domingo, 13 de maio de 2007

manual de instruções para crimes banais

Psicopata americano – Bret Easton Ellis


Isto de andar de transportes públicos faz um gajo ler muito mais do que antes. É uma vergonha mas não terminava um livro desde que saiu o último volume dos irmãos Hardy há quase 14 anos. É complicado gerir a cena de se ser do metal e ler livros dos irmãos Hardy. Um gajo andar com uma t-shirt a dizer Megadeth e um livro dos irmãos Hardy com um balofo chamado Chet na capa é o mesmo que pedir para levar porrada. O que vale é que ninguém sabia e quando havia aqueles concertos do metal num barzinho na Graça ninguém falava de literatura. Apenas de Panténe e de como evitar apanhar beatas com o cabelo durante o headbanging. Os concertos do metal em Lisboa juntavam algumas das pessoas mais feias de Portugal. Eu sei do que falo porque estava lá e era pacífico desde que mantivesse as mãos longe das bocas deles. Era raríssimo ver uma dentição completa ou alguém que não suasse que nem um porco e cheirasse ainda pior. Eu, a minha pele luminosa e o meu cabelo lustroso brilhávamos no meio daquela gente toda e por isso nunca fui muito bem aceite. É como o Wolverine nos X-men. É assim um bocado à parte embora seja o gajo mais cool. A cena que não entendo é como é que aquela dos X-men que é boa, não a que tem os dentes separados nem a preta, prefere o tipo do olho que deita luz ao Wolverine. Até eu que sou homem, se tivesse de escolher em ir jantar fora com algum dos X-men, escolheria o Wolverine. Sempre podia virar o chouriço e cortá-lo para não rebentar no assador. E ainda para mais, o correspondente português de Wolverine cheira-me que é Lobantunes. Esta fui eu que inventei hoje de tarde enquanto via os X-men na TVI. Só até ao primeiro intervalo porque com o tempo que demoram e com a memória a curto prazo que tenho, um gajo esquece-se do que estava a ver.
Agora a cena dos super-heróis parece que voltou a estar na moda. Até parece que há uma série que dá que todos fazem cenas e têm um poder especial. Felizmente, não têm de o mostrar exibindo fatos de licra com o alto dos colhões a ver-se proeminentemente. Na dúvida de como se escreveria licra, fui aos meus calções de ginástica colecção Primavera-Verão 2006 do Richard Simmons. Encontrei um pintelho, os restos duma borbulha do cu rebentada e lá estava “75% algodão, 25% licra”. É a minha dúvida anual. E ainda só estamos em Maio. Raios.
Em Portugal é que continuamos sem ter super-heróis. Ainda para mais agora que o Simão está lesionado, já ninguém voa. Eu, em tempos, também tive um super poder. Que era acender (não tentem isto em casa) cigarros com a mesma mão para a qual me tinha peidado segundos antes. Por diversas vezes alguém comentava “alguém cá do prédio está a fazer cogumelos a vapor”. Outro dos meus super-poderes era ter terçolhos. Infelizmente não podia tirar qualquer partido da situação a não ser repelir as gajas boas. Mas isso já o fazia mesmo sem terçolhos.
Uma página inteira e ainda ninguém deve ter percebido que isto agora é sobre livros. Eu também sou dos que lêem. E este até têm uma vantagem sobre todos os outros. É que tem o nome do livro na capa e na contracapa. Então não é necessário ter em atenção de que lado do metro é que há mais gajas boas para virar a capa. Assim todas podem ver o que estou a ler com metade do esforço. Não estou a ler com metade do esforço, elas é que coiso. Foi a última vez que usei esta piada.
Há um tipo da noite de Lisboa que não tem amigos (é tipo eu mas em feio) e, segundo consta, nunca falou e não faz mais nada da vida a não ser estar na noite. Ele persegue pessoas. Não como eu fazia. Antes havia aqui uma miúda muita boa que apanhava sempre o 47 a seguir a mim. A única maneira de partilharmos o autocarro era eu chegar atrasado às aulas. E eu, que nunca chego atrasado a lado nenhum (sou mais pontual que um relógio atómico), fazia um compasso de espera (qual Gabriel Alves) para ir no mesmo autocarro que ela. Eu tinha 16 anos e sei que ela me queria. A cena foi que nunca tivémos nada em comum. E um dia, quando a apanhei no autocarro de regresso, vi uma bola de muco a acumular-se-lhe no nariz. E os meus sonhos desfizeram-se como aquela janela que o irmão do Banha atirou de um segundo andar para o meio do recreio dos miúdos do 5º e 6º ano. Felizmente ninguém se magoou a não ser o Carneiro, que era o director de ciclo, mas não na janela. O Carneiro tinha uns sapatos de corda com uma sola menos espessa que uma fatia de fiambre que coleccionavam todos os “pionéses” que iam da cantina à casa do Cágado. Isto tudo para dizer que a alcunha do tipo do início do parágrafo é “o psicopata americano”. Não por ser um gajo cool, ou ter roupa de marca e gravatas Ralph Lauren, ou óculos de osso e o cabelo penteado para trás. Nada disso. É o olhar e o stalkerismo. Algumas das melhores alcunhas de sempre fui eu que inventei. Não vou expô-las aqui porque já sei como é. E depois os outros vão começar com cenas a dizer que não fui eu que inventei e mais não sei o quê.
A premissa do “Psicopata americano”, o do livro não o da noite de Lisboa, é que o melhor da vida são as coisas de marca e as gajas boas e que deixam um gajo vir-se na cara delas e cortar-lhes as mamas com uma faca. Pouco tempo depois vi um filme que confirmava isso. Chamava-se Cypher e não era grande coisa. Foi mais uma daquelas reposições do Quarteto dos filmes do Fantasporto. A cena é que havia um tipo de óculos, com camisolas daquelas com losangos que trabalhava numa empresa de segurança e era casado com uma enrugada e no fim já andava com uma camisa de linho, uns óculos Ray Ban e mandou uma por trás na Lucy Liu num barco daqueles com vela que ela, quando se veio, aquilo até respigou para dentro de água.
Tudo o que importa está ali. Este livro está para os homens como aquelas revistas que não dizem nada de jeito estão para as mulheres. O que fazer, que cremes usar, como usar colete, se o amaciador se usa antes ou depois do champô, como usar o fio dental, se o cinto deve combinar com os sapatos ou com as meias, qual a melhor aparelhagem, como bater nos sem-abrigo e qual o melhor cartão. É o manual de instruções para o sucesso.


Psicopata americano - :D

:O~ <- livros do Nuno Markl ou do careca da bóina
:O <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa se peida com molho
:| <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa se peida
:) <- livros que também ficam bem na prateleira
:D <- António Lobo Antunes
:D~ <- livros de cheques

8 comentários:

Anónimo disse...

pensei que ias falar no filme Manual de instruções para filmes banais...

és o 1º que me lembre que fala do nome desse filme que vi praí ha 10 anos no Fantasporto. Era a preto e branco. Nos 1ºs 30 minutos de filme, 15 pessoas abandonaram a sala do cinema...mas eu gostei do filme

paulo disse...

o livro é fixe mas ou a minha cópia tinha páginas a menos ou aquela merda acaba duma forma muito estranha...

Rita Ochoa disse...

fiqui presa no ":O <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa de peida com molho". Falta alguma vírgula ou palavra ?

Anónimo disse...

PORRA. LEMBRO-ME BEM DOS IRMAOS HARDY! e o manual de instruçoes de para crimes banais... suponho que tambem viste o filme ;P

viva a senhora de fatima!!!!

juvenal, o anormal disse...

foi uma letra ao lado.

Sud Ram disse...

O filme também não presta. As gajas nem são assim tão boas.

No meu livro é que são boas.

Anónimo disse...

ó anormal, já que tens a mania que tudo sabes, toma lá esta:

Lycra:
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Lycra é uma fibra sintética de grande elasticidade, muito utilizada na confecção de calças, maiôs, cintas e biquínis.


http://www.lycra.com/
LYCRA® is a registered trademark of INVISTA for premium stretch fibers and fabrics.
(este site tem gajas boas)

Anónimo disse...

e ja agora:
"Spandex" was coined from an anagram of "expands" and it is the preferred name in North America; elsewhere it is referred to as "elastane". Because of its brand prominence many people use the name Lycra as a generic description for spandex; Invista discourages such use, protecting its trademark vigorously.
http://en.wikipedia.org/wiki/Spandex