terça-feira, 31 de julho de 2007

lunch time

Ao almoço.
Ele: "O Universo deve ser um sítio mega-silencioso".
Eu: "Nunca viste stand-up comedy de mudos? É igual mas sem o som das focas no fim"

simple

Não há nada como comer caju em casa do Cajó.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

agora é que me fodeste

Pedi um sinal a Deus e resolvi três solitários, vegas style, de seguida.

rip

Ele: "Viste alguma coisa do Bergman?"
Eu: "Vi o funeral".
Ele: "Esse não é do Ferrara?"
Eu: "Meu, o funeral do Bergman em directo no Telejornal".

quinta-feira, 26 de julho de 2007

crime e castigo

Death Proof – À prova de morte


Kill Plissken

Sou amante do Tarantino. Não no sentido de ele me ir buscar ao trabalho num descapotável e me levar a passear pela marginal em direcção ao CCB. No caminho, conto-lhe o meu dia. Do que programei em c# e ASP.NET. Daquele bug que afinal não era bug mas era a configuração do IIS que não estava correcta. Dos querys de SQL. Da Fátima da contabilidade que ficou de coração partido, quando lhe contei sobre nós e do miúdo do Congo que encomendámos pela Internet. Do melão queimado que servem ao almoço. Da contagem de germes afixada ao lado da caixa. Ele olha-me com um brilho nos olhos e cara de parvo. Está feliz. E eu também. O sol do fim de tarde projecta as sombras do queixo dele e do meu nariz a kilómetros de distância. Algures na margem sul, estragamos o espectáculo de sombras chinesas do Grupo Recreativo de Sombras Chinesas do Laranjeiro. Digo—lhe “baixa a capota que uma cara destas não se consegue a troco de nada e custa a manter e não quero ficar com rugas” e ele “i mean, don't fuck with another man's vehicle”. Nenhum de nós leva o cinto posto (afinal, é à prova de morte). Vou encostado debaixo do braço dele, suado em bola, a cheirar a Davidoff e a suor daquele que fede. Adoro a palavra fede. “Sábado fedi” mas foi por uma boa razão. Guia apenas com uma mão e mexo-lhe no umbigo cheio de cotão por baixo do pólo Ralph Lauren. Digo-lhe “ó Quentin, sabes que há cotonetes?” e ele responde-me “they look like a couple of dorks”. Paramos no CCB. No parque, porque ele não é daqueles pelintras que deixa o carro em cima do passeio por 2 euros. Subimos e acompanha-me até à esplanada antes de perguntar “fuck, nigga, what did you do to his towel?” e eu respondo “surpreende-me”. Ele aponta-me o indicador em forma de pistola e, fazendo cara de parvo, dobra duas vezes o polegar fazendo *click* *click* com a boca e, novamente, cara de parvo. Olho o rio e inspiro fundo. Um sentimento de felicidade invade-me mas consigo expurgá-lo antes de causar danos ou de começar a pensar nos Beach Boys e em como é bom ir à praia e andar de bicicleta ao fim das tardes de Verão. Volta e oferece-me uma cerveja de garrafa (sem copo) e um shot de whisky. Recita-me um poema e pede-me um lap dance. Derreto-me e digo-lhe “ó Quentin, tu sabes tratar um miúdo”. Ele faz cara de parvo e diz “garçon means boy”. Começo a pensar que ele tem mesmo cara de parvo e simplesmente não a faz assim só de vez em quando. Antes de começar a pôr em causa a nossa relação, falamos dos nossos planos futuros. De quando, em 2082, poderemos casar de branco. De ir viver juntos para os Anjos. Dos novos avançados do Sporting. Sim, porque ele agora gosta de futebol e é do Sporting. Temos ambos bilhete de época. Ele gosta do Derlei. Eu prefiro o Purovic. Eu digo-lhe “olha que ele no Benfica não fez um caralho” e ele “The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of the darkness. For he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know I am the Lord when I lay my vengeance upon you. I been sayin' that shit for years. And if you ever heard it, it meant your ass. I never really questioned what it meant. I thought it was just a cold-blooded thing to say to a motherfucker before you popped a cap in his ass. But I saw some shit this mornin' made me think twice. Now I'm thinkin': it could mean you're the evil man. And I'm the righteous man. And Mr. 9mm here, he's the shepherd protecting my righteous ass in the valley of darkness. Or it could be you're the righteous man and I'm the shepherd and it's the world that's evil and selfish. I'd like that. But that shit ain't the truth. The truth is you're the weak. And I'm the tyranny of evil men. But I'm tryin', Ringo. I'm tryin' real hard to be a shepherd.” e eu ”sim, também tens razão, ninguém no Benfica faz um caralho”. Eu conto-lhe do Simão ter ido para o Atlético e ele diz-me “you fuck my wife?”, eu rio-me e digo-lhe “ó Quentin, mas esse filme não é teu, é do Scorcese” e ele responde “they look like a couple of dorks” e eu “meu, já disseste isso lá em cima. Que tal algo do “Cães danados”? Ou até do “Jackie Brown”? Um gajo também gosta de ouvir um “wannafuckzinho” de vez em quando. A verdade é que eu sempre preferi o “Jackie Brown” ao “Cães danados". Sempre achei este último terrivelmente overrated”. Ele faz cara de parvo e confirmo que é mesmo assim e diz “uuuummm, this is a tasty burger”. O sol começa-se a pôr e reflecte nos olhos e no resto da cara de parvo dele que é mesmo, mesmo, mesmo assim. Não há volta a dar. Digo-lhe “pareces o leopardo” e ele “because of the metric system?” e eu “não, não o do Visconti mas aquele do 2001 que fica com um brilho nos olhos” e ele “my name is Buck and i'm here to fuck” e eu “parvo, pensei que me ias cantar Sérgio Godinho” e ele “you don't understand. I coulda had class. I coulda been a contender.” e eu “Kazan” e ele “Stellaaaaaa” e eu “Kazan outra vez” e ele “in the fifth, your ass goes down” e eu dou-lhe um Elaine's “getoutofhere” e digo “ainda ficas com a retina queimada como aquele bispo no livro do García Márquez” e ele “bitch, be cool” e eu “sim, estou só a armar-me para as miúdas lá do blog” e ele “mayonnaise”. Voltamos ao carro e leva-me a um restaurante no Guincho com vista para o mar. É um verdadeiro cavalheiro. Leva-me a jantar fora e não espera um broche nem me empurra a cabeça para baixo naquela de dar a entender que quer mesmo um broche. Não sinto nada duro. Apenas o cinto com uma águia e as botas de cowboy. Eu compreendo-o. Se tivesse um carro com bancos de pele também ninguém se masturbaria lá dentro. Porque mesmo quando um gajo põe um lencinho, aquilo escorre sempre. Ou então ensopa, desfaz o papel e molha. E depois há sempre a tendência de meter os papelinhos no coisinho do cinzeiro. E as gajas que têm carros e já fizeram isso, sabem que o cheiro a esperma refoga. E as vossas mães também já foram adolescentes e também já masturbaram tipos ao volante e notam o cheiro mas, sem o conseguirem localizar dizem, inconscientemente, “ainda andas com o Gonçalo?”. Claro que antes os assentos eram todos em napa e naquele outro material aos furinhos que vinha em todos os “Opeles”. Passava-se um paninho e saía. Mas um gajo que faz sempre filmes com gajas tão boas é superior a essas coisas. Nem diz daqueles “i love you”s do broche. Um gajo quando diz “amo-te” é porque vai pedir um grande favor ou quer um broche. Eu já amei muitas gajas, por isso sei do que falo. Nunca acontece de outra maneira. É como quando no outro dia me disseram “não deites a rolha fora” como se a garrafa de vinho fosse durar para além do jantar. Nunca aconteceu. Nunca acontecerá.
Há qualquer coisa num tipo que está a perder cabelo que me encanta. Ainda mais quando tenta disfarçar com aquele cabelo que se põe nos filmes que parece real só que não encaixa muito bem à frente e que só disfarça bem ao Sean Connery. Um gajo quando começa a perder cabelo tem de ter um descapotável. O meu dermatologista disse-me “tomas estes comprimidos e não tens nada com que te preocupar” e realmente parece que tenho um Tony Ramos particular em cima da cabeça. De vez em quando tira o pau. Consigo as gajas todas mas não tenho nada que fazer com elas. Felizmente, comprei um baralho de cartas e jogamos à bisca dos três.
Não acho que este filme seja nada de mais. Se calhar tinha as expectativas demasiado elevadas. E depois foi um bocado fiasco. Cheira-me que até o do Rodriguez, que nunca fez nada de jeito tirando o “Sin city” mas isso foi por causa do Frank Miller, vai ser melhor que este. E até tem aquela miúda dos Black Eyed Peas. Sonho um dia tocar xilofone nos abdominais dela. E o Tarantino só tem a Rosario Dawson de quem eu pensava, ainda a propósito do “Sin city”, “esta gaja nem é assim nada de especial” mas depois quando vi neste filme fique assim “fónix, man, granda cena ó o caralho”.
Então isto é carros e shots. E o Kurt Russell a espetar-se em carros com miúdas boas lá dentro. E a música do costume. Aqueles clássicos que já ninguém se lembra mas que ele vai sempre buscar e regressam em grande. É apenas uma homenagem aos filmes série b e penso que só o Tarantino se safaria com um filme destes.

Ah, a propósito, folheei ontem o último livro do Harry Potter e não é ele que morre, pois tem duas falas na última página.

Death proof - :)

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

sleeper

Ela: "Porque é que tens duas marcas no livro?"
Eu: "É uma para cada uma das personalidades".

sábado, 21 de julho de 2007

so much better on holiday

Ele: "O Céu é aquele sítio para onde vamos a seguir".
Eu: "Mas não íamos a Tomar?"

death from above

Ele: "O meu avô teve um AVC".
Eu: "O meu teve um BMW, descapotável".

go go

Se as ciências ocultas fossem realmente ocultas, ninguém saberia delas.

melting

Um gajo sabe que tem problemas com a bebida quando faz 20 km para ir comprar whisky.

rush

Se a humanidade desaparecesse os regadores de relva automáticos continuariam a funcionar.

acho que foi o gin

Dei uma gorjeta de 4 euros a um taxista porque me convenci que ele era um homem bom.

don't know what i'm looking for

Arctic Monkeys foi um especial de 1 hora e 30 de "Morangos com Açúcar".

above

Na esquadra aqui de Telheiras não aceitam queixas contra Deus. Correram comigo quando lhes disse que queria apresentar queixa porque suspeitava que Deus me queria matar.

o fim do mito

Vomitei.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

when the sun goes down

Ela: "Os tremoços fazem-me beber mais".
Eu: "As noites mais longas fazem-me beber mais".

the awful truth

Depois de me ter ultrapassado e de lhe terem dito onde começava a fila, ela disse, apontando para mim: "então era por isso que ele estava a olhar para mim daquela maneira". E eu respondi-lhe: "pois, é que doutra maneira nunca olharia".

segunda-feira, 16 de julho de 2007

i'm wanted at the traffic jam, they're saving me a seat

Perguntei ao empregado se tinha entradas, na esperança de conseguir uma carcaça e um pacotinho de manteiga, mas ele limitou-se a levantar a franja e a abanar a cabeça que sim.

domingo, 15 de julho de 2007

planet caravan

Ela: "Porque não foste ajudar a senhora (que tinha caído de testa naquele poste do meio do autocarro)?"
Eu: "Já tentaste tirar nódoas de sangue de calças de 150 euros?"

give or take a night or two

Não acho que o mundo vá acabar tão cedo nem que haja alguma espécie de holocausto nuclear, mas, por causa das coisas, guardo sempre a minha roupa boa dentro do armário.

i practiced every night and now i'm ready

Nós, os esclarecidos, não temos dor de burro mas sim dor de inteligente.

bus driver

Não sei o que me deu mas quando o condutor do autocarro falhou uma subida à primeira disse-lhe bem alto "iiiih, não sabe conduzir".

sábado, 14 de julho de 2007

they sentenced me to twenty years of boredom

Um gajo sabe que bebeu de mais quando as primeira perguntas que faz ao acordar são "quem é esta gaja?" e "porque é que a janela dá para a Conde de Redondo?".

bad news

Afinal o gin dá ressaca. É preciso é passar o ponto do "não me lembro como cheguei a casa".

ibm

Para quê um saca-rolhas quando um martelo e um passador fazem exactamente a mesma coisa?

quinta-feira, 12 de julho de 2007

i think i love you

Ela: "'Crime e castigo'? Muito bem. Não te sabia gajo de Dostoievski".
Eu: "Não sou. Mas é o único livro que ficava bem com esta camisa".

curiosidades

Ponho sempre o ponto final à direita, depois de fechar as aspas, mas os pontos de interrogação e exclamação à esquerda, ainda dentro da cena.

capricorn

Eu: "Detesto os Humanos".
Ele: "Em geral?"
Eu: "A banda, meu".

the desert inside

Ela: "Queres ir jantar fora?"
Eu: "Não. És demasiado boa para eu algum dia me sentir à vontade ao pé de ti".

sete

Desespero é uma árvore ter comichão no tronco.

time is all we have

As pessoas quando estão apaixonadas não são mais felizes. Têm é menos tempo para se lembrar de quão miseráveis são.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

take it easy, baby

Marie Antoinette – Maria Antonieta


Ó virgem, suicida-te.

Eu joguei Subbuteo e isso faz de mim um entendido em tédio. Como não sabia as regras, os bonecos moviam-se infinitamente tornando cada jogada num longo período de 20 minutos. Isto quando não acabava tudo à estalada e se espezinhava os bonecos todos. Até que veio o Careca e explicou como se jogava Subbuteo. E que afinal aquilo tinha regras e não era só atar e pôr ao fumeiro. O Careca era a versão pre-teen do Rui Santos, sem pintelhos e brilhantina, mas com uma testa do tamanho dum transferidor. Sabia tudo o que havia para saber sobre futebol. Para o Careca a bola não era redonda, não havia apenas 11 jogadores de cada lado. O futebol estava para além daquilo que se vê. Havia ciência. Havia ondas de energia que flutuavam entre os jogadores e a bola e o público. Quando eu gritava “chuta, chuta, parvalhão”, o Careca dizia “dali não tem ângulo”. Ele tinha vergonha de ir comigo ao futebol. Para mim a única coisa que tinha ângulos eram as figuras geométricas. Não conseguia ver ângulos num remate ou numa jogada. Depois também se podia meter a bola ao ângulo. Que não era o mesmo ângulo, era outro. E, às vezes, mesmo quando não se tinha ângulo, podia-se meter a bola ao ângulo, como fez o Van Basten. Para ele era Marco Van Basten. Para mim era Gullit. Para ele era Ruud Gullit. Saber os primeiros nomes era saber de futebol. Foi com o Careca que aprendi a “picar” uma bola, foi com o Careca que aprendi o que era um fora de jogo (explicado com rodelas de cenoura, no tabuleiro do refeitório, entre o empadão de bacalhau e a mousse de chocolate de pacote), o que era uma “abertura” (que depois o Camola, que foi a primeira pessoa a quem enfiei um soco na fronha, transformou em “abertuuuuuuuuura” mas não por muito tempo porque alguém que vem aqui ler isto fez-lhe uma entrada a pés juntos que o meteu no estaleiro durante o último período do 7º ano e os dois primeiros períodos do 8º). O Careca tinha uma folha de Excel onde anotava os nomes de todos os jogadores de todas as equipas das duas principais divisões. Marcava resultados. Sabia que o 4-4-2 se podia transformar num 4-3-3, caso os médios-ala convergissem para o miolo e os trincos abandonassem o eixo. Para mim, que sempre fui um gajo das ciências, um eixo podia existir praticamente em qualquer sítio e não havia diferença entre um defesa de marcação e um defesa de zona. Mas havia. E as diferenças podiam ser desastrosas, caso não se compreendesse as implicações daquilo tudo. Ele tentou explicar-me. Mas eu sempre gostei de futebol de ataque. De jogar à mama, como o Magnusson. De marcar aqueles golos à cabrão que era só empurrar quando a jogada e o remate tinha sido de outro. Especialmente quando eram do Cego. Que fintava sempre com uma mão nos colhões. Consta que o Cego tinha uma pila do tamanho dum braço. E se calhar era para não abanar tanto. Os tansos é que iam à defesa. Os tipos que tinham dois pés esquerdos. Os que “não jogam lá muito bem mas são 'muita' bons a atrapalhar”. Eu era destes. Mas estive presente, a avançado centro, quando, na 3ª classe, ganhámos 17-1 aos gajos da 4ª. Que no fim, com o mau perder, começaram a passar a bola do defesa para o guarda-redes. Mas o resultado estava feito. E o Carlos, que era o árbitro disse : “vocês é que se fodem”. E foi a primeira vez que a Joana Freitas olhou para mim sem aquele olhar de nojo que a caracterizava. Especialmente quando olhava para mim. Acho que nunca esqueceu o facto de eu lhe vomitar parte do cabelo na visita de estudo a um sítio onde se fazia pão ao pé de Mafra. Ainda hoje penso nela e se não teríamos sido felizes, não fosse o incidente do vómito. Mafra já me dava vómitos muito antes de lá ir. O nome Mafra. Mafra cheira a celulose. E mais aquela terrinha que se chama não sei o quê da Serra. E que depois tem outra que existe para outro sítio que é muito parecida mas que não é “da Serra” é lá do caralhotafoda. Acho que se nota que gosto de dizer caralhotafoda. Caralhotafoda, caralhotafoda, caralhotafoda. É doutro sítio qualquer. Quase tudo o que fica para lá da Calçada de Carriche causa-me vómitos. Qualquer terrinha que tenha um restaurante onde se almoce ao Domingo. Onde “a chanfana seja daqui *mexer na orelha*”, que tenha pratos “à padeiro”, que me lembre o cheiro a Opel novo, a frase “não és tu que gostas de manga, A.?” (A., efeito do 'Crime e castigo'), o toldo azul daquele restaurante em Sesimbra onde havia arroz de tamboril e que depois uma vez estava estragado e a minha avó disse “prefiro comer uma sandes de fiambre a comer arroz feito à 'raistaparta'”. A minha avó é que a sabia. Não metia a manteiga no frigorífico porque assim é que se espalhava bem, tinha sempre carcaças e pão de forma. Daquele mesmo de forma e não do outro que agora se vendem pacotes para os miúdos irritantes. Ainda hoje dou por mim a sentir a falta dela. É estranhíssimo para quem não tem sentimentos.
Acho que é por isto que aos domingos não saio de casa. Ou isso ou por causa das ressacas monumentais que costumava ter. O uso do pretérito é propositado. O gin tónico bem que pode derreter o fígado e “qualquer dia começas a escamar das mãos e a ter manchas daquelas amarelas na testa” , mas o gin tónico leva-me “lá” sem o mínimo de ressaca. Voltei a conseguir divertir-me e tudo graças a ti, gin. Se fosses mulher e não me moesses o juízo, convidar-te-ia (não tentem) a irmos viver juntos. Na Graça, na Penha de França, em Arroios com vista para a Almirante Reis. Eu, que gosto dos Kiss, achei sempre que aquelas coisas que os gajos da música dizem “we love you all”, “we are so glad to be here tonight”, “you are the best” era tudo treta. Mas os Kiss começavam o “Cold gin” dizendo que era a única coisa que “can get you there”. É verdade que já alucinei com whisky a mais. Que já corri do Chiado ao Marquês de Pombal por causa duma ganza que estava estragada e ainda por cima mal enrolada. Mas gin é gin e mesmo com o charme a 20% já consegui que a empregada do Suave me mostrasse as mamas na casa de banho.
Por falar em mamas, tudo o que pode haver de bom neste filme é ver-se a Kirsten Dunst nua. Duas vezes de costas e depois um mamilo assim quase a saltar. E ela é tão má actriz como boa de rabo. Não deixa de ser verdade que tem aquela cara de pãozinho sem sal e os dentes metidos para dentro. E logo eu que sou obcecado com dentes, com o Português e com o achar que tenho sempre um macaco a sair do nariz. E com chinesas. Daquelas magrinhas que se sentam com a perna traçada e agitam o pé de cima ao som lá da banda de rock chinês que devem estar a ouvir na imitação de iPod que têm. Comprado nos chineses. São perfeitas para andar de metro, as minhas obsessões. É perfeito para a estação do Martim Moniz, enquanto uma desdentada daquelas que compra roupa por atacado a 2 euros e que faz sempre conversa com quem quer que se sente à sua frente “então e quanto é que 'pagastes' por isso? A mim não me fodem eles. Comprar roupa na 'Sara' por 10 euros para estar toda fodida no fim do Verão...ná. Eu cá vou ali ao Martim Moniz. Diz que os ciganos compram isto aos sacos e depois é por isso que vendem tão barato. É uma pena é cheirarem tão mal. Sabe que o cheiro a cigano ainda custa mais a sair que o cheiro a preto”.
Se no metro se aprendem algumas coisas, é perto dos quiosques que se apanham as grandes frases que fazem começar bem o dia. Sexta, quando me aproximo para comprar o Público, um velho que olhava para uma revista daquelas da treta com o Cristiano Ronaldo na capa lança a seguinte frase para quem quisesse ouvir: “este cabrão deve foder tanto”. Estive para lhe responder que eu bem que me masturbo, mas o máximo que fui notícia foi no boletim da escola, quando fiz anos. Achei melhor estar calado porque não se deve irritar os bêbados logo de manhã.
O parágrafo anterior tinha um seguimento e um raciocínio encadeado (mas desencadeou-se) que levaria toda a gente a um sentimento reconfortante de alguma coisa bem explicada. A cena é que me embrulhei com vírgulas e aspas a mais e já não sabia muito bem como continuar e ainda tenho de ir fazer a barba que isto agora de ter patrão é lixado. E já são 1:01. E o mais triste de tudo é que a minha lista de música é a música do Kane do wrestling a tocar em repeat. Isto não ajuda ao meu estado actual. As cuecas em cima da cama também não. Até porque têm uma mancha de suor em forma de funil. Não sei como aconteceu. Eu até nem suo.
Eu gosto de ser o primeiro por quem o filme passa. Ser o único na fila mais à frente. Do género, primeiro o conhecimento passa por mim e só depois chega aos outros que se espalham para trás, se eu aprovar. A foda do Nimas é que as betas do Técnico agora também lá vão. E sentaram-se do meu lado direito. Mais umas bichas quarentonas do meu lado esquerdo, qual Cristo na última ceia. Estavam ali porque não tinham mais nada que fazer e são daqueles que fazem sempre questão de aparecer nas fotografias. Deixá-los.
A foda de ser rei deve ser o protocolo todo. Um gajo vai a qualquer lado e depois vêm sempre pessoas atrás e nunca deixam que um gajo se vomite todo e possa subir em paz para cima dos carros e gritar disparates como “a audácia é a infelicidade dos néscios”. Eu, que fui rei da festa de finalistas na minha escola, bem que me fodi. Calhei com a Joana Mamede que era a única tipa que não deixava que um gajo lhe metesse a mão por dentro das cuecas. Quando fui dormir, era o único do bairro que não tinha nada para cheirar.


Marie Antoinette - :O

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

terça-feira, 10 de julho de 2007

domingo, 8 de julho de 2007

all messed up

Eu: "Acho que aquela gaja está a olhar para ti."
Ele: "A estrábica?"
Eu: "Sim. Ou está a olhar para ti ou para aquela montra."

sábado, 7 de julho de 2007

drink like richard burton

otário diz:
ele ficou de ligar
otário diz:
assim que chegasse a lx
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
ja chegou?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
não
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
e agora?
otário diz:
sim
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
ah
bob zangado, farto de morrer, desmorreu diz:
é que eu afinal nao vou

sexta-feira, 6 de julho de 2007

neighborhood #1 (tunnels)

Há cenas que depois fico a pensar e que vão contra todo o cenário que se possa ter. Em pleno sbsr, atiro, cheio de estilo, um copo de cerveja vazio para dentro de um caixote. Medi mal a distância, falhei e acertei na cabeça duma miúda que estava sentada ao lado. Felizmente, não era boa.

cold beer and mud wrestling

O único limite que se pode impor no tamanho das mamas é quando a ceninha do fecho do soutien vem parar ao pescoço, com o peso.

dirty ol' bastard

É possível ser-se velho e enrugado e feliz ao mesmo tempo?

happiness is a warm gun

Fico extremamente feliz quando, de pé na estação, acerto com o sítio no enfiamento de onde vai ficar a porta da carruagem do metro.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

i'm so tired

O "Farewell to arms" é a biografia de algum maneta?

terça-feira, 3 de julho de 2007

believe it or not



Há uns anos, um tipo disse-me: "meu, este é o melhor álbum de sempre". Eu como não tinha melhor álbum de sempre decidi ouvi-lo até o tornar no melhor álbum de sempre.

my way

Só quando a gaja da caixa tentou disfarçar um sorriso é que percebi. Eram preservativos dos grossos. Daqueles de ir ao cu.

meaningless

Só me aparecem borbulhas na cara ao fim de semana. São gigantes e fazem os preservativos que comprei continuar fechados.

tratado

Tive de chegar aos 30 para começar a suar. Hoje no autocarro alguém fedia a suor. Era eu.

money talks

O dinheiro não traz felicidade. Os meus ténis novos dizem o contrário.

check please nº 341

"Tens uns olhos verdes lindos, como o Windows Vista".

kill'em all

Devia haver um mecanismo de abate automático para pessoas que batem com o passe ou tentam esfregar as malas na ceninha de abrir as portas do metro.

temptation

Detesto tipos com sapatos daqueles de berloque.

bitch school

Deu-me com os pés por eu ter ouvido ac/dc na adolescência.

a/c do tipo da nokia que veio cá ao blog

Meu, se precisarem de pessoal na Finlândia é dizer qualquer coisa que eu posso mandar um curriculozinho.

beautiful me

Como não tenho coragem de não dar gorjeta, peço sempre para ficar a três quarteirões de casa e vou o resto a pé.

domingo, 1 de julho de 2007

someone to watch over me

Encontrei o Sérgio Godinho no café do São Luiz e disse: "ó Sérgio, estás mais godinho".

safe as milk

A meio da música, apontou na minha direcção e perguntou: "Captain Beefheart?". Não percebi se se referia a mim ou à música.

rza

Sábado comprei tudo o que é realmente necessário para qualquer fim de semana dum homem. Creme para a cara, gel e preservativos. Como esperado, só usei os dois primeiros. O meu espanto foi haver cenas para a barba com 5 lâminas. Qualquer dia sai uma gillette que faz a barba só de se olhar para ela.

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