Eu ali.
Durante um número considerável de anos, o cinema foi a minha segunda atividade favorita. Não fosse a masturbação ocupar-me 4 das 14 horas que passo acordado, e este estaria em primeiro. Assim, é apenas um segundo longínquo. Também gosto de mamas. Em geral. Nem tenho de lhes tocar. É só existir e olhá-las. Absorvê-las como se um gajo fosse uma esponja e mamas fossem a água do lava-loiça ainda limpa e transparente momentos antes de um gajo enfiar a panela onde fez favas com entrecosto. Ir ao cinema era mais barato que ir ao futebol, menos rego lassante que ir ao teatro e menos danoso beber cerveja até chegar a casa de gatas com vomitar no táxi. A ordem é irrelevante. Porque um gajo pode primeiro vomitar no táxi e só depois entrar em casa de gatas ou, no sentido mais lato, apanhar um táxi de gatas e vomitar lá dentro. Ou vomitar de gatas enquanto apanha um táxi. A ação que importa é ir para casa. “Então adeusinho que vou para casa”, diz um gajo a meia voz antes de sair à espanhola e depois fica mal-disposto por qualquer razão que não precisa de razão e começa a ir de gatas apanhar um táxi e vomita-se todo lá dentro ou pela janela em repuxo pingando a sempre presente camisa de flanela que os taxistas, derivado ao comunismo galopante que os aflige de baixo para cima como quem vem do colhão até ao trato corticoespinhal passando pelo tecido adiposo em excesso que aguarda a invasão dos canais sanguíneos para provocar um enfarte fulminante, gostam de usar porque absorve melhor o tinto que entornam ao almoço nas toalhas de oleado lá daqueles sítios de balcão corrido onde gostam de almoçar.
“Queres ir ver um filme de fufas?” - disse-me ao telefone. “Sobre fufas” - corrigiu como se isso importasse. O meu rebarbamento parou em “fufas”. A fonética da palavra atira-me logo para cona lambida sofregamente, quais tijelas de arroz da minha infância. A preposição que as une não é importante. Mas, de facto, a escolher, optaria por um filme de fufas a um filme sobre fufas. Um filme de fufas garante 69 com intenção e pintelhos aparados depois de outubro de 1995. Um filme sobre fufas é a Dina a tocar viola e a jogar matraquilhos, a beber Sagres e a mandar arrotos de concurso, a coçar a virilha com a chave do Peugeot por dentro das Sóveste, Li ou Pipo Jeans da feira de Carcavelos. Ocasionalmente, uma cena de sexo, num apartamento na Moita que um gajo preferia nem ter visto.
“Até vou” - penso. Nunca diria que não a um filme de fufas. Como nunca diria que não a imperiais. Ou os dois ao mesmo tempo. Coisa que nunca experimentei porque se é para ficar com molho nas mãos, prefiro acompanhar as imperiais com amêijoas à Bulhão Pato. Até combinámos no cinema. Mas no cartaz dizia 179 minutos. 179 minutos. A sério. Puta que pariu. Mesmo para fufas é bué. E consta que dos 179 minutos, só 20 são de girl-on-girl action. Já não consigo reter líquidos por 3 horas. Não são os 5 euros que me devolverão a distensabilidade da bexiga. Muitos dias de cinema de ressaca. Muitos litros de água a dilacerarem-me a camada mucosa.
Puta que pariu. A sério. Ficámos no café. “Depois sacamos o filme” - disse-me. Mas eu não saco nada. As pessoas ficam a achar que tenho princípios. Mas não. Tirando não fazer cu depois do Natal, não tenho princípios. Torrents provocam-me ataques de ansiedade. Gerir downloads, legendas, dobragens, capas, isos, divx e ETAs a tender para o infinito. Não posso ver um filme no infinito. O infinito é depois do trabalho. E suspeito que só vá cá estar eu. De que vale ver um filme se depois um gajo não se pode armar a dizer que o viu? Encabrámo-nos tanto que fomos de gatas para casa. Eu não precisei dum táxi, que moro pertinho. Mas era tê-lo apanhado e vomitava nos bancos de trás.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
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5 comentários:
Bom. Ao estilo do Pipi.
Dina: esse ícone. A propósito sabias Juvenal, que a Dina e a Aurora Cunha são a mesma pessoa? Ah pois é! Exceptuando as reuniões na ILGA, já alguém as viu juntas ?
Az
ofensas não:|
Tão bom. :D
Pá, este blogue é um autêntico penico: a quantidade de merda que cagas em forma de letras. Mas, no entanto, são daquelas cagadas que aliviam um gajo. Camarada, invejo-te a escrita ligeira, mas inteligente. Mas sobretudo, o nonsense com quem vives essa tua miserável vida. Um abraço de Braga.
Francisco Fernandes
:D
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