quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

o amor é fodido

Um dia hei-de pisar uma miúda de leste no metro só para ela me dizer qualquer coisa em russo ou ucraniano e eu lhe poder responder, apontando para os tomates: "o que tu querias era brincar aqui com 'Os Irmãos Karamazov'".

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

warraw

E quando a senhora da farmácia me trouxe 7 caixas de preservativos e me perguntou quais queria, tive de lhe responder: "uns que me façam parecer competente".

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

noites brancas

Uma miúda na Fnac tenta-me impingir um dvd do Noddy com a frase: "O senhor tem filhos?". E eu: "não, mas tenho 15 minutos".

happy festivus

Um dos meus maiores medos é, um dia, o metro travar a fundo e o homem do coto, que pede na linha verde, vir desequilibrado direito a mim e bater-me com o coto algures perto da boca.

domingo, 23 de dezembro de 2007

novus magnificat

Apaguei o cigarro no cinzeiro de mármore em cima da secretária e esperei que falasse. “Sam” - disse ela - “ouvi dizer que és o melhor no negócio”. Não me chamava Sam mas ela era demasiado boa para me chamar o que quisesse. “Sabes, Jess” - disse eu - “um homem tem o seu preço”. Ela não se chamava Jessica mas eu também não fumava. “Oh Sam, essa frase não tem nada a ver” - respondeu ela, escondendo a cara no lenço branco. Levantei-me em direcção à porta, que lhe abri, e disse que ia pensar no caso. Pensava sempre no caso.
Acontecia sempre assim. Uma mulher abandonada, um marido enganado. E sobrava sempre para mim. Encostei-me para trás e acendi outro cigarro que não fumei, até porque não podia fumar no local de trabalho. Deixei-o apenas a queimar no cinzeiro porque os gabinetes dos detectives da televisão têm sempre fumo. Abri o jornal e ainda se falava do meu último caso. O Dr. Mitchell. Assassinado na sua mansão na rua 13. Eu disse logo: “foi o mordomo”. Alguém me perguntou como sabia. “A culpa é sempre do mordomo” - respondi eu. Além disso era o único com a camisa cheia de sangue e a faca de carne ainda na mão. Estava apaixonado pela governanta e a única coisa que os separava era a fortuna do Dr. Mitchell.
O telefone tocou de seguida. Tinha acontecido. Peguei na gabardine e no chapéu cor de nódoa. O táxi já me esperava, como se soubesse. Não é bem assim. Fui eu que o pus lá, para encurtar o parágrafo. “É para o cruzamento da 36 com a 9, Tony” - disse eu. Ele não se chamava Tony, mas eu estava demasiado bem vestido e podia-lhe chamar o que quisesse, até Pedro, o mexicano. Respondeu: “Certo, amigo. Mas quer ir pelos túneis ou vamos ali pelo Campo Pequeno?”. Não lhe respondi porque no parágrafo a seguir já lá cheguei.
O carro do tenente já lá estava. Como se soubesse. Como se soubesse sempre. Eles tentaram tirar-me tudo. Mas aqui com o velho Joe ninguém brinca. Na sala um corpo pendurado do tecto por uma corda à volta do pescoço dizia suicídio. Dizia mesmo. Por isso alguém teve de a calar. “Que acha que aconteceu, Bob?” - perguntaram-me. Não me chamava Bob mas apostei em suicídio por enforcamento. Até porque era o que dizia na nota deixada em cima da mesa de café, dizia mesmo. Até a escrevaninha quis dizer qualquer coisa mas calámo-la com um machado. Amanhã seria notícia de novo. “Detective resolve novo caso”. Teria direito a fotografia e até entrevista.
Quando voltei ao gabinete já ela lá estava. Tinha-o feito e eu sabia-o. Correu para mim a chorar e disse “oh, Sam”. Agarrei-a e deixei que chorasse no meu impermeável, mandá-lo-ia limpar a seco, se necessário. Depois não tive alternativa se não meter-lhe as algemas. Aproveitei que estava de algemas e comi-a por trás como ela gostava. No fim, vim-me nas costas dela e barrei-a com a faca da manteiga. Deixei secar até fazer crosta e chamei a polícia. Espero que apodreça na prisão.

awful nice

Ele: "Eu quando bato mais é quando tenho foda".
Eu: "Meu, isso é como comprares um jogo novo e continuares a jogar a demo".

como quase levar na cara numa disco no cais do sodré

"Dança para o pai".

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

xo

Ele: "Meu, queres ir fazer alguma coisa?"
Eu: "Meu, não posso. Estou com GEA".
Ele: "GEA, meu?"
Eu: "Sim, meu, gastroenterite aguda".
Ele: "Meu, é a primeira vez que tens uma cena dessas com sigla".
Eu: "Sim, e a primeira vez que posso pintar um quadro sem usar pincel".

se pda fosse pé-de-atleta...

Ela: "Isso deve ser GEA".
Eu: "O que é GEA?"
Ela: "Gastroenterite aguda"
Eu: "Wow. É a primeira vez que tenho uma cena dessas com sigla".

livro do desassossego

Hoje, sentou-se uma miúda à minha frente no metro a ler um livro e fechou-o para se assoar, voltando a capa para mim. Eu disse-lhe: "Fui eu que inventei essa cena de fingir que preciso de me assoar para mostrar a capa dos livros que leio às gajas boas que se sentam à minha frente".

three snakes and one charm

Fiquei preso no elevador, às escuras, com a gaja boa aqui do prédio e não resisti a dizer-lhe: "Não te incomoda que eu possa ter a pila de fora e não saberes de nada?"

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

check please #43534536634

Ela: "E o que te preocupa, assim em geral? O aquecimento global? A corrida às armas nucleares? A fome em África?"
Eu: "A única coisa que realmente me preocupa é ficar sem bateria num sábado à noite".

the southern harmony and musical companion

Ela: "A barba dá-te um ar mais velho mas fica-te bem".
Eu: "Tenho de admitir que há muito pouca coisa que não me fica bem".

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

electronics for dummies

Hoje, ao almoço, enquanto falávamos de electrónica, passou uma notícia sobre um acidente de viação em que um tipo ficou dividido ao meio. Olharam para mim em choque quando comentei:
"Vêem? Aquilo é que é um semicondutor".

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

wonderland

Ele: "Vais ver Charlatans?"
Eu: "Estava a pensar em ir, sim. Onde é?"
Ele: "Aula Magna".
Eu: "Por uma questão de coerência, não deveria ser no Dragão?"

solar fields

Ela: "É verdade que todos os homens dão um nome ao seu mangalho?"
Eu: "Sim".
Ela: "Que nome deste ao teu?"
Eu: "Gatsby".

domingo, 9 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

something wicked this way comes

Ele: "Então e a música estava boa?"
Eu: "Sim, apesar de ter dado Fufaiters".
Ele: "Fufaiters?"
Eu: "Sim, Foo Fighters no Purex".

insensatez

Um tipo pediu-me dinheiro no Metro dizendo: "Tenho fome e frio. Nem sinto os pés e as mãos". Eu respondi-lhe com a razão: "ó amigo, se não sentes as mãos quem me garante que chegas com o dinheiro ao café mais próximo?"

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

sic transit gloria mundi

O problema do mundo é que não há gajas boas para toda a gente.

wikipedia is never wrong

The Piano Sonata No. 14 in C-sharp minor "Quasi una fantasia", Op. 27, No. 2, by Ludwig van Beethoven, is popularly known as the "Moonlight" Sonata.

Quem diria que o Beethoven sabia programar. E logo em .NET.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

o idiota

Eu: "Meu, hoje um tipo com uma faca tentou assaltar-me".
Ele: "E tu?"
Eu: "Meu, servi-me do que tinha".
Ele: "E ele?"
Eu: "Meu, já levaste com um livro de seiscentas páginas na cara?

terça-feira, 27 de novembro de 2007

bennie

Os tipos que vendem castanhas, além de vender castanhas deviam alugar o fumo para se cheirar.

i loves you porgy

Hoje houve um pico de "grandebloggerismo" na Avenida de Roma às 16:30, quando me cruzei com o Pacheco Pereira.

who cares

Eu: "'tou? Sim. Olá. Sou eu. Onde estás?"
Ela: "A lanchar na pastelaria Fabrico Próprio".

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

this monkey's gone to heaven

ele diz:
meu, já comeste alguma gaja que estivesse em quimioterapia?
eu diz:
ja comi uma gaja em coma
eu diz:
mas os pintelhos tb caem?
ele diz:
a cena é que ela agora n me larga
eu diz:
diz-lhe que queres uma relação com futuro
eu diz:
que nao é o caso dela

sábado, 24 de novembro de 2007

clash

Cruzei-me com o Lobo Antunes e disse-lhe: "Que tal um autógrafo do melhor escritor para o melhor blogger de Portugal?". Ou não percebeu ou não se julga o melhor escritor de Portugal.

this is the way, step inside

Pior que uma gaja fácil é uma gaja que põe o "Atrocity exhibition" a tocar e, no refrão, aponta "lá para baixo".

passover

Ele: "Tens um date hoje?"
Eu: "Como sabes?"
Ele: "Nunca te vi cortar as unhas dos pés a um sábado".

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

post secret #2

Às vezes, no trabalho, abro a água do lavatório só para fingir que lavei as mãos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

in the cold november rain

Ele: "Qual dos phones é que disseste que funcionava? O esquerdo ou o direito?"
Eu: "O que tem cera".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

settling the score

Grrnhold (deve ler-se Carlos Miguel) coçou quatro dos dezassete testículos por cima da bolsa testicular em caxemira (o tecido, não aquela cena entre a Índia e o Paquistão), de corte italiano, enquanto olhava pela janela do palácio de onde governava a Galáxia. Tinha deixado a sua nave em segunda fila porque desde que o Universo estava em contracção que era impossível arranjar um bom lugar para se estacionar sem que a EGEL (Empresa Galáctica de Estacionamento da L341) viesse logo com aqueles bloqueadores e com aquela conversa “ó amigo, então acha que isso está bem estacionado? Ainda ontem esteve aqui uma senhora que dizia que depois não conseguia passar com o carrinho do supermercado”. A nova lei que queria impor, era o abate automático de quem tivesse mais de 50 anos e fosse ao café ocupar uma mesa por mais de 10 minutos com um galão e uma sandes de manteiga. Se a sandes tocasse, durante este processo, no galão, o abate seria no local e não nuns armazéns novos que estava a construir ali na parte de trás da serração do cunhado que era muito jeitoso com tudo o que metesse tijolos e cimento. Grrnhold tinha sido eleito depois do Grande Vazio. O Grande Vazio foi um período em que não aconteceu nada. “Isto vai-se andando” - dizia-se. Antes do Grande Vazio tinha havido o Grande Cheio. E no intermédio comeu-se uma sopa de feijão com pãozinho torrado. Na verdade, ninguém sabia muito bem o que chamar a esses períodos. Por isso o autor, decidiu dar-lhe o nome do seu coração. O Grande Vazio.
João Onório acabava de dobrar as meias e separá-las por cores e material de fabrico. As de algodão com bonecos ficavam na primeira gaveta, as de lã iam para a segunda, ao pé das cuecas e dos três boxers, dois oferecidos no Natal e um que “o teu pai já não usa e bem que podias ficar com eles, porque sempre de cuecas pareces o Al Pacino no (por mais que tente não me consigo lembrar do nome do filme)”. A terceira tinha os pijamas de Verão, a quarta os de flanela e a quinta a roupa que “já não usas mas o melhor é não dar porque nunca se sabe o dia de amanhã”. A colecção Outono/Inverno do Carrefour acabara de sair e João mal conseguia conter a ânsia de ir gastar o subsídio de férias poupado com a semana passada no avançado da família da mulher no parque de campismo da Costa de Caparica. João era funcionário numa companhia que vendia lagostins aos espanhóis. As suas calças de sarja de ganga, já muito lavadas, combinavam sempre com uma das três cores das riscas das camisas que usava. Duas canetas perfeitamente alinhadas saíam do bolso da camisa. Uma era só a tampa, mas como nunca a tirava, ninguém percebia. Tinha pouco que fazer no dia-a-dia e, como queria impressionar muito os colegas, fartava-se de sublinhar números totalmente irrelevantes em folhas de papel fornecidas em caderninhos de espiral pela Dona Rosário, do secretariado. Várias vezes. Outras até punha rectangulozinhos ou tudo dentro duma circunferência. Números que fingiam ser debitados por um computador que nada fazia, além de consumir processador e fazer vrrrr nas ventoínhas. João abria o editor de texto e escrevia instruções em inglês macarrónico e números ainda mais irrelevantes do que os que escrevia no papel. Fazia “Enter” muitas vezes, algumas delas seguidas e dizia “hmm hmm” enquanto abanava a cabeça “que sim”. Que tudo estava bem. Que aqueles números tinham tido o efeito que queria. Ao longe, parecia algo complicadíssimo. Uma tese sobre a conjectura de Poincaré. Disseram-lhe que “estava ali por causa do subsídio” e que “iria receber números com contas e processos para fazer relatórios” para “parecer ocupado” caso “eles venham aí”. No fim bastava enviá-los por mail para o administrador. Em letra vermelha. Que era para ele saber que eram os “números secretos” que permitiam à empresa funcionar. Com o tempo, começou realmente a acreditar que o que fazia era importante. Descobriu padrões. Imprimia folhas e dizia “pois, choveu muito” ou “isto aqui não é se não brewebkwrrwrew”. Terminando as frases com algo imperceptível. Por duas razões. Primeiro, porque nunca sabia do que falava. Segundo, porque, mesmo que soubesse, não tinha nada para dizer sobre o que fazia.
Grrnhold, que também estava no negócio do marisco, há muito que queria comprar a Mariscona, a empresa onde trabalhava João Onório. Para isso, enviou o seu filho mais velho que ainda não tinha nome. Podia ser por eu estar sem imaginação por lhe inventar um nome que pareça fixe e assim duma galáxia distante ou dizer que, na L341 (o número de série da galáxia, segundo o Grande Criador, interpretado no biopic por Cheech Marin), só se tinha nome a partir dos 200 séculos e 3 segundos de vida. O filho sem nome chegou à Mariscona como toda a gente. Com o dedo. Ahah. Isto fui eu que não resisti. Volto já a continuar. Não no plural como dizem os tipos que têm a mania que escrevem sobre discos e filmes e o Pedro Mexia, o Gabriel Alves e o João Bonifácio. Como estava a dizer, chegou à Mariscona no início de Junho. O objectivo era perceber como se podia comprar aquilo tudo pelo preço mais baixo, lançando boatos. Do género “a filha do chefe é fufa”. E depois fazer um tubo daqueles de viajar, como a Jodie Foster no Contacto (que foi a primeira vez que esteve dentro de alguma coisa com uma forma tubular sem um strap-on) e mandar para lá todo o marisco a preço de saldo. Como em todas as histórias em que uma pessoa (embora o filho sem nome de Grrnhold não fosse uma pessoa mas tivesse a forma duma porque me dá imenso jeito e não dá quase nada nas vistas quando se quer juntar pessoas de galáxias diferentes mantendo alguma coerência narrativa) muda de planeta, ganha sempre assim poderes. Como ter muita força ou estar numa cadeira de rodas e respirar por um tubo. O filho sem nome de Grrnhold (porque me dá jeito e, normalmente, só consigo ficar satisfeito e postar isto quando ultrapasso as duas páginas A4 e assim vou ocupando mais espaço) treinou durante quase 2 semanas. Só às sextas, porque depois “mete-se o feriado e a senhora sabe como é”. Fez quatro abdominais e uma elevação. Estava preparado. Foi metido na “cápsula de viajar para bué de longe” que parecia assim um autocarro daqueles novos da Carris mas sem o motorista bebâdo e as pessoas a dizerem “são uns selvagens. Vêm para cá e pensam que fazem o que querem. Como começar um mini-Irão, ou espalhar alguma doença e falam de maneiras tão estranhas, que é tudo grego para mim”. Tudo corria conforme o planeado. O marisco ia começar a entrar em finais de Outubro.
João Onório saiu de casa. Apanhou a camioneta e disse “bom dia, senhor motorista”. Este não lhe ligou. (Faço aqui um parêntesis, dois se se contar com o primeiro, para dizer que esta cena de se dizer “este” em vez de repetir o sujeito, fui eu que inventei por volta do 7º ano, quando a Almôndega, essa vaca que espero que tenha morrido de cancro do cu, nos dava Português). Sentou-se e abriu o último livro do Paulo Coelho, o seu escritor favorito empatado com o José Rodrigues dos Santos. A viagem correu sem incidentes. João estava excitadíssimo por ir conhecer o seu novo companheiro de trabalho.
João Onório sentou-se ao lado de D. e disse “olá, amigalhaço. Então que fizestes no fim-de-semana? O comer estava bom? Dissestes que gostavas de Merlin Meisson? A minha banda favorita são os Trovante, mas prefiro o trabalho do Luís Represas a solo”. No Pentium 3 que registava os sinais vitais do filho mais velho de Grrnhold (o tal que não tinha nome) viu-se um pico. Um impulso de adrenalina. Tinha sido preparado para tudo. Mas seria este o ser que vinhas nas Escrituras? O super-herói que salvaria o marisco da Humanidade? O homem-desgaste? O gajo da informática disse “isso é mazé vírus”. E vai daí instalou-se logo um anti-vírus e esperou-se para ver o que dava. O homem-desgaste continuou o seu trabalho de corrosão. Por dentro, sem nada o parar. “Então e aquele Fernando Mendes? Levado da breca, o gordo, hã? Rio-me a bandeiras despregadas quando o vejo. Mas quem eu gostava de ver trabalhar era aquele Nicolau Breyner. Faziam cá uma parelha”. O filho mais velho de Grrnhold (o que não tinha nome e que me permite ir enchendo mais e mais isto sem ter de me lembrar assim de mais coisas para fazer a história andar para a frente e talvez deitar-me antes da meia-noite) tinha conhecimento de uma coisa inventada pelos comunistas para se dedicarem ao ócio, como é muito do seu agrado, a baixa. Meteu baixa e arranjou um portátil e um telefone para trabalhar à distância. Mas o mal estava feito. João Onório enviava-lhe mails com apresentações em Power Point com mensagens do Buda e de Cristo e sobre aquela senhora que ia nos semáforos do Campo Grande e tinha aparecido um miúdo que lhe tinha começado a limpar os vidros e que depois lhe espetou uma seringa no ouvido e lhe meteu um pó na bebida e o cartão numa caixa Multibanco daquelas que depois não se telefona logo a cancelar e se fica sem o dinheiro todo. O filho mais velho de Grrnhold (o que ainda não tinha nome porque só se dava nome a partir dos dois séculos e três segundos de vida) sentiu um aperto. A respiração tornou-se irregular. Dois cabelos ficaram brancos de repente. Marcou o código de emergência. Que era igual ao número de Retális mas com um zero antes. A cápsula foi rapidamente enviada de volta para a L341. Mas chegaria já sem vida. O funeral foi simples e nem haveria salgados, ao contrário do Sebastião.
João Onório continuava a apanhar o 721, como fazia todas as manhãs. Ninguém sabia o que tinha acontecido a D., como era conhecido o filho mais velho de Grrnhold. João só pensava “era mesmo bom rapaz, um pouco calado, talvez”. João acabaria por ser promovido. Já tinha direito a um rato para fazer cliques e a uma cadeira com rodinhas. Diziam-lhe que “eles lá em cima estão contentes com o teu trabalho”. Sorriu para dentro e escreveu no novo processador de texto: “sou feliz”.

dance, dance, dance to the radio

Control – Control


Gostava mesmo de ter daquelas doenças que fazem um gajo ter ataques ou ser demente ou viver em realidades alternativas e ter a mania da perseguição ou que treme sempre uma mão e um gajo depois tem flashes daqueles que parece que se está a ver o futuro. Só cenas que metam fraldas é que não. Já me chega ter de trocar o pijama de vez em quando, porque perdi algum controlo “lá em baixo”. A minha avó bem dizia, quando eu dava 12 peidos de seguida, “qualquer dia ainda tens um relaxamento nos intestinos”. O que quer que isso signifique.
As gajas boas caem sempre por tipos assim. A cena é que isso um gajo não escolhe. Já vem de série. É como o ar condicionado, as jantes de liga leve, o leitor de cds ou ter os olhos verdes. Um gajo nasce com os olhos castanhos e terá os olhos castanhos até ao fim da vida. E depois tem de ter conversa e falar de livros e mai' não sei o quê. E isso de ter ataques em sítios públicos é como ser extrovertido. “Meu, ele na sexta teve um ataque tão fixe. Pensávamos que era a festa da espuma” (o que até pode dar jeito se se for fazer a barba a seguir) e depois as gajas vêm e metem-nos sempre a cabeça no colo delas, mas só a seguir a limpar os cantos da boca, porque “essa merda não sai da minha saia nova de seda”. Mas para isso também é preciso ser-se famoso. Eu quando tinha ataques de caspa (o Sacana dizia que caspa e seborreia não eram a mesma coisa. E ele era suficientemente sacana para ler livros que dissessem isso. “O Marcos tem é seborreia” - dizia ele) no 8º ano, ninguém me vinha dizer “ina man, és tão fixe”. Muito menos a M., que era a gaja boa da turma e que não me ligava pevide e que, quando escarrávamos da janela da nossa sala, me olhava com aquele asco tão comum nas gajas boas que olham na direcção dos gajos que gostam de escarrar das janelas para cima dos miúdos mais novos. Também escarrávamos para cima dos mais velhos, mas só porque éramos todos muito bons a correr. Menos o Cão. Que era o desgraçado que levava sempre na cara. E quando não era apanhado, a gente chibava-se que tinha sido ele.
“Já me contaram que ele morre no fim” - disse eu num jantar, no sábado de noite. E depois “o filme é a cores, Manchester é que era a preto e branco, back then”. Ninguém percebeu. Ainda tentei dizer “meus, é sobre o tipo dos Joy Division” mas entretanto já se falava do golo do Hugo Almeida e já ninguém ligou. Quem diria que, um dia, se iria escrever “Hugo Almeida” e “golo” na mesma frase. Ao contrário de “Carlos Xistra” e “Futebol Clube do Porto”. É uma coincidência do caralho o número de vezes que este gajo arbitra os jogos do Porto.

Como qualquer bom filme sobre qualquer tipo de qualquer banda, começa sempre por se ver um bairro com as casas todas iguais numa terreola qualquer fria nos arredores de uma cidade mais ou menos mas que tresanda a industrial. Depois um tipo com um cigarro e um concerto daqueles das pessoas que faziam concertos naquela altura. O Bowie, o Lou Reed, os Sex Pistols ou o Quarteto 1111. Quando eu comprava o Independente, vinha uma vez um questionário de escolha múltipla sobre não sei o quê de um broche a não sei quem de uma determinada banda. Eu não percebia nada de música e uma das hipóteses era o Jim Morrison, dos Doors e a outra era o José Cid do Quarteto 1111. A terceira hipótese era uma coisa qualquer sobre uma banda irrelevante tipo os Pink Floyd (lá vão os metaleiros chatear-me a cabeça: “iió man, os Pink Floyd são a maior banda de sempre” - dizem eles e depois fazem aquele X com os braços como o Mendes (:D) fazia quando dava Xutos na Juke). A cena é que, apesar de saber a resposta, não me saiu mais da cabeça a ideia de ter havido uma cena tão do rock em Portugal que até o José Cid levava broches assim a meio dos concertos. Eu cá bem que tento ir àqueles concertos a meio da semana onde só vão os amigos da banda a ver se me calha qualquer coisa. Mas nada. E depois é só tipos dos pentes que ficam lixados quando um gajo olha vagamente assim na direcção dos decotes das miúdas que andam com eles. E “old hags” daquelas que já ninguém pega, porque já têm 27 anos e vão ficar para tias ou amantes.
Depois é a cena “ah e não sei o quê, vocês não precisam dum vocalista?” e depois há umas partes com poesia em que eu, como homem viril que sou, disse logo em voz alta “olha-me só este ganda paneleiro, vê-se mesmo que gosta é de alheira”. E depois há umas músicas e miúdas daquelas fáceis que vão aos concertos e chinesas e a Samantha Morton a chorar (será que ela faz outro papel?) e cigarros e depois o gajo mata-se na cena de estender a roupa. O que me lixou é que os ataques que ele tinham eram daqueles mesmo fixes. Que nem metiam nojo nem nada, nem o faziam parecer atrasado mental. Um gajo olhava e só pensava “how cool is that?”. Mas isto é um desvio estatístico apenas. Porque, na realidade, só as gajas feias e gordas e com as mamas pelos joelhos é que têm epilepsia. Isto porque o peso das mamas puxa-lhes as terminações nervosas que ligam os mamilos ao cérebro e dpeois aquilo entra tudo em curto-circuito.
Eu cá, se/quando morrer (e espero nunca ser velho e ficar com a pele dos braços a escorrer, pendurada tipo fatia de fiambre acabada de sair da fiambreira) nunca hão-de fazer um filme sobre mim. Até porque para isso bastava filmar um portátil ligado 24 horas por dia com um rolo de papel ao lado e o Firefox a iniciar-se logo com o computador com o redtube como página inicial e uma cena qualquer para pôr logo os vídeos novos a correr. A propósito, evitem ir lá muito entre as 22 e as 24 para não me darem cabo do streaming. Mas aos gajos fixes dos ataques já fazem. “Uhh, sou tão fixe porque tenho ataques”, “uuh, a minha espuma é mais consistente que a tua”, “uuh, os meus ataques são tão melhores que os teus”. Só porque fez umas tantas músicas de jeito.
Mas eu continuo a dizer, o “transmission” é uma das 5 melhores músicas de sempre. Apesar de não saber quais são as outras quatro.

PS: a propósito, Pina, lá por não teres talento não quer dizer que possas vir aqui copiar descaradamente. E se o fizeres, tenta não ser demasiado óbvio. É que eu também oiço a Radar, mas como é pela net, custa-me um bocado mudar para a Oxigénio ou para a Marginal só porque falas durante três minutos.


Control - :D

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

sábado, 17 de novembro de 2007

check please #45645

sleepwalking through the mekong diz:
anotei uma mensagem
sleepwalking through the mekong diz:
"casaco galinha"
sleepwalking through the mekong diz:
e nao sei o que significa
sleepwalking through the mekong diz:
a cena é que
sleepwalking through the mekong diz:
qd anoto
sleepwalking through the mekong diz:
it makes perfect sense
If you got the money honey, We got your disease diz:
HAHAHAHA
If you got the money honey, We got your disease diz:
EU SEI
sleepwalking through the mekong diz:
acho que metia mesmo uma galinha
If you got the money honey, We got your disease diz:
HAHAHAHAHA
If you got the money honey, We got your disease diz:
já viste no bolso do casaco
If you got the money honey, We got your disease diz:
se n tens lá nenhuma galinha?
sleepwalking through the mekong diz:
AH
sleepwalking through the mekong diz:
ja me lembro
If you got the money honey, We got your disease diz:
então?
sleepwalking through the mekong diz:
era por uma gaja me ter passado por cima do casaco
sleepwalking through the mekong diz:
e eu lembrei-me de lhe dizer
sleepwalking through the mekong diz:
"fazes isso outra vez e corto-te o pescoço como a uma galinha"
If you got the money honey, We got your disease diz:
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
If you got the money honey, We got your disease diz:
ainda te admiras porque n engatas?

check please #3532

Ela: "Gostei mesmo do dia de hoje".
Eu: "Sim, eu também. Foi o melhor dia que tive no último ano".
*silêncio*
Eu: "Bom, tirando o dia em que o Tello marcou aquele livre directo ao Porto".

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

love is in the air

sleepwalking through the mekong diz:
sinto que vou foder
sleepwalking through the mekong diz:
sabes qd um gajo sente?
jack diz:
sim
sleepwalking through the mekong diz:
é hoje
jack diz:
mas tb sei que nas mais das vezes
jack diz:
não dá em nada sentir
sleepwalking through the mekong diz:
amanhã deixo-te cheirar-me o polegar

in pursuit of happiness

Espero que um dia a Inês Meneses me convide a ir ao "Fala com ela". Embora eu não tenha nada de especial para dizer.

eighteen seconds before sunrise

Detesto a maneira como o António Sérgio diz "Sigur Rós".

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

porque compensa ter-me no messenger

sleepwalking through the mekong diz:
mas posso-te mostrar o rabo na cam
sleepwalking through the mekong diz:
abro bem o olho
sleepwalking through the mekong diz:
e tu fazes "licky licky" ao monitor
sleepwalking through the mekong diz:
que te parece?

i think i'm going blind

Passo sempre pelos cegos em passo acelerado para não ter de os ajudar a fazer aquelas coisas dos cegos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

this charming man

sleepwalking through the mekong diz:
do nada é eu estar encostado à paragem do autocarro e uma gaja que passe começar a fazer-me um brioche
sleepwalking through the mekong diz:
um broche
sleepwalking through the mekong diz:
um brioche é outra coisa
sleepwalking through the mekong diz:
e espero que nunca mo façam

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

this is not a love song

Toda a gente tem o seu preço. O meu são gajas de mamas grandes.

um gajo que marca dois golos é um goleador

Benfica: Cardozo pára por pelo menos duas semanas
Oscar Cardozo, o goleador paraguaio do Benfica, vai ficar afastado dos relvados de futebol pelo menos duas semanas, tendo já sido desconvocado para os próximos jogo da sua selecção, contra o Equador e Chile.

born to please

Ela: "Então estás a deixar crescer a barba?"
Eu: "Sim. As gajas não resistem a um tipo com barba".
Ela: "Eu resisto-te".
Eu: "Mas tu és feia, so i don't give a shit".

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

soulseek still rules

[homem_estupendo] unban me please
[homem_estupendo] it was my brother
(20:50) [Dollorosa] u call me bitch and promise me cancer .......
(20:50) [Dollorosa] yesterday...
[homem_estupendo] i wasn't me
(20:50) [Dollorosa] lol
(20:50) [Dollorosa] U r comedian man .....
[homem_estupendo] but i think you'd better eat some vegetables
[homem_estupendo] it was my twin evil brother
[homem_estupendo] Mongo

capitão romance

Há coisas do caralho. Normalmente, nem me dou a liberdade de me peidar na rua, mas estava deserta e arrisquei. Nisto aparece, não sei de onde (do chão, talvez), a gaja mais boa de sempre. Dirige-se a mim mesmo quando o cheiro "kicked in".
"Onde é a rua C.?" - disse ela.
"Há coisas do caralho - disse eu - as gajas fogem de mim como os pretos do trabalho e no único dia de sempre que me peido na rua é que uma gaja tão boa vem falar comigo".
Riu-se e convidou-me para jantar no sábado.

job interview

"E o que faz nos tempos livres?"
"Fico em frente ao espelho a apreciar a minha pele de bebé".

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

double feature

Ela: "Como consegues criar isso tudo?"
Eu: "O génio brota de mim como um esguicho de merda depois dum clister".

stop! get away from the cookie jar

ela:
se fores às *** espreita na ***, posso estar lá
eu:
ah
eu:
ok
eu:
têm o conde de montecristo?
ela:
ahaha
ela:
tenho de ver no nosso programa, n sei de cor todos os stocks
eu:
vou ler esse a seguir
ela:
andas nos clássicos?
eu:
ando-me a armar

waterfront the sinking road

Ele: "Deves gostar mesmo dela".
Eu: "Porque dizes isso?"
Ele: "Nunca te vi aparar os pintelhos por ninguém".

pc

eu:
felácio existe?
eu:
bom
eu:
aqui deste lado nao existe de certeza
ela:
n sei, acho que sim
ela:
parece que não
eu:
no priberam nao existe
ela:
pelo menos no priberam
eu:
pois
ela:
mas bobó está no houaiss
ela:
n é o primeiro significado, mas está lá
eu:
e antes disso esteve no boavista
ela:
e n perguntes como sei
ela:
era um preto, né?
eu:
um fulano de cor, sim

anúncio

Faço sites. Dou preferência a gajas boas com casa e carro próprios. Email ali -->

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

screw you guys, i'm going hooome

E o Polga voltou a ter zero golos marcados pelo Sporting.

blue tears

Eu: "Meu, arranjei um atestado médico que me permite sair do trabalho mais cedo, por sofrer de masturbação compulsiva".
Ele: ":O. Isso é tão do rock".

a light so dim

Quando me estão a fazer baínhas fico com uma vontade incontrolável de lhes mandar um peido na cara.

domingo, 4 de novembro de 2007

os almoços do meu contentamento

"Meu, em vez dessa alheira com batatas fritas e ovo acho que mais valia pedires que te dessem logo uma injecção de coágulo, no cérebro".

join me

Só os pretos é que nunca são o novo preto.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

"eu gosto é no cu"

Era tão puta, tão puta, mas tão puta que comprava Ben-u-ron em forma de bolinhas chinesas.

ando à procura de quarto e tive esta troca de mails com uma rapariga

boa tarde,

ainda tem o apartamento para partilhar?

andré

---------------

Sim tenho mas o quarto está a alugar apenas para raparigas.

---------------

eu tenho uma pila tão pequenina que passo por rapariga. além disso sou lavado.

...

Não me respondeu mais.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

god damn bitches

Aposto que todas as mulheres do mundo têm acordos com os fabricantes de Lexotan e afins.

pushing up the ante



No metro, os homens olham-me e dizem que sim com a cabeça, em aprovação "Keith-style" e as mulheres fazem aquele ar de "podes ir lá a casa e foder a minha filha".

breathe

"A única vantagem de teres mau hálito é que me abres os poros" - disse-lhe eu com amor, num sábado à noite.

e olharam-me como demente, sempre ao almoço...

"A cena é que ainda calças os sapatos mas nunca sapatas as calças".

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

zero the hero

. diz:
foda-se
If you got the money honey, We got your disease diz:
what?
. diz:
agora ia-me assoando ao lenço onde me esporrei

domingo, 28 de outubro de 2007

secrets of the beehive

Quando um gajo é pequeno e se chama Carlos, não se safa de vir a ser Carlitos para a vida. Mesmo com 40 um tipo ainda é o Carlitos. Quando se tem dois amigos chamados Carlos é preciso arranjar outra solução. Como na selecção do Brasil, que os Ronaldos vão crescendo. Passam de Ronaldinho a Ronaldo e de Ronaldo a Ronaldão, sempre que aparece mais uma estrela chamada Ronaldo. Claro que o Universo não permite que haja mais de 3 Ronaldos a jogar bem futebol ao mesmo tempo. Quem resolveu o problema foi o Quim Zé. “E se a malta chamasse a um Carlitos e a outro Carlinhos?”. No início, ainda se geraram alguns enganos. “O Carlitos? Qual deles? O do Algarve ou o de Santo Amaro de Oeiras?”. “Se eu quisesse dizer o Carlinhos, teria dito o Carlinhos e não o Carlitos”. Depois a minha avó disse: “ele já tem quase 18, já não lhe deviam chamar Carlitos”. Mas a minha avó dizia mesmo muitas coisas. Desde “eu quero lá pretos a viver lá em casa” e onde estava o O em “small” e que “no meu tempo os gatos comiam espinhas e os cães ossos. Agora até há comida de lata. Se fosse eu que mandasse dava essa comida aos pobres que eles ao menos iam gostar”. Um pobre, por definição, não pode comer um peixinho fresco. Um bife muito menos. Só massas, farinha e coisas de lata, em especial se forem para cães e gatos. Era o que faltava os pobres comerem o mesmo que nós. Qualquer dia até os pretos andam de táxi. Como me dizia, na quarta-feira, o taxista mais fascista de sempre depois de eu ter dito “ah, isso dos preços dos táxis não pára de aumentar” e ele “ó amigo, eu em mil nove cinquenta e quatro fui prá Índia...”. Estava fodido. Seguiram-se quarenta e cinco minutos de propaganda fascista intercalada com frases “isto aqui é só macacos, macacas, ucranianos e 'barsucas'” e terminadas com um emocionado “punheta!”. Trinta punhetas depois, lá consegui esquivar-me e voltar ao meu T8 de solteiro em Telheiras. Estava vazio. O pequeno Josué tinha ido para casa da mãe. Que me vasculhou os lençóis de seda em busca de manchas “de ter ido ao cu à Cristiana”. Não me corre bem a vida. Em casa estou sozinho e no trabalho o Toninho tirou o ano para me irritar. Estou perto de o meter a pagar-me a psicóloga. Sem esforço, o rapaz destrói 2 sessões de terapia em menos de duas frases. Alguns clássicos continuam apontados na minha cabeça mas não poderei nunca reproduzi-los não vá ele descobrir e depois fazer queixinhas ao chefe e ficar com a minha promoção. Passa o dia a anotar números irrelevantes que sublinha muitas vezes com um lápis que tem uma caneta igual e que prende no bolso da camisa. Metem-no a fazer aquilo porque lhes sai mais barato que estrague papel e se julgue a fazer algo realmente importante do que meta as mãos incompetentes no que não sabe.
O Carlitos inventava super-heróis. Os super-heróis do Carlitos eram sempre os melhores. Tanto aperfeiçoou a cena que chegou ao “super cowboy” (o super cowboy estava para o Carlitos como o 'Sétimo selo' está para o Bergman – a propósito, Tiago, o 'Sétimo Selo' não é sobre os correios suecos) que, segundo ele (o Carlitos, não o super cowboy), acumulava todos os poderes de todos os super-heróis existentes incluindo mesmo todos os outros que o Carlitos tinha inventado nesse Verão. E mais, tinha uma pistola. Ainda lhe perguntei “meu, para que é que um tipo com todos os super poderes de todos os super-heróis de sempre ainda tem uma pistola e uma capa?”. Ele não sabia. Felizmente eu inventei o “homem fode todos” que lançava um raio pelos dedos que fodia todos os poderes de todos os super-heróis alguma vez existentes com uma pós-graduação especial em foder o super cowboy. E mais, como a invenção do “homem que fode todos” foi posterior à invenção do super cowboy, o Carlitos já não podia dizer que o super cowboy também tinha os poderes do “homem que fode todos”. Eventualmente, o Carlitos inventou o super super cowboy e que acumulava também os poderes do “homem que fode todos”. Eu estava prestes a inventar o “homem que fode todos e mais o super super cowboy e todos os outros que serão inventados no futuro” quando o Carlitos se cagou. Ninguém sabe se foi alguma coisa que comeu. A verdade é que até pensos higiénicos usou. Aquilo saía líquido, azul, em repuxo e incontrolável. Depois arranjou uma miúda e passou a ir a discotecas e nunca mais fomos amigos.
O Carlinhos tinha um primo do kung-fu. O primo do Carlinhos saltava para quartos andares sem grande esforço mas com muita concentração. Em 1982, chegou a estar três dias sem respirar quando levou “um biqueiro no pescoço (mais ou menos como o Banha que “se te vir outra vez a passar aqui sem cartão, levas um pontapé no pescoço”) e a veia (qualquer que ela seja e qualquer que seja o processo) embrulhou-se à volta do tubo que respira. Mas só aguentou “com muita concentração” como o Carlitos gostava de dizer. O que era concentração, o que fez durante esses três dias ou porque não foi logo ao hospital is still a total mystery. Seria irrelevante para a história. Eu acreditava. Acreditava sempre e em tudo. Acreditava quando o Careca me disse que tinha um jogo para o Spectrum que se chamava “Past, present and future” e que um gajo carregava num botão (que só o Spectrum dele é que tinha) e falava para o computador e o boneco fazia aquilo que um gajo lhe dizia. Hoje já não acredito em nada. Especialmente quando me dizem “gosto tanto de ti” e “vamos ser felizes para sempre” porque já sei que o que querem é o meu dinheiro e o meu cargo na Fundação.
N. era o tipo mais influenciável de sempre. N. conheceu o Carlinhos no Verão de 88. As histórias de ninjas do Carlinhos e as minhas invenções incontroláveis levaram-no a querer ser ninja também. Com alguma regularidade, perguntava-lhe: “vês alguma coisa naquela parede branca?”. Dizia-me que não. E eu respondia-lhe: “então é porque devem lá estar uns 10 ninjas”. As histórias de que o meu avô era ninja e que, um dia, enquanto guiava de janela aberta com um braço de fora, rachou um poste de luz ao meio e só deu por isso porque partiu o relógio, faziam-lhe todo o sentido. Os balofos tinham destas coisas. E se há coisa que a sociedade não suporta, são tipos balofos e gordas com namorados. Os sinais de ser homossexual estavam todos lá. Os posters da Sabrina, a espuma no cabelo, a total ausência de pêlos, a voz fininha e irritante, ainda não queimada pelo esperma.
N. saiu da Universidade dos Ninjas, que era do pai do Zoio que também era toureiro e que dizia que o pai além de toureiro era também ninja e que tinha uma metralhadora debaixo da cama e uns óculos de sol únicos no mundo com umas luzes em cima que piscavam. A sua utilidade nunca foi explicada. Os três anos que lá passou e a sua tese sobre “Porque é que os ninjas nos filmes devem fazer barulhos como 'tje tje tje' e não 'psh psh psh'” ainda é hoje um marco e lida em todos os meios em que haja ninjas. Que ninguém sabe quais são porque os ninjas são como os avançados do Benfica. Ninguém os vê até o árbitro inventar um penálti. A técnica do ariete, inventada pelo Gustavo, o do Rocky, para combater o “tje tje tje” de N. ainda é aceite em algumas escolas e provocou várias cisões no meio dos ninjas, mas está em vias de extinção. O que N. realmente gostava era das calças pretas justas mas os 40% de polyester faziam-lhe suar tanto os tomates que tinha de usar um penso, como o Carlitos quando esteve doente e se cagava em repuxo.

depressing

Eu: "Então o Pedro Proença lá vos beneficiou outra vez".
Ele: "Beneficiou? Ele expulsou um jogador do Benfica!"
Eu: "É o que eu estou a dizer. Menos um jogador do Benfica é menos um mau jogador em campo".

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

there are roads left in both of our shoes

Um gajo sabe que está apaixonado quando consegue cagar em casa dela, de porta aberta.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

na próxima vida serei um cão

bob zangado diz:
eu qd passo pelos doentes
bob zangado diz:
cegos e coxos e velhos
bob zangado diz:
sustenho a respiração para não apanhar nada

lower than



terça-feira, 16 de outubro de 2007

novos contos da montanha

C. nasceu com a vista cansada e com a capacidade de se parecer mongolóide quando usava boné da Dyrup, a 6 metros de distância. Não usava boné a 6 metros de distância, parecia era mongolóide quando avistado a 6 metros da distância e de boné, particularmente os da Dyrup, brancos por cima e cor-de-laranja dos lados e na pala. Aos 12 anos, descobriu o esperma e que era bom roçar-se naquelas varas do meio do autocarro, literalmente em hora de ponta. A doença da moda ainda eram as bexigas. “Como o Pedro cá de baixo, que teve bexigas”. O cancro ainda estava longe de ser o novo preto e o meu avô ainda não tinha tornado os AVCs, em público (que o meu avô era um artista), na next big thing, assim uns Radiohead mas com talento. A SIDA ainda só era doença de pretos e de paneleiros e apanhava-se no meio do mato e em banhos turcos. Cresceu feliz, como todos os miúdos que têm um ZX Spectrum e que descobrem as ilimitações de poder passar um fim de semana inteiro a jogar computador e a “puxar a pele para a frente e para trás” como um dia lhe perguntou o seu tio Américo, que tresandava a sardinha e a vinho tinto e tinha os tomates tão pequeninos que pareciam um pipo daqueles bonecos de encher. Passava os fins-de-semana em Samora Correia, terra do Moura, o Bruce Lee do Lumiar, que um dia vimos a levantar-se do chão, de costas, como faz o Van Damme e aquele do wrestling que não é mais do que dar assim um esticão e pôr-se de pé num salto. Não pareceu mais que um tipo com uma t-shirt do surf a roçar-se pelo chão, como fazia a Marta não sei o quê que era uma gorda que se mijava todos os dias e cheirava a flúor e que teve 1 a ginástica porque se cagou, com o esforço, do cimo do espaldar em repuxo para cima do aquecedor a gás, onde o vizinho (isto já faz parte da história de Samora Correia e não do repuxo), operado à cabeça por ter um quisto que lhe deformou a cara, lhe mexia “lá em baixo” em troca de tangerinas e de não levar com um pau de vassoura na cicatriz do tamanho duma bola de rugby. Que, vá-se lá perceber porquê, passou de desporto que ninguém vê (o rugby, não as tangerinas) a desporto que ninguém vê porque uma cambada de gordos incapazes da Universidade Católica (a Católica só forma incapazes e é, cada vez menos, segredo para alguém) fez o que nós, como povo, somos os melhores a fazer, perder. Não só somos bons como também nos orgulhamos disso. “Isso de ser bom e ganhar dá montes de trabalho”. Há anos que perdemos consecutivamente mas “saímos sempre de cabeça erguida” como se dizia das inúmeras selecções de futebol ao longo dos anos, treinadas por perdedores natos, como o António Oliveira, o Carlos Queiroz e o Artur Jorge.
A crueldade das crianças é sempre paga a dobrar ou, como se diz na América e por outras palavras, “what goes around comes around”. A Vanda, por exemplo, tornou-se mãe aos 22, as mamas cresceram-lhe que nem badalos e sofre de alopécia. Mesmo assim deixou o cabelo comprido porque lhe dizam “ficas bem. Pareces o tipo dos UHF”. Tudo porque me pediu mil escudos emprestados e depois só me pagou 500 e disse “ah, eu depois pago o resto”, a pega. Mas eu tive a minha pequena vingança pessoal. Provavelmente, foi também Deus que me obrigou a fazer isto. Porque Deus não se engana e muito menos joga aos dados, quando muito roleta. Que as odds são muito maiores. E sim, esporrei-me nesse lápis que me pedias emprestado e que metias na boca. O salgado não era “do interior do estojo” e muito menos aquela “crack ho” do Porto que o Pinto da Costa andou a espetar.
C. olhou-se, novamente, em frente ao espelho, para as mamas que cresciam. Eram em bico e lembravam dois cornetos virados ao contrário. Temia que lhe chamassem “Lolita” na escola, mas sentia-se divido se fosse convidado para a “Blond ambition tour” da Madonna em que ela tinha aquelas ceninhas em que as mamas ficam em bico. Os gelados que comia antes do almoço (“depois não almoças e ainda te vais cagar que nem um cão nesses calções de banho”, disse-lhe eu porque sempre fui um bom amigo) começavam a fazer efeito. C. queixava-se que as suas primas podiam comer o que quisessem que não engordavam nada. I. era prima de C.. I. passava férias em casa de C. durante os primeiros 15 dias de Agosto, todos os verões. I. gostou de mim. Era daquelas da província que tinha o mesmo namorado desde os 14 anos, ia casar com ele e nunca levaria no cu e usava saias daquelas que voavam ao vento e mostravam as cuecas imaculadas de algodão com flores e ursinhos a cheirar a Presto e a corrimento. Li-lhe isso nos olhos (não as cuecas imaculadas de algodão com flores e ursinhos a cheirar a Presto e a corrimento, mas a cena de gostar de mim). E percebi o momento em que isso aconteceu. Estávamos na praia, de noite, a lua refletia a minha cara de metaleiro da Avenida de Roma e alguém queria chatear uns tipos que fodiam atrás duma cadeirinha branca de praia. E eu disse, embora a minha erecção já chegasse ao mar, como se fizesse aquilo muitas vezes, “epá deixem lá os gajos foder em paz que isto não é só atar e meter ao fumeiro”. I. percebeu que eu era do amor. Lia-me como um livro aberto. Sabia que eu ainda acreditava que poderia ser feliz. Que nem todas as gajas eram umas putas. Que isso do amor podia ser para sempre. Tinha 12 anos também. E o meu pequenino coração de princesa ainda não tinha sido atirado e espezinhado e pontapeado por esse chão que é a vida. I. estava constantemente com o período. Uma vez, durante um passeio pelas rochas, a mãe de C., F., que também dizia “isso as datas que eles põem nos iogurtes é só para dar uma ideia”, disse “cuidado não molhes a pachonga que ensopas o penso e depois já só tenho uma toalha”. Aproveitei estar no meio de azeiteiros para explicar (“ele que até anda na universidade”, diriam mais tarde) que as marés não passam de mulheres, com o período, a entrar e a sair de água. É raro algum conhecimento que não passe por esta família. A minha avó jurava a pés juntos, coisa que lhe deu jeito no funeral pois pudemos comprar um caixão mais pequenino que ficou muito mais em conta e se é para apodrecer mais vale um mauzinho e depois até deu para a piada no funeral “isto aqui cheira mas é um bocado a morto”, que a Manuela Moura Guedes tinha feito uma operação para coser a boca por dentro. E sempre que a Manuela Moura Guedes aparecia, a minha avó dizia “ela está muito melhor desde que fez a operação”. Por mais que tentássemos argumentar que aquilo não fazia sentido nenhum e que as bocas não se cosiam simplesmente por dentro como quem ata e põe ao fumeiro e que “mas se cosem por dentro, como é que metem para lá a agulha e a linha?”. “Com umas máquinas de costura especiais que os japoneses agora inventaram e que são próprias para os lábios”. Ou “por trás, pela cabeça, pelo pescoço. Eles agora, nos Estados Unidos, fazem de tudo”. Não haver espaço e a coluna vertebral, não eram problema. Desde que “eles agora até têm um supermercado onde vendem droga” qualquer coisa seria possível.
C. também foi para a universidade. Aquelas particulares onde se ensina a converter unidades e se passa com um teste de cruzes que incluem sempre as respostas “Luís de Camões” e “Afonso Henriques”, mesmo nos testes de Mecânica Aplicada I e Cálculo Numérico. Hoje tem um carro bom, mora num bom prédio com ar condicionado e aquecimento central e rapa os pintelhos. E eu o mais que faço, é apará-los à sexta quando penso que vou foder e abrir a janela quando tenho calor.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

she builds quick machines

a baleia azul diz:
ahaha vais deixar de me falar pq fiz um update da bios?
sleepwalking through the mekong diz:
nao meu
sleepwalking through the mekong diz:
mas
sleepwalking through the mekong diz:
entrou-me uma pedrinha no coração
a baleia azul diz:
AHAHAH
a baleia azul diz:
foda-se
a baleia azul diz:
ja te disse que foi so sacar o ficheiro da pagina da hp
sleepwalking through the mekong diz:
nao te preocupes
sleepwalking through the mekong diz:
eu nao tenho coração
a baleia azul diz:
preocupar?
a baleia azul diz:
eu?
a baleia azul diz:
AHAHAH
a baleia azul diz:
isso dizes tu
sleepwalking through the mekong diz:
apenas uma pedra no lugar do coração e os sentimentos secaram e morreram em mim para sempre
a baleia azul diz:
omg
a baleia azul diz:
quem és tu?
sleepwalking through the mekong diz:
isto é d'o idiota
a baleia azul diz:
o que fizest'ó atrasado mental?
sleepwalking through the mekong diz:
fui correr a buscar o livro para te dizer isto

has now begun

Se os homens que fazem quimioterapia rapam o cabelo, as mulheres que fazem quimioterapia não deveriam fazer franja e usar vestidos às bolinhas?

the soft parade

A pior cena de ter cancro nem deve ser a quimioterapia. Deve ser um gajo ainda poder levar porrada dos pretos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

summer song

teach me, tiger diz:
q seca
teach me, tiger diz:
não sei como vou dormir hoje
sleepwalking through the mekong diz:
com os olhos fechados e o pijaminha dos porcos?
teach me, tiger diz:
eu não tenho pijama
sleepwalking through the mekong diz:
dormes com o quê?
teach me, tiger diz:
nua
sleepwalking through the mekong diz:
diz lá isso tudo numa frase agora
sleepwalking through the mekong diz:
durante 5 minutos
teach me, tiger diz:
q porco

stevie wonder à saída de um concurso de piano

"Stevie, Stevie, então ficou em que posição?" - pergunta um jornalista.
"Em 1º" - diz o Stevie Wonder
"E o Ray?" - pergunta o jornalista.
"O Ray ficou em sexto. Apanhou cá um braille".

sábado, 6 de outubro de 2007

if you want the rainbow, you've got to put up with the rain

Um tipo sem pernas que vá a uma engomadaria pôr umas calças paga o mesmo que um tipo normal que vá pôr uns calções?

2:47 am

sleepwalking through the mekong diz:
acreditas em deus?
jack diz:
acredito em algo, sim.
sleepwalking through the mekong diz:
e que as pessoas são salvas e isso?
jack diz:
não, isso não.
sleepwalking through the mekong diz:
ainda bem
jack diz:
o meu algo é a réstia de reserva a que me permito.
sleepwalking through the mekong diz:
hoje já me masturbei 5 vezes e não quero imaginar que a minha avó poderá estar a ver

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

rio de mouro

Ela: "'O idiota'? Isso é a biografia do Nuno Markl?"
Eu: "Meu, é um livro do Dostoiévski".

hangover

Ele: "Que se faz hoje?"
Eu: "Vou passar o dia sentado numa cadeira no meio da escuridão".

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

my mind is going

teach me, tiger diz:
e andas com alguém em vista?
sleepwalking through the mekong diz:
só com o windows

some cities

Um gajo sabe que tem uma vida deprimente quando passa duas horas a fazer refresh no Rapidshare para conseguir sacar um vídeo que diz "marta_leiria.rar".

terça-feira, 2 de outubro de 2007

espaçotempo

Como é que um gajo dizia ao Einstein para esperar um bocadinho? "És capaz de aguentar um minuto e alguns decímetros cúbicos?"?

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

too much

As miúdas nunca dizem que não a um gajo com clorofórmio.

domingo, 30 de setembro de 2007

it's done done done

E, enquanto se planeava o roubo de várias viaturas, alguém disse:
"E o Ryuichi?". Ao que outro respondeu: "O Ryuichi Sakamoto".

crack

Não sei se odeio mais tunas, se os Delfins.

golden rule #2

A idade é proporcional à força com que se encolhe a barriga.

golden rule

O critério é inversamente proporcional à quantidade de whisky.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

the damned

Ela: "Mas não pode ser assim tão difícil arranjar uma que vá à bola contigo".
Eu: "Que goste mesmo de mim ou que vá comigo ao estádio?"

all american hobo

às duas da manhã, no comboio para os subúrbios

"Não te cheira a MoFo?"

is everybody in?


Parece que era má onda um gajo encostar-se aos Doors quando eles andavam de comboio.

já posso começar as frases com...

"Quando eu estive em Nova Iorque..."

a bófia não mandáqui


the good guys lost

Ele: "Então e viste alguém conhecido?"
Eu: "Vi dois sósias do Jesualdo Ferreira, um sósia do Jorge Jesus e vi aquele miúdo que toca viola no Desperado".

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

coisinho

escape from dragon house diz:
meu
escape from dragon house diz:
amanhã
escape from dragon house diz:
liga-me aí à uma
escape from dragon house diz:
ok?
nuno@electrik-bass.com diz:
O.o
nuno@electrik-bass.com diz:
porquê?
escape from dragon house diz:

nuno@electrik-bass.com diz:
e... uma da tarde ou da manhã?
escape from dragon house diz:
é que pus o love will tear us apart como toque
escape from dragon house diz:
e quero impressionar o pessoal lá do trabalho

vou-me calar, ao almoço

"E aquela do padre que pôs cinzeiros ao pé das escadas da igreja para não mandarem beatas para o chão?"

terça-feira, 18 de setembro de 2007

?!?


too high

"Não é que tenha alguma coisa contra o Windows, mas sei que nunca hei-de ter o Vista" - disse o Stevie Wonder.

hail to the thief

Ele: "Meu, nós, no Cacém, somos roubados todas as semanas".
Eu: "Meu, nós, no Sporting, somos roubados todas as semanas".

massive

A varanda do Coliseu é o maior "cleavage spotter" de Lisboa.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

early one morning

Ela: "O que é que te distingue?"
Eu: "Classe".
Ela: "Define classe".
Eu: "public class ClasseDoAndre {}".

rrnhaaarg

Uma gaja do Porto queria-me bater porque pensava que eu a estava a mandar calar quando lhe disse "Chewbacca".

domingo, 16 de setembro de 2007

détis daquestion



Michael Douglas: "Onde estiveste?"
Catherine Zeta-Jones, mentindo: "Às compras".
Michael Douglas: "Isso é peta, Zeta".

divine

Ela: "Isso devem ser problemas de personalidade".
Eu: "A minha personalidade é imaculada. Se a minha personalidade fosse umas cuecas, até a virgem Maria as usaria sem qualquer pudor".

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

ao almoço, a propósito da portagem da ponte

"Se fosse eu que mandasse, não se pagava portagem. Far-se-iam três perguntas às pessoas e quem não soubesse seria atirado ao rio. Por exemplo: 'qual é a sua demanda?', 'qual é a sua cor preferida?' e 'qual era a capital da Assíria?'". Fez-se o silêncio do costume e por pouco não se ouviu o Paul Simon ao longe "hello darkness my old friend...".

chick

Para o Stevie Wonder, qualquer date é um blind date.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

half a bee

Eu: "...foi como se tivesse tido uma epifania".
Augusto, dos recursos humanos: "Isso não é aquilo de as gajas se virem em repuxo?"

o meu amigo paneleiro

Eu: "It's raining, man".
Ele: "Aleluia!"

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

and the three bears

Sábado entrou um velho no metro (em Arroios, claro) que era a versão portuguesa da Goldilocks. Tinha os pêlos do nariz a chegar-lhe ao lábio superior.

kids

Porque é que nunca há refugiados com aspecto de quem toma banho e usa cotonetes? Depois queixam-se que só lhes dêem tendas e feijão enlatado.

sábado, 8 de setembro de 2007

curb your enthusiasm

Só posso entender que um gajo faça marcha quando, à rasca, a caminho da casa de banho, compreende "sou mesmo bom a fazer isto".

frase de engate tentado e falhado numa quinta à noite em albufeira

"Curtes Bergman?"
Se tivesse um amigo chamado ou alcunhado "vidro" gostaria que fosse duplo. "Aqui o vidro é duplo" - diria eu batendo-lhe com uma mão amigavelmente nas costas.

wook

Um tipo que fedia num bar entorna-me a cerveja e diz: "Deixa que te pague outra". Eu respondi-lhe: "Meu, prefiro que vás tomar banho".

nota mental nº 216

Nunca ir de férias para a praia sem um corta-unhas.

old boy

Vou ao notário deixar um papel assinado e se um dia for apanhado de noite a "ir comer um gelado à geladaria" podem-me abater, sem perguntas.

domingo, 2 de setembro de 2007

burn

Eu: "Tem bacalhau assado?"
Ela: "Sim, mas é dos calções de licra."

falling down

Ele: "Está-me a cair a pele das costas."
Eu: "Sol?"
Ele: "Lepra."

i'll be what i am

Ela: "Qual é a tua cena?"
Eu: "A minha cena é perguntarem-me o que faço para o resto da vida".

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

across the sand

Hoje ao almoço tive de comer carne estufada porque tive vergonha de dizer à senhora que preferia que ela me desse um linguado.

shotgun pillowcase

A frase "preciso que faças desaparecer uma pessoa" inspirou tanto o Houdini como o Al Capone.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

rock me

Eu, que sou dos melhores a fazer a barba, a levantar dinheiro, a passar nas portas do Metro, a desviar-me nas escadas rolantes quando vem alguém, detesto que ninguém note como sou bom a fazê-lo. Gostava que, ao passar na cena do Metro, as pessoas dissessem: "que bem que ele passa bem na porta do Metro” ou “tão rápido que levantou dinheiro. Vê-se mesmo que tem consciência cívica” ou “que barba tão bem feita, parece mesmo o rabo de um bebé”.

garbage



Três colossos do futebol europeu, no mesmo grupo, é muito.

are you the destroyer

Ele: "As avenidas novas é que é só velhos".
Eu: "Meu, tenta o Minipreço ou a Segurança Social".

darklands

Ela: "Ando numa de filipinos".
Eu: "Eu ando numa de gajas de leste".
Ela: "As bolachas, meu".

physical graffity

Ele: "Ontem acordei a foder".
Eu: "Ontem adormeci a foder".

blue lines

Eu: "Já o Sócrates dizia que a sua sabedoria era limitada pela sua própria ignorância".
Fátima da contabilidade: "Bem dizia o meu marido que a selecção do Brasil de 86 era a melhor".

creep

Ao almoço:
Ele: "Isto agora é só sequelas".
Eu: "Já em 39 o Hitler estava muito à frente".
*silêncio do costume*

além mar

Ele: "Cinquenta euros de conta de telemóvel?"
Eu: "Sim. Ando a pensar se mudo o tarifário ou se arranjo uma gaja 96".

in heaven #2

Eu: "E o novo filme do Oliveira que é sobre o Colombo?"
Ela: "Sim, parece que ele até aparece".
Eu: "Deve fazer de Colombo se este ainda fosse vivo".

in heaven

Ao almoço:
Eu: "E o novo filme do Oliveira que é sobre o Colombo?"
Ela: "O centro comercial?"

i put a spell on you

A cena de um gajo vir a ser enrabado na estação de comboio de Queluz nem é das coisas que me mete mais impressão. O que realmente deve meter medo é o barulho do cinto a abrir.

butterfly

Inscrevi-me para receber em casa o programa da Culturgest e no campo profissão escrevi "génio". Esperei, ansiosamente, pelo título que viria antes do meu nome. Nada. Simplesmente, A..

escape from dragon house

Desde que ando a ler o Lolita que, no Metro, me tratam como se tivesse febre tifóide.

vermelhices

Ele: "...e no Benfica somos quase 20 milhões".
Eu: "Meu, se contares só com os brancos com a dentição completa, o Sporting mantém os mesmos 4 milhões, o Porto desce dos 40 mil para os 4 adeptos e no Benfica sobra para aí o Fernando Seara".

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

losers

Isto foi tudo um acto orquestrado para o Jesualdo poder, finalmente, lavar o dente e mergulhar a placa em Prodentine. Aquela merda já fedia.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

o idiota

Eu: "Gostas de sopa de feijão?"
Ela: "Sim."
Eu: "Ah. Ainda bem. É que entornei sopa de feijão no livro do Dostoievski que me emprestaste".

domingo, 19 de agosto de 2007

too tale, too late

É deprimente o Corvo ter 445 habitantes. Eu só me veria a viver num sítio com 445 se fosse um arranha-céus em Manhattan e se todos os outros inquilinos fossem gajas boas que gostassem de futebol e de jogar computador.

die

Devia haver parques para velhos, como os há para as crianças. Mas a caixa de areia devia ser para se cagar e os baloiços substituídos por máquinas de ressuscitar.

sunset

Ela: "Tu não tens sentimentos, pois não?"
Eu: "Tenho. Um".
Ela: "Qual?"
Eu: "Sinto que vou foder hoje à noite".

rs

Pediram-me que não tornasse a meter o "Assim falou Zaratrustra" porque estava em frente a uma casa de cachupa e os pretos começavam todos a atirar os ossos de galinha ao ar.

apolo 20

Se eu tivesse uma casa de alterne e me chamasse Correia, tinha o slogan perfeito: "Prostitutas Correia, as únicas sem gonorreia".

french fries with pepper

Eu: "Podia-me trazer pimenta?"
Preta do restaurante: "Branca ou preta?"
Eu: "Preta, como tu".

no restaurante

Ela: "E para beber?"
Eu: "Água".
Ela: "Grande ou pequena?"
Eu: "Tem meias?"
Ela: "Não. Hoje vim de chinelos".

the thrill of it all

Ela: "Tem alguma coisa a declarar?"
Eu: "Só este palminho de cara que pode ver".

monkey business

Preto do café do aeroporto de Lisboa: "São €3.50".
Eu: "Um sandes de queijo?"
Preto do aeroporto de Lisboa: "Sim".
Eu: "Meu, vocês até quando trabalham são ladrões".

robin hood

Ele: "Aquele preto parece o Mantorras".
Eu: "Porquê? Por ser preto e ter o cabelo rapado?"
Ele: *silêncio*
Eu: "Meu, isso é o mesmo que dizeres que qualquer branco careca parece o Zidane".

like an eagle

Se os vôos estão, em média, atrasados 45 minutos, porque não marcá-los todos para 45 minutos mais tarde?

terça-feira, 14 de agosto de 2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

poink

eu diz:
acabei de mandar a maior caga de sempre
eu diz:
até me doi
ela diz:
e cheirava mal?
eu diz:
nao
eu diz:
nunca cheira
ela diz:
isso é que ninguem acredita
eu diz:
diz que é rosas
eu diz:
é comó fernando
ela diz:
pois, ele tambem nao cheira mal
eu diz:
oh
eu diz:
devias dizer "o fernando?"
eu diz:
diz lá
eu diz:
para eu pôr no blog
ela diz:
mas normalmente eu digo isso, como no outro dia, o jorge
ela diz:
o jorge palma
eu diz:
mas diz agora
ela diz:
desta vez via-se logo
ela diz:
o fernando?
eu diz:
se nao disseres eu componho isso depois
eu diz:
ah
eu diz:
sim
eu diz:
o fernando rosas

preciso de atenção

Tirei as letrinhas. Podem iniciar a festa do comentário.

red right hand

Se morrer novo, espero que seja num dia frio para conservar esta cara o mais impecável possível.

lost

Vou aos Açores na quarta e só espero que o avião não caia. É que comprei uma t-shirt dos Kiss e ainda não tive oportunidade de usá-la.

domingo, 12 de agosto de 2007

too drunk to fuck

Estava demasiado com os copos e como não conseguia meter o carro na garagem tive de deixá-lo em frente à casa dos meus vizinhos. Como gosto de boa vizinhança, deixei-lhes um bilhete, just in case.



Nota: o gajo que scannou isto pede anonimato porque podem despedi-lo se souberem que andou a usar o scanner da empresa para meter cenas em blogs.

this charming man

Ela: "Não sei o que tens, mas noto algo diferente em ti. Cortaste o cabelo?"
Eu: "Não. Ando a transbordar charme".

no class

Pela primeira vez desde sempre meti conversa com uma miúda com a frase "meu, a tua mala está-me a bater nos colhões". Ela riu-se e pude acrescentar: "mas não faz mal. Os meus tomates são minúsculos, parecem passas". Meia hora de conversa sobre testículos e suor e a Natureza tomou o seu rumo normal e foi-se embora sem me dizer nada. Estúpida.

toilet paper

Eu: "Meu, as riscas que emagrecem são as verticais, não as horizontais".
Ela: "Meu, as t-shirts que disfarçam a barriga são as dos Ramones, não as dos Motorhead".

sábado, 11 de agosto de 2007

jb

Eu: "O meu primo foi operado".
Ele: "Em Madrid?"
Eu: "Não, meu. À coluna".

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

à prova de morte

Crime e castigo – Dostoievski


Sempre quis ser perturbado (adjectivo, não particípio passado). Ou isso ou ter dupla personalidade (a perturbação psicológica, não o blog). Ou uma doença degenerativa qualquer. Do sistema nervoso central. Que meta movimentos involuntários das mãos ou só dum dedo, como aquele gajo daquele episódio do Hitchcock que ninguém se lembra porque só se lembram daquele do morto e do oculista e do caixão. De preferência uma que um gajo não se cague muito. Escrevi isto e agora não sei como continuar. Estou há semanas sem imaginação. Até as anotações no telemóvel (Eu: “meu, como se chama aquela banda que tem o nome parecido aos New York Dolls”? Ele: “Blondie?”) Acho que me anda a fazer mal sentir-me mais ou menos bem. É um perigo quando um gajo se mete a cantar o riff do “Riverboat song”. Corre-se o risco de se começar a dizer disparates e falar de felicidade e, quem sabe, até de amor e filhos. É como quando, ao almoço, alguém disse que a televisão tinha grão e eu achei que devia arranjar-lhe um date com o meu bacalhau com todos por terem tanto em comum. “Até podiam ir passar férias ao Luxemburgo”. O Luxemburgo é um grão-ducado e ninguém percebeu e fez-se mais um daqueles silêncios que só acabam com o Carlos, o dos Recursos Humanos, a dizer qualquer coisa acabada, invariavelmente, em “caralhos ma fodam”. E depois começam-se a ouvir coisas nos corredores. Diz que “aquele é o que diz cenas esquisitas ao almoço”, “parece que no outro dia pediu iscas” e “já o vi falar com a máquina da água e diz que ele tem um caso com a Fátima. Qual Fátima? A da contabilidade? Sim. Essa. Parece que deixa o filho sozinho em casa algemado ao móvel da despensa e quando voltam fazem o amor em frente dele. Mas ele não está numa cadeira de rodas? Está. Então não bastava desligar-lhe a bateria? Assim ao menos ninguém poderia queixar-se à Abraço. Isso não é dos animais? Não sei. Ou é dos animais, ou dos deficientes ou aquilo da SIDA. Da gorda que já não é gorda? Qual? A Margarida Marante? Essa diz que levava na cara do José Eduardo Moniz e que ficou disforme por causa da depressão e de levar nos cornos. Agora está com um olho maior que o outro e parece aquele marinheiro dos Simpsons”. Nada disto é verdade, mas as aparências iludem. Era como o Domingos. O Domingos era sempre o primeiro a ser escolhido para a equipa de futebol. Foi delegado de turma uma vez mas depois, diz que começou a ter problemas em casa, já não era tão bom delegado de turma como antes e vai daí as pessoas chatearam-se e foram dizer à “stôra” que ele já não era tão bom. E falámos nisso quando ela disse ao Domingos para “ir ver se lá na papelaria havia fita-cola daquela com cola dos dois lados” para podermos falar todos. Na altura, só mandando vir dos Estados Unidos. Ela sabia e o Domingos também e ela sabia que o Domingos sabia e o Domingos sabia que ela sabia que o Domingos sabia. Felizmente, o Domingos não se tratava na terceira pessoa, como o Júlio César e o Jardel. O Domingos tinha amigos dos computadores. E diz que o pai dele tinha uma loja de cassetes de jogos do Spectrum. O Domingos foi o primeiro a ter o Paradise Café. E eu, que comprava revistas de computadores, emprestei uma vez ao Domingos e recebi um “és um tipo fixe”. Isto para quem sempre teve a estabilidade emocional da D. Maria I, vale mais que acabar uma caderneta. Aquela dos jogos de computador e das pastilhas que quando se acabava recebia-se um computador à escolha. Isto tudo porque as aparências iludiam e o Domingos “não jogava nada, só tinha era pastilho”, diziam os das outras turmas a ver se ganhavam no jogo psicológico. As minhas turmas nunca tinham quem realmente jogasse bem à bola. Mas tínhamos classe e éramos os melhores a fazer caralhadas. O Chinês fazia passes para a baliza, o Seiça, a dois metros da baliza, rematava por cima, o Royal tinha o pé chato, o Careca era um teórico e o Domingos só tinha era pastilho. A única vez que ganhámos, marcámos o segundo golo em cima do segundo toque e depois eles diziam que já não contava e nós dizíamos que sim e depois começámos a fazer caralhadas com os dedos e, naquela altura, quem fizesse mais e melhores caralhadas e com mais convicção, acabava por ganhar. Só que a minha professora de matemática viu e pensei que ia contar à minha mãe como da vez em que toquei nas mamas da Cristina, que tinha mau hálito e acho que gostava de mim, sem querer mas pareceu mesmo de propósito. O problema das gajas que não são muito giras quando são miúdas é que depois fica o estigma. “A Cristina? Aquela que tinha mau hálito?”. Eu sempre pensei que as mulheres mudavam. Antes queriam os tipos que jogavam bem à bola e agora querem os tipos jogam bem à bola. Nas séries de televisão, o tipo que lê até consegue assim umas miúdas de vez em quando. E é por isso que leio. Mantenho a esperança que ainda há miúdas que gostam de tipos que lêem. Onde andam? “Still a total mystery”. A cena de ler o “Crime e castigo” foi armanço. Admito. Ainda acredito que, na linha verde, hei-de ter uma russa gigante à minha frente que me há-de dizer “Dostoievski?” e eu “gustarmuite” (falar russo é só trocar as tónicas com as átonas (eu, por mim, troquei o gin pelo whisky) – parêntesis dentro de parêntesis não é para todos e pode ser incesto, por mais afastados que estejam) e ela “Hell, I like you, you can come over to my house and fuck my sister!”. E depois a irmã dela é muita boa e muito calada. E sabe cozinhar e gosta genuinamente de limpar e aspirar e de ter o jantar pronto quando um gajo chega a casa e de cortar as unhas dos pés quando um gajo pede e não se importa de ficar com os filhos quando um gajo vai sair porque, na Rússia, é assim e aquilo ficou-lhes nos genes. Já o Hitler dizia que os russos eram uma raça inferior. Mas um gajo de bigode pode dizer as maiores barbaridades porque um gajo vai e desculpa. Afinal pode não ter um espelho em casa ou ser do Benfica.
De todas as maneiras que vi Dostoievski escrito, optei por esta por nenhuma razão em especial. É mais fácil por não ter acentos nem ww e yy. E um gajo vai e diz de cabeça e devagarinho e sabe sempre como se escreve. É como Nietzsche. Posso afirmar, com alguma certeza, que devo ser das poucas pessoas em Portugal que sabe escrever Nietzsche. Tirando o Pacheco Pereira. Mas esse sabe tudo e lê 30 livros por mês. Eu reduzo-me a dois. Bem espremidos entre o cheiro a suor da linha verde e o ar condicionado do 714. Já tinha gostado de “O jogador”, que li para me armar para uma miúda que eu tenho quase a certeza que me queria mas não tive coragem de lhe dizer e depois ela era muito do amor e eu, na altura, queria era foder e pensei que o melhor era não estragar aquele coraçãozinho, e achei que estava na hora. Tentei lê-lo na praia, quase há 10 anos. Lembro-me de o Raskolnikoff passar a ponde de K... e pouco mais. 500 páginas de “cenas à Dostoievski” é muita fruta, até para quem está de férias. Já tentei tudo na linha verde. Saramago, Lobo Antunes, Nabokov, Conrad, William Golding. E só uma pila no ombro e um rabo na cara. Prometo que se até ao fim do livro (faltam 80 páginas) não tiver uma russa aos meus pés, ou desisto de ler ou cometo uma loucura: “O conde de Monte Cristo”.


Crime e castigo - :D

:O~ <- livros do Nuno Markl ou do careca da bóina
:O <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa se peida com molho
:| <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa se peida
:) <- livros que também ficam bem na prateleira
:D <- António Lobo Antunes
:D~ <- livros de cheques

sábado, 4 de agosto de 2007

discouraging lies

Um gajo sabe que está mesmo fodido quando acorda com uma tosta de queijo meio comida na mão.

i'm shipping up to boston

eu diz:
meu
eu diz:
nao tas a ver a puta da bezana ontem
eu diz:
um gajo bebe whisky e é livre de fazer tudo
ele diz:
ahaha
ele diz:
onde eq acabaste?
eu diz:
no music box
eu diz:
man
eu diz:
é como teres um atestado
eu diz:
do medico
eu diz:
a dizer que tudo o que fizeres é desculpavel e as pessoas entendem e dizem que sim com a cabeça
ele diz:
quieq fizeste?
eu diz:
nao sei
eu diz:
mas hoje deixo o tlm em casa
ele diz:
ahaha
eu diz:
pus-me a mandar mensagens
ele diz:
vale a pena perguntar oq eq havia no music box?
eu diz:
e depois apaguei para hoje nao me lembrar do que escrevi
eu diz:
e nao me lembro
eu diz:
nada
eu diz:
mas o tokyo foi tao do rock
ele diz:
o joaquim costa tb foi do rock
eu diz:
e devo ter perdido dinheiro
eu diz:
perdi 30 euros algures
ele diz:
o homem so tocou 15 minutos
eu diz:
AHAH
ele diz:
30?
ele diz:
foda-se 30 é $
eu diz:
pois
eu diz:
mas acho que os perdi no fundo de algum copo
eu diz:
perdi o controlo
ele diz:
depois disse q ia para um intervalozinho pra descansar mas ja n voltou mais
eu diz:
AHAH
eu diz:
isso é mt bom
eu diz:
vou deixar o mb e o tlm em casa
ele diz:
disseram-me q o gajo tinha dado 3 entrevistas antes e passado a tarde aos pulos no soundcheck
eu diz:
ahaha
ele diz:
entao acabou a pilha
ele diz:
mas
ele diz:
durante aqueles 15 minutos
ele diz:
o mundo era dele
ele diz:
o tokyo tem mb?
eu diz:
nao sei
eu diz:
tinha 50 euros da minha avó
eu diz:
dos anos
eu diz:
"nao gastes mal gasto"
eu diz:
depois espalhei-me ao comprido no music box
eu diz:
foi mt mau
eu diz:
mas disfarcei mt bem
ele diz:
AHAHAHAHA
ele diz:
levantaste-te com alguma coisa na mao?
ele diz:
"diz que" n fica mal cair se um gajo se levantar com alguma coisa na mao
eu diz:
comecei a fazer flexões no chão e comecei a chorar porque me convenci que a cerveja tinha falecido
eu diz:
ahah
ele diz:
AHAHA
ele diz:
a tua avó eq devia ter visto
ele diz:
os 50 euros dela
ele diz:
estendidos no chao do music box

?

escape from dragon house diz:
tenho um mp3 riscado
certain female diz:
rolo de seitan e tofu

não fui eu que inventei mas fui eu que usei

Ela: "Tens lume?"
Eu: "Só no coração."

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

durante a queca

Ela: "Não sei porque és tão duro comigo".
Não percebi se era um crítica ou um elogio, por isso levantei-me e fui ver televisão.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

am i going insane?

Comprei dois bilhetes de cinema e, como tive vergonha de dizer que a miúda com quem tinha combinado se cortou, entrei na sala com os dois bilhetes dizendo ao homenzinho que vinha com o Carlitos, o meu amigo imaginário.

love me or leave me

Ele: "Tu tens um bocado a mania das grandezas, não tens?"
Eu: "Não sei porque dizes isso, pequenote".

um dia apanharei o filho da puta que me ficou com ele

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

detroit rock city

john the revelator diz:
ahaha
john the revelator diz:
meu, kiss?
otário diz:
que tem?
john the revelator diz:
esse é o maior solo de guitarra de sempre
otário diz:
eu sei
otário diz:
fui eu que o escrevi
john the revelator diz:
qd eu to ditei

strange kind of woman

Ao almoço, novamente.
Ele: "E tu, tens 'tipo de gaja'?"
Eu: "Sim. Gosto de gajas com 'rock n' roll' tatuado entre as omoplatas".

terça-feira, 31 de julho de 2007

lunch time

Ao almoço.
Ele: "O Universo deve ser um sítio mega-silencioso".
Eu: "Nunca viste stand-up comedy de mudos? É igual mas sem o som das focas no fim"

simple

Não há nada como comer caju em casa do Cajó.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

agora é que me fodeste

Pedi um sinal a Deus e resolvi três solitários, vegas style, de seguida.

rip

Ele: "Viste alguma coisa do Bergman?"
Eu: "Vi o funeral".
Ele: "Esse não é do Ferrara?"
Eu: "Meu, o funeral do Bergman em directo no Telejornal".

quinta-feira, 26 de julho de 2007

crime e castigo

Death Proof – À prova de morte


Kill Plissken

Sou amante do Tarantino. Não no sentido de ele me ir buscar ao trabalho num descapotável e me levar a passear pela marginal em direcção ao CCB. No caminho, conto-lhe o meu dia. Do que programei em c# e ASP.NET. Daquele bug que afinal não era bug mas era a configuração do IIS que não estava correcta. Dos querys de SQL. Da Fátima da contabilidade que ficou de coração partido, quando lhe contei sobre nós e do miúdo do Congo que encomendámos pela Internet. Do melão queimado que servem ao almoço. Da contagem de germes afixada ao lado da caixa. Ele olha-me com um brilho nos olhos e cara de parvo. Está feliz. E eu também. O sol do fim de tarde projecta as sombras do queixo dele e do meu nariz a kilómetros de distância. Algures na margem sul, estragamos o espectáculo de sombras chinesas do Grupo Recreativo de Sombras Chinesas do Laranjeiro. Digo—lhe “baixa a capota que uma cara destas não se consegue a troco de nada e custa a manter e não quero ficar com rugas” e ele “i mean, don't fuck with another man's vehicle”. Nenhum de nós leva o cinto posto (afinal, é à prova de morte). Vou encostado debaixo do braço dele, suado em bola, a cheirar a Davidoff e a suor daquele que fede. Adoro a palavra fede. “Sábado fedi” mas foi por uma boa razão. Guia apenas com uma mão e mexo-lhe no umbigo cheio de cotão por baixo do pólo Ralph Lauren. Digo-lhe “ó Quentin, sabes que há cotonetes?” e ele responde-me “they look like a couple of dorks”. Paramos no CCB. No parque, porque ele não é daqueles pelintras que deixa o carro em cima do passeio por 2 euros. Subimos e acompanha-me até à esplanada antes de perguntar “fuck, nigga, what did you do to his towel?” e eu respondo “surpreende-me”. Ele aponta-me o indicador em forma de pistola e, fazendo cara de parvo, dobra duas vezes o polegar fazendo *click* *click* com a boca e, novamente, cara de parvo. Olho o rio e inspiro fundo. Um sentimento de felicidade invade-me mas consigo expurgá-lo antes de causar danos ou de começar a pensar nos Beach Boys e em como é bom ir à praia e andar de bicicleta ao fim das tardes de Verão. Volta e oferece-me uma cerveja de garrafa (sem copo) e um shot de whisky. Recita-me um poema e pede-me um lap dance. Derreto-me e digo-lhe “ó Quentin, tu sabes tratar um miúdo”. Ele faz cara de parvo e diz “garçon means boy”. Começo a pensar que ele tem mesmo cara de parvo e simplesmente não a faz assim só de vez em quando. Antes de começar a pôr em causa a nossa relação, falamos dos nossos planos futuros. De quando, em 2082, poderemos casar de branco. De ir viver juntos para os Anjos. Dos novos avançados do Sporting. Sim, porque ele agora gosta de futebol e é do Sporting. Temos ambos bilhete de época. Ele gosta do Derlei. Eu prefiro o Purovic. Eu digo-lhe “olha que ele no Benfica não fez um caralho” e ele “The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of the darkness. For he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know I am the Lord when I lay my vengeance upon you. I been sayin' that shit for years. And if you ever heard it, it meant your ass. I never really questioned what it meant. I thought it was just a cold-blooded thing to say to a motherfucker before you popped a cap in his ass. But I saw some shit this mornin' made me think twice. Now I'm thinkin': it could mean you're the evil man. And I'm the righteous man. And Mr. 9mm here, he's the shepherd protecting my righteous ass in the valley of darkness. Or it could be you're the righteous man and I'm the shepherd and it's the world that's evil and selfish. I'd like that. But that shit ain't the truth. The truth is you're the weak. And I'm the tyranny of evil men. But I'm tryin', Ringo. I'm tryin' real hard to be a shepherd.” e eu ”sim, também tens razão, ninguém no Benfica faz um caralho”. Eu conto-lhe do Simão ter ido para o Atlético e ele diz-me “you fuck my wife?”, eu rio-me e digo-lhe “ó Quentin, mas esse filme não é teu, é do Scorcese” e ele responde “they look like a couple of dorks” e eu “meu, já disseste isso lá em cima. Que tal algo do “Cães danados”? Ou até do “Jackie Brown”? Um gajo também gosta de ouvir um “wannafuckzinho” de vez em quando. A verdade é que eu sempre preferi o “Jackie Brown” ao “Cães danados". Sempre achei este último terrivelmente overrated”. Ele faz cara de parvo e confirmo que é mesmo assim e diz “uuuummm, this is a tasty burger”. O sol começa-se a pôr e reflecte nos olhos e no resto da cara de parvo dele que é mesmo, mesmo, mesmo assim. Não há volta a dar. Digo-lhe “pareces o leopardo” e ele “because of the metric system?” e eu “não, não o do Visconti mas aquele do 2001 que fica com um brilho nos olhos” e ele “my name is Buck and i'm here to fuck” e eu “parvo, pensei que me ias cantar Sérgio Godinho” e ele “you don't understand. I coulda had class. I coulda been a contender.” e eu “Kazan” e ele “Stellaaaaaa” e eu “Kazan outra vez” e ele “in the fifth, your ass goes down” e eu dou-lhe um Elaine's “getoutofhere” e digo “ainda ficas com a retina queimada como aquele bispo no livro do García Márquez” e ele “bitch, be cool” e eu “sim, estou só a armar-me para as miúdas lá do blog” e ele “mayonnaise”. Voltamos ao carro e leva-me a um restaurante no Guincho com vista para o mar. É um verdadeiro cavalheiro. Leva-me a jantar fora e não espera um broche nem me empurra a cabeça para baixo naquela de dar a entender que quer mesmo um broche. Não sinto nada duro. Apenas o cinto com uma águia e as botas de cowboy. Eu compreendo-o. Se tivesse um carro com bancos de pele também ninguém se masturbaria lá dentro. Porque mesmo quando um gajo põe um lencinho, aquilo escorre sempre. Ou então ensopa, desfaz o papel e molha. E depois há sempre a tendência de meter os papelinhos no coisinho do cinzeiro. E as gajas que têm carros e já fizeram isso, sabem que o cheiro a esperma refoga. E as vossas mães também já foram adolescentes e também já masturbaram tipos ao volante e notam o cheiro mas, sem o conseguirem localizar dizem, inconscientemente, “ainda andas com o Gonçalo?”. Claro que antes os assentos eram todos em napa e naquele outro material aos furinhos que vinha em todos os “Opeles”. Passava-se um paninho e saía. Mas um gajo que faz sempre filmes com gajas tão boas é superior a essas coisas. Nem diz daqueles “i love you”s do broche. Um gajo quando diz “amo-te” é porque vai pedir um grande favor ou quer um broche. Eu já amei muitas gajas, por isso sei do que falo. Nunca acontece de outra maneira. É como quando no outro dia me disseram “não deites a rolha fora” como se a garrafa de vinho fosse durar para além do jantar. Nunca aconteceu. Nunca acontecerá.
Há qualquer coisa num tipo que está a perder cabelo que me encanta. Ainda mais quando tenta disfarçar com aquele cabelo que se põe nos filmes que parece real só que não encaixa muito bem à frente e que só disfarça bem ao Sean Connery. Um gajo quando começa a perder cabelo tem de ter um descapotável. O meu dermatologista disse-me “tomas estes comprimidos e não tens nada com que te preocupar” e realmente parece que tenho um Tony Ramos particular em cima da cabeça. De vez em quando tira o pau. Consigo as gajas todas mas não tenho nada que fazer com elas. Felizmente, comprei um baralho de cartas e jogamos à bisca dos três.
Não acho que este filme seja nada de mais. Se calhar tinha as expectativas demasiado elevadas. E depois foi um bocado fiasco. Cheira-me que até o do Rodriguez, que nunca fez nada de jeito tirando o “Sin city” mas isso foi por causa do Frank Miller, vai ser melhor que este. E até tem aquela miúda dos Black Eyed Peas. Sonho um dia tocar xilofone nos abdominais dela. E o Tarantino só tem a Rosario Dawson de quem eu pensava, ainda a propósito do “Sin city”, “esta gaja nem é assim nada de especial” mas depois quando vi neste filme fique assim “fónix, man, granda cena ó o caralho”.
Então isto é carros e shots. E o Kurt Russell a espetar-se em carros com miúdas boas lá dentro. E a música do costume. Aqueles clássicos que já ninguém se lembra mas que ele vai sempre buscar e regressam em grande. É apenas uma homenagem aos filmes série b e penso que só o Tarantino se safaria com um filme destes.

Ah, a propósito, folheei ontem o último livro do Harry Potter e não é ele que morre, pois tem duas falas na última página.

Death proof - :)

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

sleeper

Ela: "Porque é que tens duas marcas no livro?"
Eu: "É uma para cada uma das personalidades".

sábado, 21 de julho de 2007

so much better on holiday

Ele: "O Céu é aquele sítio para onde vamos a seguir".
Eu: "Mas não íamos a Tomar?"

death from above

Ele: "O meu avô teve um AVC".
Eu: "O meu teve um BMW, descapotável".

go go

Se as ciências ocultas fossem realmente ocultas, ninguém saberia delas.

melting

Um gajo sabe que tem problemas com a bebida quando faz 20 km para ir comprar whisky.

rush

Se a humanidade desaparecesse os regadores de relva automáticos continuariam a funcionar.

acho que foi o gin

Dei uma gorjeta de 4 euros a um taxista porque me convenci que ele era um homem bom.

don't know what i'm looking for

Arctic Monkeys foi um especial de 1 hora e 30 de "Morangos com Açúcar".

above

Na esquadra aqui de Telheiras não aceitam queixas contra Deus. Correram comigo quando lhes disse que queria apresentar queixa porque suspeitava que Deus me queria matar.

o fim do mito

Vomitei.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

when the sun goes down

Ela: "Os tremoços fazem-me beber mais".
Eu: "As noites mais longas fazem-me beber mais".

the awful truth

Depois de me ter ultrapassado e de lhe terem dito onde começava a fila, ela disse, apontando para mim: "então era por isso que ele estava a olhar para mim daquela maneira". E eu respondi-lhe: "pois, é que doutra maneira nunca olharia".

segunda-feira, 16 de julho de 2007

i'm wanted at the traffic jam, they're saving me a seat

Perguntei ao empregado se tinha entradas, na esperança de conseguir uma carcaça e um pacotinho de manteiga, mas ele limitou-se a levantar a franja e a abanar a cabeça que sim.

domingo, 15 de julho de 2007

planet caravan

Ela: "Porque não foste ajudar a senhora (que tinha caído de testa naquele poste do meio do autocarro)?"
Eu: "Já tentaste tirar nódoas de sangue de calças de 150 euros?"

give or take a night or two

Não acho que o mundo vá acabar tão cedo nem que haja alguma espécie de holocausto nuclear, mas, por causa das coisas, guardo sempre a minha roupa boa dentro do armário.

i practiced every night and now i'm ready

Nós, os esclarecidos, não temos dor de burro mas sim dor de inteligente.

bus driver

Não sei o que me deu mas quando o condutor do autocarro falhou uma subida à primeira disse-lhe bem alto "iiiih, não sabe conduzir".

sábado, 14 de julho de 2007

they sentenced me to twenty years of boredom

Um gajo sabe que bebeu de mais quando as primeira perguntas que faz ao acordar são "quem é esta gaja?" e "porque é que a janela dá para a Conde de Redondo?".

bad news

Afinal o gin dá ressaca. É preciso é passar o ponto do "não me lembro como cheguei a casa".

ibm

Para quê um saca-rolhas quando um martelo e um passador fazem exactamente a mesma coisa?

quinta-feira, 12 de julho de 2007

i think i love you

Ela: "'Crime e castigo'? Muito bem. Não te sabia gajo de Dostoievski".
Eu: "Não sou. Mas é o único livro que ficava bem com esta camisa".

curiosidades

Ponho sempre o ponto final à direita, depois de fechar as aspas, mas os pontos de interrogação e exclamação à esquerda, ainda dentro da cena.

capricorn

Eu: "Detesto os Humanos".
Ele: "Em geral?"
Eu: "A banda, meu".

the desert inside

Ela: "Queres ir jantar fora?"
Eu: "Não. És demasiado boa para eu algum dia me sentir à vontade ao pé de ti".

sete

Desespero é uma árvore ter comichão no tronco.

time is all we have

As pessoas quando estão apaixonadas não são mais felizes. Têm é menos tempo para se lembrar de quão miseráveis são.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

take it easy, baby

Marie Antoinette – Maria Antonieta


Ó virgem, suicida-te.

Eu joguei Subbuteo e isso faz de mim um entendido em tédio. Como não sabia as regras, os bonecos moviam-se infinitamente tornando cada jogada num longo período de 20 minutos. Isto quando não acabava tudo à estalada e se espezinhava os bonecos todos. Até que veio o Careca e explicou como se jogava Subbuteo. E que afinal aquilo tinha regras e não era só atar e pôr ao fumeiro. O Careca era a versão pre-teen do Rui Santos, sem pintelhos e brilhantina, mas com uma testa do tamanho dum transferidor. Sabia tudo o que havia para saber sobre futebol. Para o Careca a bola não era redonda, não havia apenas 11 jogadores de cada lado. O futebol estava para além daquilo que se vê. Havia ciência. Havia ondas de energia que flutuavam entre os jogadores e a bola e o público. Quando eu gritava “chuta, chuta, parvalhão”, o Careca dizia “dali não tem ângulo”. Ele tinha vergonha de ir comigo ao futebol. Para mim a única coisa que tinha ângulos eram as figuras geométricas. Não conseguia ver ângulos num remate ou numa jogada. Depois também se podia meter a bola ao ângulo. Que não era o mesmo ângulo, era outro. E, às vezes, mesmo quando não se tinha ângulo, podia-se meter a bola ao ângulo, como fez o Van Basten. Para ele era Marco Van Basten. Para mim era Gullit. Para ele era Ruud Gullit. Saber os primeiros nomes era saber de futebol. Foi com o Careca que aprendi a “picar” uma bola, foi com o Careca que aprendi o que era um fora de jogo (explicado com rodelas de cenoura, no tabuleiro do refeitório, entre o empadão de bacalhau e a mousse de chocolate de pacote), o que era uma “abertura” (que depois o Camola, que foi a primeira pessoa a quem enfiei um soco na fronha, transformou em “abertuuuuuuuuura” mas não por muito tempo porque alguém que vem aqui ler isto fez-lhe uma entrada a pés juntos que o meteu no estaleiro durante o último período do 7º ano e os dois primeiros períodos do 8º). O Careca tinha uma folha de Excel onde anotava os nomes de todos os jogadores de todas as equipas das duas principais divisões. Marcava resultados. Sabia que o 4-4-2 se podia transformar num 4-3-3, caso os médios-ala convergissem para o miolo e os trincos abandonassem o eixo. Para mim, que sempre fui um gajo das ciências, um eixo podia existir praticamente em qualquer sítio e não havia diferença entre um defesa de marcação e um defesa de zona. Mas havia. E as diferenças podiam ser desastrosas, caso não se compreendesse as implicações daquilo tudo. Ele tentou explicar-me. Mas eu sempre gostei de futebol de ataque. De jogar à mama, como o Magnusson. De marcar aqueles golos à cabrão que era só empurrar quando a jogada e o remate tinha sido de outro. Especialmente quando eram do Cego. Que fintava sempre com uma mão nos colhões. Consta que o Cego tinha uma pila do tamanho dum braço. E se calhar era para não abanar tanto. Os tansos é que iam à defesa. Os tipos que tinham dois pés esquerdos. Os que “não jogam lá muito bem mas são 'muita' bons a atrapalhar”. Eu era destes. Mas estive presente, a avançado centro, quando, na 3ª classe, ganhámos 17-1 aos gajos da 4ª. Que no fim, com o mau perder, começaram a passar a bola do defesa para o guarda-redes. Mas o resultado estava feito. E o Carlos, que era o árbitro disse : “vocês é que se fodem”. E foi a primeira vez que a Joana Freitas olhou para mim sem aquele olhar de nojo que a caracterizava. Especialmente quando olhava para mim. Acho que nunca esqueceu o facto de eu lhe vomitar parte do cabelo na visita de estudo a um sítio onde se fazia pão ao pé de Mafra. Ainda hoje penso nela e se não teríamos sido felizes, não fosse o incidente do vómito. Mafra já me dava vómitos muito antes de lá ir. O nome Mafra. Mafra cheira a celulose. E mais aquela terrinha que se chama não sei o quê da Serra. E que depois tem outra que existe para outro sítio que é muito parecida mas que não é “da Serra” é lá do caralhotafoda. Acho que se nota que gosto de dizer caralhotafoda. Caralhotafoda, caralhotafoda, caralhotafoda. É doutro sítio qualquer. Quase tudo o que fica para lá da Calçada de Carriche causa-me vómitos. Qualquer terrinha que tenha um restaurante onde se almoce ao Domingo. Onde “a chanfana seja daqui *mexer na orelha*”, que tenha pratos “à padeiro”, que me lembre o cheiro a Opel novo, a frase “não és tu que gostas de manga, A.?” (A., efeito do 'Crime e castigo'), o toldo azul daquele restaurante em Sesimbra onde havia arroz de tamboril e que depois uma vez estava estragado e a minha avó disse “prefiro comer uma sandes de fiambre a comer arroz feito à 'raistaparta'”. A minha avó é que a sabia. Não metia a manteiga no frigorífico porque assim é que se espalhava bem, tinha sempre carcaças e pão de forma. Daquele mesmo de forma e não do outro que agora se vendem pacotes para os miúdos irritantes. Ainda hoje dou por mim a sentir a falta dela. É estranhíssimo para quem não tem sentimentos.
Acho que é por isto que aos domingos não saio de casa. Ou isso ou por causa das ressacas monumentais que costumava ter. O uso do pretérito é propositado. O gin tónico bem que pode derreter o fígado e “qualquer dia começas a escamar das mãos e a ter manchas daquelas amarelas na testa” , mas o gin tónico leva-me “lá” sem o mínimo de ressaca. Voltei a conseguir divertir-me e tudo graças a ti, gin. Se fosses mulher e não me moesses o juízo, convidar-te-ia (não tentem) a irmos viver juntos. Na Graça, na Penha de França, em Arroios com vista para a Almirante Reis. Eu, que gosto dos Kiss, achei sempre que aquelas coisas que os gajos da música dizem “we love you all”, “we are so glad to be here tonight”, “you are the best” era tudo treta. Mas os Kiss começavam o “Cold gin” dizendo que era a única coisa que “can get you there”. É verdade que já alucinei com whisky a mais. Que já corri do Chiado ao Marquês de Pombal por causa duma ganza que estava estragada e ainda por cima mal enrolada. Mas gin é gin e mesmo com o charme a 20% já consegui que a empregada do Suave me mostrasse as mamas na casa de banho.
Por falar em mamas, tudo o que pode haver de bom neste filme é ver-se a Kirsten Dunst nua. Duas vezes de costas e depois um mamilo assim quase a saltar. E ela é tão má actriz como boa de rabo. Não deixa de ser verdade que tem aquela cara de pãozinho sem sal e os dentes metidos para dentro. E logo eu que sou obcecado com dentes, com o Português e com o achar que tenho sempre um macaco a sair do nariz. E com chinesas. Daquelas magrinhas que se sentam com a perna traçada e agitam o pé de cima ao som lá da banda de rock chinês que devem estar a ouvir na imitação de iPod que têm. Comprado nos chineses. São perfeitas para andar de metro, as minhas obsessões. É perfeito para a estação do Martim Moniz, enquanto uma desdentada daquelas que compra roupa por atacado a 2 euros e que faz sempre conversa com quem quer que se sente à sua frente “então e quanto é que 'pagastes' por isso? A mim não me fodem eles. Comprar roupa na 'Sara' por 10 euros para estar toda fodida no fim do Verão...ná. Eu cá vou ali ao Martim Moniz. Diz que os ciganos compram isto aos sacos e depois é por isso que vendem tão barato. É uma pena é cheirarem tão mal. Sabe que o cheiro a cigano ainda custa mais a sair que o cheiro a preto”.
Se no metro se aprendem algumas coisas, é perto dos quiosques que se apanham as grandes frases que fazem começar bem o dia. Sexta, quando me aproximo para comprar o Público, um velho que olhava para uma revista daquelas da treta com o Cristiano Ronaldo na capa lança a seguinte frase para quem quisesse ouvir: “este cabrão deve foder tanto”. Estive para lhe responder que eu bem que me masturbo, mas o máximo que fui notícia foi no boletim da escola, quando fiz anos. Achei melhor estar calado porque não se deve irritar os bêbados logo de manhã.
O parágrafo anterior tinha um seguimento e um raciocínio encadeado (mas desencadeou-se) que levaria toda a gente a um sentimento reconfortante de alguma coisa bem explicada. A cena é que me embrulhei com vírgulas e aspas a mais e já não sabia muito bem como continuar e ainda tenho de ir fazer a barba que isto agora de ter patrão é lixado. E já são 1:01. E o mais triste de tudo é que a minha lista de música é a música do Kane do wrestling a tocar em repeat. Isto não ajuda ao meu estado actual. As cuecas em cima da cama também não. Até porque têm uma mancha de suor em forma de funil. Não sei como aconteceu. Eu até nem suo.
Eu gosto de ser o primeiro por quem o filme passa. Ser o único na fila mais à frente. Do género, primeiro o conhecimento passa por mim e só depois chega aos outros que se espalham para trás, se eu aprovar. A foda do Nimas é que as betas do Técnico agora também lá vão. E sentaram-se do meu lado direito. Mais umas bichas quarentonas do meu lado esquerdo, qual Cristo na última ceia. Estavam ali porque não tinham mais nada que fazer e são daqueles que fazem sempre questão de aparecer nas fotografias. Deixá-los.
A foda de ser rei deve ser o protocolo todo. Um gajo vai a qualquer lado e depois vêm sempre pessoas atrás e nunca deixam que um gajo se vomite todo e possa subir em paz para cima dos carros e gritar disparates como “a audácia é a infelicidade dos néscios”. Eu, que fui rei da festa de finalistas na minha escola, bem que me fodi. Calhei com a Joana Mamede que era a única tipa que não deixava que um gajo lhe metesse a mão por dentro das cuecas. Quando fui dormir, era o único do bairro que não tinha nada para cheirar.


Marie Antoinette - :O

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”