fumar e ligar os telemóveis como se faz sempre à saída do cinema. Sem ser aqueles que põem os telemóveis apenas no silêncio porque esperam que “aquele grelo que estive quase a comer no sábado de há três semanas atrás” finalmente ligue para combinar aquele café.
O aborto é mau – diz Deus e o Paulo Portas. Vera Drake é muito bom.


Vera Drake - :D~

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

rui costanza

O Rui Unas quando faz aquela cara de "maior idiota da televisão portuguesa" fica igualzinho ao George Costanza quando faz a cara "So, please, a little respect, for I am Costanza, Lord of the Idiots".

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

o funeral

Num funeral o morto é sempre o tipo mais bem vestido. Um gajo veste dois ou três trapinhos lá do armário na parte "roupa-escura-que-um-gajo-até-pode-levar-para-os-funerais" e basta aparecer e fazer cara de caso e ter conversas como "Isto a vida é assim, é como um combate" e fazer os gestos como se estivesse a lutar boxe.
As velhinhas comentam sempre: "Que lindo que estava. Nunca vi um morto tão bonito.". Para quê? Dali a duas ou três semanas já as "formigas" comeram aquilo tudo. E o fato que "custou os olhos da cara" já nem para pano-da-casa-de-banho servia.
A única razão que me parece válida para o fato é se, no Além, houver assim mega-festas todas semanas e que o porteiro for aquele do Kremlin que foi baleado. E um gajo já sabe que de calças de ganga e ténis fica de fora.
Mas isso do fato e tal um gajo até quer estar bonito para as miúdas que vão a funerais. E como toda a gente sabe, não há gaja nenhuma que não fique altamente fodível de preto.
A cena que realmente mexe comigo são os óculos. Então um gajo é enterrado de óculos? É verdade que quando se morre assim velho tem-se bons descontos nas armações "Carlos e Catarina" da Multiópticas"... mas... não é que um gajo vá ler muito não é? Nem sequer uma revista, nem um cartãozinho, nem sequer o jornal do dia ou da região.
Nem vou entrar pela maquilhagem. Nem sequer cremes ponho e quando morrer pintam-me de cor de rosa? Não obrigado.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

a insustentável leveza do ser

Pensava que era imortal. Mas então apercebo-me que, em menos de um ano, assisti à partida de dois colossos do cinema mundial. Agora acredito que toda a gente morre.
Adeus Marlon Brando.
Adeus Canto e Castro.

é roto? afinal não.

Les choristes - Os coristas


Pá…


Coros, internatos, colégios particulares, peões, directores e enfermeiros soa sempre a enrabadela. Miúdos com os músculos anais inflamados de tanto comerem no rego, a prostituírem-se por cigarros, com roupas velhas e rasgadas, a contraírem sida e a pegá-la à própria mãe por partilharem a mesma gilette. Quartos frios e mais húmidos que os lábios vaginais de um grupo de colegiais. Manchas na parede. Vómitos de esperma fresco do enfermeiro. O Carlos Cruz. Irmãs violadas desde os 12 anos pelo padrasto que é camionista e quando lhe perguntam porquê reponde liminarmente: “alguém tinha de ser o primeiro”. Esperto o homem. Não anda cá a criar carne para os outros comerem. Sinais e verrugas. Manchas na pele. Nódoas negras em volta dos tornozelos – “é onde nos agarram enquanto nos vão ao cu” – diz o Carlitos. Pilas pequenas mas erectas. Cheiro a chulé. Maxilar de baixo saído. Colchões de palha em camas de molas que rangem. O miúdo mais pequeno a rodar todos na mesma noite. O cozinheiro bom amigo. O miúdo que até podia ser um génio se não levasse com mais quilómetros de chouriço que qualquer charcutaria. Os Invernos e a chuva. Duches frios com o sacristão a masturbar-se por trás do buraquinho na parede. Rectos com pontos. Esperma seco em toda a parte. O chão a colar aos pés. Isto são os internatos/orfanatos do nosso imaginário.

Felizmente este filme não tem nada disso. Foi uma surpresa. Todos parecem pedófilos. Todos os miúdos parecem abusados durante vários anos. O colégio parece cheirar a esperma seco nas paredes, nos lençóis, nos colchões, nas camisolas de malha coçadas nos ombros e rotas nas costas, perto dos ombros.
Logo no início, dois velhos encontram-se e partilham memórias do passado. Colectadas por uma personagem que pensei logo ser o miúdo que se suicidaria por algum motivo. Ou então seria empurrado da torre mais alta, porque sabia de mais (de saber ou de sabor) e chegaria ao chão feito em farelos. Seria preciso uma espátula ou várias tiras de fita adesiva para arrancar os bocadinhos mais pegajosos do chão. Depois alguém, em voz off, diria que “a marca ainda lá está, para nos lembrar blá blá blá” – filme da tanga. Afinal não. Era o peão.
Para quem não sabe qual é a função de um peão… bom, eu também não sei. Afinal há coisas que nem eu sei.
O peão é um tipo gordo e careca. Fofo. Desprezado pelas mulheres (tipo eu, mas em gordo e careca e sem metade da minha postura tuberculosa). Daqueles moles que, no típico filme americano, acha que vai conseguir ajudar os miúdos a serem alguém nada vida e não só falha mas acaba sem gaja e num T0 a coçar os testículos que entretanto descaíram e aumentaram devido ao cancro que lhe atacou o esquerdo de tanto bater com eles no chão.
Este consegue. Afinal os franceses são mais que um bando de parasitas que cheiram a sovaco misturado com perfume e usam camisolas às riscas suadas debaixo dos braços onde seguram a baguete que hão-de (hádem) comer ao almoço.
Tudo acontece quando os rapazinhos (:|) que lhe roubam a pasta e depois encontram folhas de música. Pautas. Vem de pau - mais um indício de paneleirices. E ele se ajoelha para as apanhar – indício de mamada. E outra vez nada.
Aqui comecei a pensar: “queres ver que este filme não tem “coisas” e é só mesmo um filme sobre um orfanato e um coro de miúdos que conseguiu manter a anilha fechada pelo menos até aos exames à próstata dos 50 anos para cima?”.
O peão decide formar um coro com os miúdos. Consegue mesmo pô-los a cantar. E um deles é a estrela. Ainda tem a voz não queimada pelo esperma que poderia ter ingerido caso fosse um dos internatos da nossa imaginação.
Entretanto aparece a mãe desse chaval. Claro que o peão, como não deve mandar uma queca há mais tempo que eu, tenta logo saltar-lhe à espinha. Mas ela é esperta e arranja mas é um engenheiro. Entretanto aparece o mau. Um miúdo que fuma e tem mais barba que eu. Como é mau acabam por levá-lo para um sítio com maus ainda mais maus (e não piores, porque antes de um adjectivo usa-se sempre “mais” – especialmente quando se fala de mim - ou “menos” – quando se fala de vocês. Sim, tu que estás a ler isto ó) porque pensavam que ele tinha feito para lá umas coisas. Bom mas depois isso vocês logo vêem.
No fim cantam todos para a gaja que dá lá a guita para aquilo se manter. Depois arde tudo. Depois coiso e tal e no fim acaba tudo bem. Mesmo à conto. Simples como o café sem açúcar. Como o whisky sem gelo. Como as cuecas sem risca castanha atrás.



Os coristas - :D

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

é racismo

Um gajo normal (branco, heterossexual e ateu - duma minoria portanto) deixa de poder fazer piadas sobre os outros que não sejam também normais. Só às escondidas e baixinho depois de olhar por cima do ombro a ver se vem lá algum preto, já que os judeus (menos na altura da moda do pin da estrelinha - hoje é o pin dos Ramones que está na moda, não entre os judeus mas entre as pessoas que gostam de achar que estão na moda, tipo eu mas sem o pin dos Ramones, até porque eu não gosto de bandas com menos elementos vivos que os Beatles) e os paneleiros não são reconhecíveis à distância (a não ser quando têm de carregar o hemorróidas num saco de plástico).
Um preto vai aos prémios da mtv e faz todo o tipo de insinuações de como as pilas dos brancos parecem uma almôndega, do porquê de todos os pretos serem ladrões, porque é que se diz que forem eles que inventaram a sida e porque é que quando as pessoas vêem um preto a correr pensam logo: "já roubou alguma coisa",... não pode é ter apontamentos de como os judeus são uns porcos com a mania da perseguição nem porque é que os paneleiros preferem alheiras a enchidos de porco. Por outro lado, os judeus podem fazer todo o tipo de piadas sobre as contas de gás do reich, "se ouvisse mais Wagner saía da ópera e invadia a Polónia", sobre circuncisões, sobre o porquê de os pretos não poderem ser circuncidados e das consequências directas para as indústrias das facas e dos curtumes. Os paneleiros ficam com a fatia mais fraca. Fazem piadas sobre malas e sapatos de marca e todas essas paneleirices que os paneleiros gostam de se apaneleirar com.
Quando se nasce com pack completo o humor deixa de ter limites. A não ser que se nasça fufa. Porque toda a gente sabe que as fufas não têm sentido de humor. Mesmo que sejam pretas ou judias. Ser fufa é o elemento absorvente do humor.