quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

é roto? afinal não.

Les choristes - Os coristas


Pá…


Coros, internatos, colégios particulares, peões, directores e enfermeiros soa sempre a enrabadela. Miúdos com os músculos anais inflamados de tanto comerem no rego, a prostituírem-se por cigarros, com roupas velhas e rasgadas, a contraírem sida e a pegá-la à própria mãe por partilharem a mesma gilette. Quartos frios e mais húmidos que os lábios vaginais de um grupo de colegiais. Manchas na parede. Vómitos de esperma fresco do enfermeiro. O Carlos Cruz. Irmãs violadas desde os 12 anos pelo padrasto que é camionista e quando lhe perguntam porquê reponde liminarmente: “alguém tinha de ser o primeiro”. Esperto o homem. Não anda cá a criar carne para os outros comerem. Sinais e verrugas. Manchas na pele. Nódoas negras em volta dos tornozelos – “é onde nos agarram enquanto nos vão ao cu” – diz o Carlitos. Pilas pequenas mas erectas. Cheiro a chulé. Maxilar de baixo saído. Colchões de palha em camas de molas que rangem. O miúdo mais pequeno a rodar todos na mesma noite. O cozinheiro bom amigo. O miúdo que até podia ser um génio se não levasse com mais quilómetros de chouriço que qualquer charcutaria. Os Invernos e a chuva. Duches frios com o sacristão a masturbar-se por trás do buraquinho na parede. Rectos com pontos. Esperma seco em toda a parte. O chão a colar aos pés. Isto são os internatos/orfanatos do nosso imaginário.

Felizmente este filme não tem nada disso. Foi uma surpresa. Todos parecem pedófilos. Todos os miúdos parecem abusados durante vários anos. O colégio parece cheirar a esperma seco nas paredes, nos lençóis, nos colchões, nas camisolas de malha coçadas nos ombros e rotas nas costas, perto dos ombros.
Logo no início, dois velhos encontram-se e partilham memórias do passado. Colectadas por uma personagem que pensei logo ser o miúdo que se suicidaria por algum motivo. Ou então seria empurrado da torre mais alta, porque sabia de mais (de saber ou de sabor) e chegaria ao chão feito em farelos. Seria preciso uma espátula ou várias tiras de fita adesiva para arrancar os bocadinhos mais pegajosos do chão. Depois alguém, em voz off, diria que “a marca ainda lá está, para nos lembrar blá blá blá” – filme da tanga. Afinal não. Era o peão.
Para quem não sabe qual é a função de um peão… bom, eu também não sei. Afinal há coisas que nem eu sei.
O peão é um tipo gordo e careca. Fofo. Desprezado pelas mulheres (tipo eu, mas em gordo e careca e sem metade da minha postura tuberculosa). Daqueles moles que, no típico filme americano, acha que vai conseguir ajudar os miúdos a serem alguém nada vida e não só falha mas acaba sem gaja e num T0 a coçar os testículos que entretanto descaíram e aumentaram devido ao cancro que lhe atacou o esquerdo de tanto bater com eles no chão.
Este consegue. Afinal os franceses são mais que um bando de parasitas que cheiram a sovaco misturado com perfume e usam camisolas às riscas suadas debaixo dos braços onde seguram a baguete que hão-de (hádem) comer ao almoço.
Tudo acontece quando os rapazinhos (:|) que lhe roubam a pasta e depois encontram folhas de música. Pautas. Vem de pau - mais um indício de paneleirices. E ele se ajoelha para as apanhar – indício de mamada. E outra vez nada.
Aqui comecei a pensar: “queres ver que este filme não tem “coisas” e é só mesmo um filme sobre um orfanato e um coro de miúdos que conseguiu manter a anilha fechada pelo menos até aos exames à próstata dos 50 anos para cima?”.
O peão decide formar um coro com os miúdos. Consegue mesmo pô-los a cantar. E um deles é a estrela. Ainda tem a voz não queimada pelo esperma que poderia ter ingerido caso fosse um dos internatos da nossa imaginação.
Entretanto aparece a mãe desse chaval. Claro que o peão, como não deve mandar uma queca há mais tempo que eu, tenta logo saltar-lhe à espinha. Mas ela é esperta e arranja mas é um engenheiro. Entretanto aparece o mau. Um miúdo que fuma e tem mais barba que eu. Como é mau acabam por levá-lo para um sítio com maus ainda mais maus (e não piores, porque antes de um adjectivo usa-se sempre “mais” – especialmente quando se fala de mim - ou “menos” – quando se fala de vocês. Sim, tu que estás a ler isto ó) porque pensavam que ele tinha feito para lá umas coisas. Bom mas depois isso vocês logo vêem.
No fim cantam todos para a gaja que dá lá a guita para aquilo se manter. Depois arde tudo. Depois coiso e tal e no fim acaba tudo bem. Mesmo à conto. Simples como o café sem açúcar. Como o whisky sem gelo. Como as cuecas sem risca castanha atrás.



Os coristas - :D

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

1 comentário:

ni disse...

Eu queria ver esse filme... e o "Vera Drake" e o "Mar adentro"... mas preciso de baby sitter para a cachopa...
;o)
beijinhos e abraços