quinta-feira, 26 de abril de 2007

blue bus

A scanner darkly, Electroma, Fay Grim, Viva


4 em 1


Eles a mim não me fodem. Fui à primeira sessão do Indie e andava lá tudo com o Y, que agora se escreve por extenso, debaixo do braço ou mesmo a mostrá-lo e eu, feito parvo, ainda fui a casa “pôr as coisas” e trocar de sapatos e depois não tinha nada para mostrar. A não ser as minhas calças novas de 150 euros mas perdi a etiqueta do preço e ninguém me veio perguntar “iih meu, essas calças muita giras não custaram 150 euros?” ao pé das gajas boas do Indie. A única pergunta foi do homem com o cabelo mais perfeito de sempre. Um tipo que serve no café do Fórum Lisboa. “A água é sem gás?”. Agora estive a pensar e acho que me enganei em qualquer coisa. Isto aconteceu tudo no Domingo. Tudo não. O primeiro filme. Ah, na sexta passei lá para ir comprar bilhetes e aí é que vi a cena dos Ys. Depois no Domingo, e como a mim não me fodem eles, levei 7 Ys num saquinho de plástico. Ainda os tentei espalhar pelos bolsos e por debaixo dos braços. Mas o calor apertava e não queria bolas de suor. Mas as perguntas não variaram muito: “o curto é para quem?”. A cena do café curto é que depois as pessoas vão e associam. E depois nos restaurantes quando me metem um café normal à frente tenho de dizer “ó amigo, o meu é curto”. Quando é uma gaja, aproveito para dizer “o café, o resto é do tamanho do braço duma criança”. Nunca resultou. Parece que as gajas têm alguma coisa contra braços de criança. Ou então sou eu que escolho muito e depois ainda me acontece como daquela vez em que tinha de fazer uma composição em grupo e, primeiro, queria ficar com o Careca, porque ele tinha jogos de computador novos todas as semanas mas ia sobrar o trabalho todo para mim, depois havia o Seiça que era um tipo fixe mas que foi operado à peida e levou pontos que rebentaram quando o Barroso, que era surdo, o viu a mexer-lhe no estojo e lhe mandou um pontapé nos pontos, e o Zagalo que era muito esperto mas não sabia jogar à bola e, durante a mudança de voz, atingia 3 oitavas de amplitude vocal sem grande esforço. Tanto escolhi que, quando dei por ela, já tinham todos grupo e só sobrava o Zoio. O Zoio estava para a minha turma do 6º ano como a estrela-do-mar está para a evolução. A única coisa que sabia fazer era estar. Depois inventava bué. Dizia que o pai era ninja e que tinha uns óculos de sol que só havia mais dois no mundo – curiosamente, eram dele e do irmão – e que, uma vez, acertou com um shuriken do pai no olho de um boneco desenhado numa tábua a 100 metros de distância. Não foi desenhado a 100 metros de distância, acertou foi a 100 metros de distância. Provavelmente nem uma coisa nem outra.
O Zoio pouco sabia mais que o alfabeto. Ia até ao L sem grandes dificuldades mas depois, quando apareciam “as letras das perninhas” é que era “o cabo dos trabalhos”. E quando lia parecia aqueles tipos dos Moranços com Açucar a representar. O Prego, que era o professor de História e que tinha este nome por ter um buraco no alto da cabeça que o Gustavo, o do Rocky, dizia que era de uma vez que ele tinha caído dum segundo andar de cabeça em cima dum prego, disse que ele, o Zoio, precisava era de óculos. Mais ou menos como aquele árbitro do Porto-(inserir nome de clube). Sobrou tudo para mim e tivémos “satisfaz”.
Ainda na sexta, e antes dessa maçada que é falar dos filmes, fui assim ao restaurante com a gaja mais boa de sempre a servir. Um russo ali debaixo da ponte sobre o Tejo. É deprimente o que um homem é capaz de fazer para chamar a atenção. Ele foi livro em cima da mesa, ele foi pedir “era mais uma garrafa deste vinho bom e caro, se faz favor”, ele foi provar o vinho e fingir que percebia, ele foi dizer assim alto “pois, nós lá no Instituto Ultra-secreto das Armas Super-Especiais também temos mesa de matrecos”, ele foi desapertar o último botão da camisa da cena, e nada. Há gajas que um gajo bem que pode tentar tudo que nada. Nada de nada. Nada de nada de nada. Nada de nada de nada de nada. Nada de nada de nada de (nota-se que estou a encher linhas apenas?) nada de nada. Ainda tentei pedir café e fazer a piadinha do curto mas fui o único que pediu e a piada perdeu-se. E como a comida nem era nada de especial, nem tenho motivo assim para dizer às pessoas “ina meus, podíamos era ir àquele russo”. Até porque vêm cá todos ler isto e depois a partir deste momento já me vão topar. E se há cena que eu detesto que me façam é que me topem. Isso e ficar com vontade para cagar depois do banho.
Nós, que vamos muito ao cinema, arriscamo-nos a chocar com quem realmente importa. Em três dias vi, por ordem de importância, o Cláudio Ramos, o Hal Hartley e aquele brasileiro da publicidade da TVI. E parece que estava lá um tipo dos Tindersticks também. Mas eu, dos anos 90, só conheço bandas de metal.
Um gajo quando vai ver um filme de ficção científica, especialmente se for baseado num livro do Philip K. Dick, já sabe que 70% do filme está feito. Até um realizador medíocre, como a equipa do Benfica... como o Spielberg (isto de falar em medíocre um gajo associa logo), conseguiu fazer um filme relativamente bom como era o Minority Report. Portanto não há muito a dizer. Deve ter dado o dobro do trabalho porque além de ser o filme, depois é pintado por cima. Assim tipo segunda demão. E tem o Keanu Reaves que, com aquela cara de canastrão – como os da Câmara Pereira, nem precisava de estar pintado e tornou a vida muito mais simples aos tipos que pintaram por cima porque puderam usar a mesma cara em todas as cenas, e aquele que fez de Chaplin e “diz que é” viciado em crica. Assim como eu, mas sem proveito. E o Woody Harrelson que nem parecia ele porque não estava velho e tinha algum cabelo. É sobre a droga. Diz que agora anda aí muita e, como dizia a empregada da minha avó, “os meninos podem fumar mas têm é de ter cuidado com os cigarros da droga”.
O Electroma é sobre dois tipos que parecem mesmo pessoas a imitar robôs e que nunca falam e que andam num carro e no deserto e parece que um se chama Daft e o outro Punk e depois um rebenta e tem uma música muito gira, não quando rebenta, o filme mesmo, e passam um duplo traço contínuo e um gajo fica a saber que na Califórnia, como cá, pode-se passar na boa traços contínuos em vídeo porque “a bófia não mandáqui”. Parece-me que os betos não gostaram. Até porque se viu uma vagina (sim, uma cona) do tamanho da tela do São Jorge e eles lá deram aquelas risadinhas.
O Fay Grim nem me lembro muito bem. Mas estava lá o Hal, o Hartley, não o 9000, e havia uma gaja assim tão boa no filme que nem dava para um gajo se concentrar. E também era com “A mosca”. Vou ver se acho uma foto e já ponho aqui.



O Viva era mamas e cricas. Mas como era low-budget, as miúdas eram todas mal feitas. E havia mamas daquelas tipo uva.
A merda toda é que um gajo trabalha e não pode ficar por lá a ver as miúdas do Indie, assim até mais tarde. Até porque a fumarada é tanta que cada minuto passado no São Jorge corresponde a três horas de viva efectiva.


A scanner darkly - :D
Electroma - :D
Fay Grim - :D
Viva - :)

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

4 comentários:

Anónimo disse...

Epá, grande post sim senhoras!
finalmente o senhor Juvenal voltou ao que era:|

Zorze Zorzinelis disse...

Muito bom, pá! A melhor reportagem que alguma vez se podia escrever do Indie. Tens alto talento e espero que tenhas noção disso! Abraço!

tota disse...

não tenho palavras, tou rendida! És fabuloso!

Caol Ila disse...

:D~
É pá...
amei aquela do hal 9000.

Eu aqui a tentar resistir ao Y, até-porque-diz-q'as-gajas-lá-são-do-caraças-e-a-minha-mulher-era-capaz-de-não-gostar-da-cena (do filme, não das gajas), e vens tu e estragas tudo.
Um esforço incrível para ir ver o Sunshine ao Cinema City e... isto!

Vá lá que são só masi 2 dias.