sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

it's not over

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Developer .NET

Se não nasceste para programar,
se não gostas de programar,
se não gostas de aprender,
se para ti a culpa das tuas falhas é dos outros,
se não gostas de sair da tua zona de conforto,
se não acreditas em lealdade e honestidade,
se não gostas de aprender com os erros e fazer melhor,
se não tens atitude positiva e lutadora,
se não gostas de fazer parte de uma equipa
partilhando das suas dores e alegrias,
se não tens orgulho em ser Português e em fazer o nosso País crescer...

então não nos contactes em ****@****.*** . Estamos à procura precisamente do oposto, independentemente da raça, género, idade ou experiência.

Resposta:

Bom dia,

Nasci para jogar Fifa 12 mas programar veio em segundo, mesmo coladinho.
Gosto de jogar Fifa 12 mas programar vem em segundo, mesmo coladinho.
Gosto de aprender cenas novas no Fifa 12 mas programar vem em segundo, mesmo coladinho.
Não gosto de sair da minha zona de conforto quando fora da minha zona de conforto só há o PES.
Acredito em lealdade e honestidade exceto quando me estão a ganhar online no Fifa 12. Aí não há amigos.
Farto-me de aprender com os erros, em especial quando jogo Fifa 12 com o Sporting e meto o Polga a central e um gajo está mesmo a ver o que vai acontecer mas arrisca na mesma.
Tenho atitude positiva e conta bancária negativa.
Gosto de fazer parte duma equipa quando essa equipa é o Manchester City. Mas abro exceções.
Tenho orgulho em ser português mas posso começar o dia com um "só neste país é que...".

O meu CV vai em anexo.

Com os melhores cumprimentos,

--
André

PS: ontem ganhei ao Barça online por duas vezes: 2-1 e 2-0. Dois golos do Balotelli e dois do Agüero.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

falling out

Scientists at CERN are about to find the Higgs Boson. A real challenge would be finding my other sock.

speaking in tongues

Alguns historiadores supõem que o sistema decimal foi adotado pelo homem primitivo por compatibilidade com o número de dedos das mãos. O João Garcia adotou o binário.

i remember california

Ethiopian dinner party idea: serve no food and expect 70% of people to contract AIDS.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

she's got the akshun

One day, I will name a method-level scope variable "ofTheJedi", so I can return it with an epic "return ofTheJedi".

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ror

Ainda nem nevou e o Eusébio já está a patinar.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

cargo frakt

Coerência é o Stephen Hawking entrar num filme e darem-lhe um papel vegetal.

evil twin

Ali.

Eu sou daqueles que acredita que todas as pessoas são boas em alguma coisa. Eu sou bom a não prestar atenção. Sofro disto desde que me lembro de me distrair. Antes não havia medicamentos nem diagnósticos para estas coisas, então os professores achavam só que eu eu era calão e que não me esforçava. Em verdade, só não estava a prestar atenção. É por isso que quase toda a minha escola foi esquecida. Sei somar os números de um algarismo. Multiplicar de cabeça. Ainda hoje sou eu que divido a conta do restaurante quando já está tudo a tirar os telemóveis e arredondo à décima e fica tudo a olhar e a pensar que eu sou uma máquina de calcular humana. Mas não. Sei os Afonsos, os Sanchos e o D. Manuel II. Sei que há o D. Dinis do pinhal e das canções. O D. Pedro que arrancou o coração aos maus que lhe mataram a biatch. Um D. António que ninguém sabe muito bem se foi rei ou não. Um D. Miguel que tem as marcas dos sapatos numa sala do Convento de Mafra. Sei os presidentes da República. Sei o que são células e protozoários. Tripanossomas. Que são merdas que se enfiam no coração da gente e um gajo depois fica maluco e vive muito menos tempo e não dá para tirar porque é como se se metesse em sítios onde não chegam pinças ou bisturis. Nem de futebol percebo. Quando o Secretário foi para o Real Madrid, as pessoas só diziam “iá, iá, vai mesmo tirar o lugar ao Panucci” e eu sabia lá quem era o Panucci. Parecia marca de café. Não sei dos impostos que vão subir nem das TAEGs nem mais o caralho. Aquando do meu primeiro cartão de crédito, achava que ia ficar a dever dinheiro a toda a gente e que ia sempre pagar juros altíssimos e acabar na miséria. E ia perder o número, como se ele saísse do cartão e fosse apanhar um táxi de volta lá para o sítio de onde vêm os números de cartões de crédito. Depois acho que toda a gente tem razão. Razão que muda sempre que oiço cada uma das partes. Sou muito fácil de convencer porque acho que as pessoas estão a dizer a verdade e então tudo faz todo o sentido. Mas há sempre quem se lembre que o não sei quantos agora arma-se em defensor dos pobrezinhos mas ninguém fala é da casa que ele tem não sei onde e que aquilo era reserva natural por causa de uns mosquitos de quatro asas que estavam a desaparecer não sei de onde e depois passo a achar que essa pessoa é que é má e que os outros é que são os bons. Como um jogo de ténis em que o amortie me convence com toda a razão do mundo. Depois tarifários e ISPs. Concertação de preços. Habeas corpus, que para mim tinha a ver com mortos e afinal é uma coisa que se pode pedir, mais ou menos como uma pizza. O nome do presidente da Federação. Gilberto Madaíl. O anterior não sabia. Para mim, quando fui ver um jogo da Taça de Portugal com o Marítimo, que muitos dos que lá estavam achavam que era a ponta do iceberg mas a mim mais pareceu a ponta do Titanic, e começaram a gritar pelo Vítor Vasques (que parece mesmo o irmão mais velho do Madaíl ou então é só preciso aquele look para se estar na Federação) para ele ir para o caralho. Eu não sabia quem era. Mas também o mandei para o caralho, com tanta vontade que parecia mesmo que ele tinha feito mal à minha família ou violado a minha irmã sem ter sequer a decência de telefonar. Gritei apenas porque estava numa de male bonding e nunca quis tanto integrar-me. Achava que um gajo que se farta de aparecer na televisão por causa da crise que eu ainda não me convenci que existe, tinha sido meu professor na faculdade. E nem sequer são irmãos. Nem o último nome é igual. Fazia-me confusão que Jesus tivesse nascido em Belém. Porque Belém tinha os pastéis de nata e não se parecia nada com o sítio onde a Bíblia dizia que Ele tinha nascido. Havia garagens e paragens de autocarro e homens de fato-macaco e aquilo não parecia ter jeito nenhum para se escolher para nascer. E porque é que ninguém lhe tinha emprestado um sítio para ficar? Não faltam pensões em Belém. Aquilo soava-me tudo a má vontade. Ainda para mais, se era um gajo tão importante, até haveria de compensar a quem desse um colchão e uma manta para a Maria parir. E depois os reis magos. Vir de camelo não sei de onde até Belém? Não era mais fácil apanhar um táxi? Para mim, Belém era como é hoje. E Tróia e aquilo do cavalo? Tróia era os hotéis. E as praias e o peixe assado. As conquilhas e o cagalhão que um gajo pode mandar na covinha numa praia onde não há ninguém e tapar com uma pá. E o Fausto, o cantor, que vendeu a alma ao diabo. E os outros cantores todos que eram comunistas e eu achava que os comunistas o que queriam fazer era tornar isto num regime em que ninguém podia falar mas que se podia cantar o que se quisesse porque como era a cantar as pessoas ficavam contentes e então não ligavam tanto à mensagem. E depois os comunistas queriam era meter toda a gente a receber o mesmo e a trabalhar na metalurgia. Para agravar o meu estado de desatenção e facilidade de convicção, havia pessoas que me diziam coisas que me levavam para outro nível. Nas eleições do Mário Soares e do Freitas do Amaral e do Salgado Zenha e da Maria de Lurdes Pintasilgo, a Idalina - que era empregada da minha avó, de segunda a quinta, e dos meus pais, à sexta - disse, quando a Maria de Lurdes Pintasilgo teve menos de 1% dos votos, “então aquelas parvas da minha terra não votaram nela?”. E eu achei que ou éramos muito poucos ou a Idalina era dum sítio como a cidade do México ou Nova Iorque, que o meu vizinho Gustavo apostou comigo que era a capital dos Estados Unidos e eu dizia que era Washington e fomos confirmar com um senhor que meteu gasolina no carro da mãe dele ali numa oficina que havia ao pé de quem vem da Estrada da Torre para a Estrada do Desvio e ele disse que era Washington e o Gustavo ficou a dever-me mil contos que nunca pagou, e que lá as mulheres votavam por muitos e faziam as pessoas ganhar eleições. Depois fingi que gostava de europeus e mundiais. Comecei no México. Sabia quem era o Jordão, o Damas e o Bento. No Euro 88, lembro-me do Rijkaard que aparecia como jogador do Sporting e nunca jogou, esteve cá apenas a aquecer o banco por causa de uns negócios quaisquer dum presidente do Sporting que tinha a mania que era chico esperto. Sabia quem era o Platini, o Paolo Rossi, que era igualzinho a um tipo que morava no meu prédio e que tinha uma moto daquelas das boas e ainda estou convencido que era ele que ia jogar pela seleção italiana e voltava de noite muito depressa para a mulher que era boa, o Littbarski e, claro, o Maradona. Não sabia posições. Para mim eram todos avançados centro. Que era a posição mais importante de todas. Quando surgiu o ponta-de-lança, fiquei perdido. Havia um gajo ainda mais à frente que o avançado? E trincos? O Coiso é trinco, dizia-se. E eu só pensava quantas mais posições iriam inventar só para me foder. Inventei a minha própria posição. O lateral-médio-defesa-centro-avançado-esquerdo. Que jogava à largura do campo e marcava golos na linha lateral. Eu estava era distraído. Se acompanhasse a evolução do futebol, o 4-3-3, o 4-4-2, o 4-2-4 ou o 5-3-2 teria sido muito mais fácil. Foi como a matemática. No 10º ano, tive uma professora que perguntou qual tinha sido a matéria mais difícil de sempre e eu disse que era a trigonometria. Eu gostava era de resolver equações, que um gajo fazia de cabeça, e uma vez até tive um Twix só por despachar quase quinhentas equações numa aula de matemática de duas horas - porque a professora aproveitava a aulas que não devia ser de matemática mas sim duma daquelas disciplinas que servem para formar um gajo para ele não ser mau e dar parte de si a ajudar os outros e os pobrezinhos e dava-nos mais uma hora de matemática. Estava mais interessado em saber a que saberiam as sandes de ovo e salsicha que o senhor Eduardo vendia no bar da escola. Sandes que o Banha atirou ao chão das mãos de um miúdo. O senhor Eduardo ficou fodido. E entre cortar o Banha ao meio com a faca de cortar o queijo ou dar outra sandes ao miúdo, optou pela segunda. E a que sabia o whisky. E os cigarros. O SG Filtro, que era o que se fumava na altura. Havia provas finais que metiam medo. A PGA, que já não tive, e que era de cultura geral e eu só pensava que ia ter pontos negativos, por descontos de estupidez, e nunca ia entrar na universidade. Aprendi cadeiras umas a seguir às outras na faculdade. Comprei uma máquina de calcular. Das boas. Que faziam gráficos. E depois via pretos com máquinas ainda maiores. E pensava que, então, as pessoas realmente inteligentes, deviam usar ábacos. Comprei um ábaco. Passei a Análise Matemática II e Equações Diferenciais com um ábaco, lápis e papel. Expandi em série de Fourier senos e coseno. Depois havia a música a que não ligava. Via o Top Jackpot e tinha a cassete dos Europe. Sabia quem estava no top, semana após semana. Saía na página do meio da TV Guia, que do outro lado tinha um poster dos New kids on the block ou da Samantha Fox, e anotava com um lápis se iam subir ou descer. Os meus anos 80 reduziram-se a isso. E aos Status Quo mais o “In the army now”. Depois veio o metal. E a culpa foi do meu primo que levou uma vez uma cassete que copiei e que ouvi até a fita desaparecer, como uma camisola interior que um gajo usa até só haver a gola e os elásticos das mangas, e que tinha uma música do metal que eu achava que era mesmo isso que queria ouvir. E ouvi metal durante muito tempo. E andava com t-shirts e isso e depois tive de recuperar todo o tempo de música que não ouvi. Ainda hoje ando a recuperar. Mas continuo sem saber nomes de pessoas importantes, como não pagar portagem, como discutir preços, baixar tarifários, perceber de telefones, computadores, carros, marcas de cerveja, ordenar álbuns cronologicamente, dar razão a quem está a falar comigo só para não me chatear nem perder tempo a contrapor. Passei os anos distraído e agora que chego aqui e tenho de escrever isto tudo a pedido e já estou a ficar sem tempo porque disse que enviava hoje. Não sei o que escrever.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

broken drum

How to get a free sheet of white paper*: 1) turn on your printer; 2) print any document; 3) pick your free sheet of white paper.

* only works when the printer is out of toner.

tip the scale

My analyst ask me about my childhood. I clearly remember it was on a Wednesday morning.

test of time

Quando o meu avô se caga na fralda, vejo que passou ao lado de uma grande carreira no cinema. Japonês.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

the long dance

Having a penis it's what makes you a man. Except when it's in your ass.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

anti-pioneer

Most people think babies cry when they're born because they start breathing. I think babies cry because it's what people do when they're covered with their mother's vaginal fluids.

baptism

O que quero pelo Natal: um computador e uma máquina de fazer a barba.
O que vou receber pelo Natal: umas meias e uns Ferrero Rocher.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

love song for the dead che

A pessoa por ali.

O Gandalf era um gajo que com um pau dava cabo de um monte de gente que vinha dos lados de Mordor, a Amadora da Terra Média. Era aquele tipo de gajo que se me dissessem que tinha inventado a roda ou o ábaco, um gajo não desconfiava. Via-se que era uma pessoa à direitas, trabalhador honesto e amigo do seu amigo. Mas fervia em pouca água. Em especial, quando vinham pessoas de chicote na mão e que queriam passar. O Gandalf ia logo e dizia que “daqui não passas tu, ó amigo” e fazia um truque com o pau que trazia e não é que o outro não passava mesmo? Agora o Aragorn, um gajo vê logo que é um gajo que só quer é copos e anda a tentar comer as gajas todas que andam por aí. Até o filho daquele gajo dos Aerosmith que diz que agora caiu na banheira e ia partindo os dentes mas magoou-se só no sobrolho e eu sei isto porque a parte que leio primeiro do Diário Digital é a parte das pessoas e que tem aquelas notícias sobre o lúpus da Lady Gaga e a vida do Yannick Djaló. Vai daí, quando a pessoa (eu) vai ver um filme, por exclusão de partes, em que nos escarrapacham logo ali que foi o Aragorn a inventar a psicanálise, um gajo fica logo “ai filha da mãe que estás com uma grande patite” mas é na cabeça porque isto é homem para não ter inventado nada. No início há uma rapariga possuída pelo histerismo mas depois vê-se logo que é só a Keyra Naitli a tentar atuar como fazem aqueles atores do solário que entram na novelas portuguesas e que é tudo jogo de sobrancelhas. E as atrizes como Queira Knaitle, um gajo fica logo a ver que o que elas precisam é duns açoites e, diga-se, eu não me importava nada de lhe dar uns açoites desde que ela prometesse que não ia começar a fazer de atriz a sério. E vai o Jung, que vê-se logo que é chinês porque o chinês é muito dado a imitar o que os outros fazem, e começa a ver se consegue comer a Kaira Knitel com conversa. Que é como agora se faz para se comer as gajas. “Ah mas queres ir comer um pastel de nata? Ah não? Então chupa aqui”. Que é assim que eu engato gajas com uma taxa de 100% de sucesso. Ainda ontem estive no Cais do Sodré e, zás!, engatei uma sopeira, ai engatei uma sopeira, e vendeu-me o Dino Meira. Depois o Jung acha que descobriu a cura para o histerismo da Caira Knitli que está acabadinha de chegar dum outlet de sapatos com defeito e ficou naquele estado. E vai e começa a falar com ela já naquela de amansar terreno para depois lhe espetar mas é com o chouriço. Depois vai ter com o Aragorn que se mudou para Viena do Castelo para a casa do Klimt Eastwood e começam com conversas em que eu me perdi porque sofro daquela doença que faz as pessoas distrairem-se com pouco o que é isto que está aqui em cima daquela pessoa ali na rua com o comando de televisão quem é esta pessoa que me perdi logo. Depois o Jung volta para comer a Cayra Neitly e vê-se mamilos e cuecas da avó. And there was much rejoicing. E ter filhos. Muitos filhos. Uns dezasseis contei eu e não estava a prestar grande atenção ao filme. Porque, cá fora, falava-se em dezoito ou dezanove. A mulher do Jung era gira e não era nada chinesa como ele. Mas assim um bocadinho pãozinho sem sal. E claro que ele voltou à Kairy Knaitly para lhe dar mais uns tabefes porque ela sofria daquela doença das mulheres que gostam que lhes batam e que é muito comum no interior do país e na Graça. Mas depois vêm os hippies lá com aqueles posters que agora não se pode bater nas mulheres nem abandonar cães e mais não sei o quê porque têm demasiado tempo livre porque é gente que não trabalha por opção. O Aragorn também estava mortinho por ir lá molhar o pão mas deve ter ficado com cagufa da esposa do vocalista dos Aerosmith, o Agent Smith. Que adotou o nome depois do casamento. Há também uma máquina de diagnóstico de histerismo que consiste nuns ferros em que a pessoa mete lá as mãos e aquilo manda uns choques e descobre-se que a mulher do Jung afinal é fufa.
Mais para o fim do filme, eu já estava desatento e percebi que eles vão aos Estados Unidos e o que foram lá fazer? Giroflé, giroflá. Foram fazer não sei o quê de uma conferência mas que o Cronenberg não filmou porque já devia estar a ficar sem dinheiro porque consta que o gastou todo em cocaína e tiveram de voltar a correr para Viena do Castelo e começaram a trocar cartas um com o outro como se fossem namoradas mas depois chatearam-se e vieram os nazis e deram cabo daquela gente toda que não passavam dum grupo de judeus sedentos de dinheiro. Depois o Aragorn morre de cancro e o Jung torna-se o maior de todos mas essa parte já não se vê e apareceu só umas letras a branco sobre fundo preto por causa do problema supramencionado de cocaína do Cronenberg.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

candy

Coerência é ir beber copos com o Javi García e acabar a noite a invadir a Polónia.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

oppenheimer

Eu ali.

A evolução da espécie humana, além do desaparecimento do apêndice, da diminuição do cérebro das mulheres e da perda generalizada de pêlos, exceto nos genitais dos ciganos, contribuiu também para a redução do número de comunistas a nível mundial. Existem apenas alguns no Seixal. O comunista gosta de mandriar, de vinho tinto de pacote, de sandes de carne assada e laranjas descascadas com aqueles canivetes que também têm um garfo em passeios organizados lá pelos sindicatos e outras organizações anarquistas do género. O comunista é pequenino e tem a cabeça desproprocional, normalmente macrocéfalo mas com o cérebro mais pequeno que o das mulheres e da maioria dos mamíferos. Os dedos curtos e sebosos das pegas dos transportes públicos. E se há coisa que o Darwin fez bem quando inventou a evolução, foi fazer os dedos dos comunistas apenas com o tamanho suficiente para se agarrarem quando viajam de pé mas grossos o suficiente para não conseguirem tirar a cera dos ouvidos. Contornaram esta infelicidade fazendo-o com a chave do correio ou da arrecadação mesmo na rua e com crianças a ver porque o comunista não respeita ninguém, apenas ele próprio, o Álvaro Cunhal e o Fialho Gouveia que nunca ninguém sabe se já morreu ou não e é provavelmente o comunista mais famoso de Portugal. É mandrião, não gosta de trabalhar, culpa os ricos por terem o dinheirinho bom, muitas vezes ganho com trabalho e suor, e gosta de manifestações a ver se consegue roubar ainda mais do dinheirinho bom dos ricos para distribuir por todos os comunistas para eles depois poderem comprar chinelos de pele de carneiro, camisas aos quadrados por atacado que enchem com nódoas de vinho e de gordura de carne de porco e subsídios. Porque o comunista gosta é de subsídios e apoios sociais a ver se lhe calha mais algum ao fim do mês. Estas manifestações nunca dão em nada a não ser os comunistas acharem que ainda são muitos e que desta é que é e que vem aí outro 25 de abril que aposto que os comunistas o fariam a 26 que é para ainda fazerem mais pontes porque é disso que eles gostam. De feriados e de chupismo. Fazem pouco lá no Instituto do Livro de Capa Grossa ou outro qualquer que inventaram depois da revolução para se poderem empregar a si e a outros comunistas amigos para receber o deles ao fim do mês e sanguessugarem cada vez mais o Estado que acham ser a conta pessoal do Sócrates ou do Passos Coelho ou outro qualquer que lá esteja que será sempre alvo do ódio e do ressaibo de qualquer comunista.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

dancearama

Criei uma classe tão chunga que me orientou logo uns objetos.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

airport

Se nesta vida pagamos o que fomos na anterior, a cara do João Quadros foi o Hitler ou o Staline.

ff

Coerência era o Rui Unas só viajar na Receding Airlines.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sábado, 26 de novembro de 2011

s

O meu nariz é tão grande que saía mais barato aumentar a cara.

boy in the backseat

Os peidos do meu avô são como as crianças. Enchem uma sala.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

poor lenore

Coerência é ser uma granda puta e pedir uns açoites durante uma colonoscopia.

slow burn treason

A minha vida sexual é como um carro funerário. Só que o morto vai à frente.

domingo, 20 de novembro de 2011

transmission

Se houver outro 25 de abril, espero que calhe a 26 que é para um gajo fazer ponte da ponte.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

bury me standing

Andei a comer uma gaja tão feia que quando saíamos à rua eu levava o saquinho do cocó.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

our hearts of ruin

Incoerência é ter a cona assada à quarta. Que é dia de cozido.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

business time

Deformação profissional é ir a um restaurante e no menu escrever onmouseover.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

palms will smoke in cold air

A evolução é como o trânsito. Há sempre gente em sentido contrário.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

me vs kexp dj (by email)

Me:
i want to not listen to m83.
thanks!
andré

KEXP DJ:
What?

Me:
it's a request.
if possible, i'd prefer not to listen to m83 today.
well, make it ever again.

KEXP DJ:
Well, that’s a rather negative request and one that is counter to the 3 requests I have for it. I’ll make sure to announce it so you can turn it off. If there is something you’d like to hear that others may ask me not to play, let me know.

Me:
i don't like the cure also, and find joy division rather mainstream after the movie.

KEXP DJ:
I’ll make sure to mix them today in with M83, it’ll be epic.

Me:
AHAH

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

not tonight

Governo vai propor fim de quatro feriados, dois civis e dois religiosos.
Desde que sejam os que calham ao fim-de-semana é na boa.

sidewalk safari

People should wash their hands before and after taking a shit. You never know when time will run backwards.

open your heart

Coerência era o Javi García fazer uma linha e dizer "branca do caralho".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

hot as day

Javi García: o Michael Jackson era um preto de merda ou um branco do caralho?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

need you now

Coerência era deixar crescer suíças e elas funcionarem como um relógio.

god in an alcove

I would share Jesus faith but i can't find it on Facebook.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

act on impulse

Ali.

Há uns meses, falava-se nos jornais que os Metallica e o Lou Reed iam fazer um álbum em conjunto. E eu esfreguei as mãos porque gosto sempre muito de ter temas para escrever e dizer mal. Depois veio a Zola Jesus e fez um álbum chamado Conatus que fez a pessoa (eu) pensar qual é que valia mais a pena desancar. O Lulu seria muito mais fácil. Até porque a Zola Jesus até tem talento. Pouco, mas tem.
Toda a gente sabe que o Lou Reed é a pessoa mais sobrevalorizada da história da música. E ninguém lhe ligaria muito se não fosse o Bonifácio gostar dele porque leu num livro tão alternativo que só existia uma cópia, que foi queimada depois, e ter lençóis com Lou Reeds e um pijama que, quando se veste, fica-se vestido como se fosse o John Cale. Há pessoas que dizem que o Lou Reed influenciou um monte de bandas e de artistas. Isto são pessoas que têm pena dele e que dizem que ele foi influência porque ele depois também lhes paga dinheirinho do bom por fora, que é para não pagar impostos. Isto é o tipo de pessoa que ele é. Estas pessoas a quem ele paga, são as mesmas que acham que os Delfins têm uma banda de tributo. Depois é velho. E se há coisa deprimente é ver um velho metido numa t-shirt justa a abanar-se e as peles estarem todas penduradas por causa dos cigarros que lhe mataram a réstia de colagénio e um gajo olha e pensa que era meter um elástico na parte de cima dos braços para segurar a pele pendurada e parecer um pouco melhor ou até passar a ferro. Depois teve uma banda que, à parte do facto de usarem todos óculos escuros e terem uma banana na capa dum álbum, pouco valia. E se não fosse o filme dos Doors, já ninguém se lembraria dos Velvet Underground, exceto o Bonifácio porque deve ter lido noutro livro que queimou depois. E aquele cabelo. O Lou Reed deve ter sido muito mau, numa vida anterior, e agora foi obrigado a ter um cabelo muito mau porque ninguém se levanta de manhã, olha para aquilo, e pensa que pode sair assim à rua. Ao menos uma escova ou um bocadinho de cera. Se ele quiser, eu arranjo-lhe duas ou três pessoas que cortam o cabelo por 10 euros. Há ali o Nogueira, na Avenida Miguel Bombarda, que até escovam a camisa e tratam por “senhor doutor”. Outra, num centro comercial, até canta Scorpions em “sern nense nanense sens sens”. Mas isso era só se ele quisesse e se percebesse português e viesse cá dar ao site. Não me parece que o faça até porque não deve saber mexer em computadores como todos os homens velhos e de peles arrepanhadas. Os álbuns a solo ainda são mais cansativos. Há um sobre bolas de berlinde e que eu fui ver o filme ao Indie Lisboa e fiquei cá com um sono que adormeci e perdi as duas sessões para que tinha bilhetes.
Dos Metallica já ninguém quer saber. Parecem aquelas gajas que têm 50 anos e vão para o Tokyo carregadas de base e espremidas em vestidos da Primark e dançam a cassete que eles costumam passar e que tem três músicas: o “Sunday bloody sunday”, qualquer uma dos Red Hot Chili Peppers e o “Break the chain” e fazem-se a pessoas com boas cútis e que foram ali parar porque não sabiam ao que iam. Algumas têm sorte e depois quando um gajo acorda em casa delas parece que o teto do Tokyo afinal desabou, mas na cara das pessoas deitadas ao lado. E é preciso vestir e sair sem fazer barulho e cancelar a assinatura do telefone porque os telefonemas depois não param e um gajo até pode ter de mudar de casa.
Então vai daí e o Lou Reed e os Metallica, provavelmente atraídos pela falta de talento mútua, juntaram-se para fazer um álbum. É como se cá o João Pedro Pais se juntasse aos UHF. Ou a Microsoft fizesse o sistema operativo para a Nokia. Ah, espera. Afinal é só a parte do João Pedro Pais e dos UHF.
Eu saquei. A sério que sim. Saquei o mais cedo que consegui para poder ser a pessoa que passou mais tempo a dizer mal do álbum. Ouvi uma música qualquer de apresentação e, ao contrário da matemática, aqui menos com menos dá muito menos. Depois o álbum. Claro que nem ouvi todo. Umas quatro músicas, se tanto. E acho que nunca me senti tão aborrecido. Nem mesmo da vez em que tive de ir ver os Smashing Pumkins porque queria comer uma gaja que gostava deles e da outra vez que andei atrás duma gaja que dizia “prontos” e que calçava o 48 mas não dei por isso até estarmos a subir as escadas para casa dela e o pé ficar todo de fora dos degraus. Felizmente lembrei-me que tinha a sopa ao lume e fui a correr para casa.

collarbone

When Chuck Norris contracts AIDS it becomes AS.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

you are here

Eu ali.

A doença da homossexualidade é agora muito mais comum do que era há uns anos. Como sou uma pessoa muito moderna com acesso a todo o tipo de informação ainda mais moderna, como a Internet e as revistas, percebo que eles não têm culpa da doença que têm. Que aquilo que eles têm está martelado nos genes (pelo escopro de Deus) por terem sido pessoas muito más na vida anterior e agora estão cá para compensar. Assim como os anões, os mongolóides e o André Sardet. Não é uma escolha, isso de serem paneleiros. É como os pretos e roubar, ou os ciganos que nunca lavam os genitais. Nós, pessoas informadas da sociedade, temos mais é de compreender. E quando eles vierem com aquela conversa de que querem fazer como a couve lombarda e enrolar a salsicha, temos de lhes dizer, com o preservativo posto (porque se pode apanhar a SIDA só de falar com eles), que não compreendemos mas aceitamos, desde que o façam em sítios próprios. Sítios muito profundos debaixo de montanhas muito altas. E depois não comentem nem atualizem o estado do Facebook a dizer que são paneleiros ou que gostam de homens ou que estiveram a levar na regueifa mas, em vez disso, digam que foram beber um copo de aguardente ou mudar o óleo do carro.
A primeira mulher homossexual de que há registo foi a Martina Navratilova. Consta que se tornou assim porque se fartava de levar com bolas na cara e um dia disse “chega!” e passou a dedicar-se à carpete. Depois disso, vieram logo uma série de gajas que não podem ver nada e começaram a imitar e a dizer que também eram. Ao contrário dos homens, eu cá acho que as mulheres que sofrem desta doença deviam poder mostrar publicamente todo o seu amor e afeto pelas outras. Mas só se forem como as daqueles filmes que dá para fazer download da Internet e não as outras que parece mesmo que querem bater em toda a gente e trabalham a carregar caixotes em empresas de importação e exportação de cogumelos enlatados. Mas só porque não faz tão mal. Ainda no outro dia me disseram que viram o Malato e que estava a namorar com um homem ao pé de Abrantes e que havia pessoas, com crianças, que tinham acabado de pedir o almoço e se foram embora sem pagar. Se fossem mulheres, aposto que isso não acontecia e ainda se batia palmas e incentivava.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

destination unknown

Coerência é entrar em Direito e trocar a travessa de caracóis por um pires de lima.

seria

Ontem estive na Primark. Havia mulheres a ovular e outras a ter ciclos menstruais completos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

mirage

Coherence is playing FIFA 12 in Africa and having aids enabled by default.

ask

Fight global warming by turning the world into a cooler place. Everyone grows a moustache and listens to Barry White.

sunday morning comin' down

Sou tão indie que só tenho a demo do FIFA12.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

sparkly #2

A resposta:

Boa tarde,

@{
var interviewSlots = employee.GetAvailableSlots(TimeSpan.FromMinutes(90))
.Where(a => a.SameDayAs(new DateTime(2011,10,28)) || a.SameDayAs(new DateTime(2011,11,2)));
}

<h2>Preferred</h2>
<ul>
@foreach(var slot in interviewSlots.Where(a => Time.LateAfternoon.Contains(a.Time)){
<li>@slot.Time.Hours:@slot.Time.Minutes</li>
}
</ul>

<h2>Other options</h2>
<ul>
@foreach(var slot in interviewSlots.Where(a => a.Time.Hours > 12){
<li>@slot.Time.Hours:@slot.Time.Minutes</li>
}
</ul>


?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

a real hero

O meu gestor de conta acha que tenho liquidez. Deve ser na fralda da minha avó.

the kiss

No Querida Júlia, o tema era paralisia cerebral. Só não percebi quem entrevistou quem.

get up

As Paraolímpiadas da matemática é só dividir por 10. Com máquina.

sparkly

Resposta a um email para entrevista de trabalho:

Bom dia,


IEmployee employee = new Developer();
employee.LoadEmployeeByFirstAndLastNames("André Quaresma");

- Porque é que para ti seria bom vires para a ****** trabalhar connosco?

employee.LikesToLearnNewStuff = true;
employee.HasSeenVideo = true;
employee.LikesWebDevelopment = true;

- Porque é que para nós seria bom vires trabalhar connosco?

employee.MotivationLevel = MotivationLevels.Maximum;
employee.LearningCapacity = LearningCapacity.Maximum;

- Concretamente, quais são as tuas expectativas salariais?

employee.NetIncome = 1500;

- Qual é a tua disponibilidade?

employee.AvailabilityInDays = 30;
employee.Save();

Com os melhores cumprimentos,

--
André

terça-feira, 25 de outubro de 2011

here comes my baby

They call it living room because they've never met my grandparents.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

love, like a river

Estar à nora é tirar um curso de redes para trabalhar na pesca.

friends of friends

Kadhafi pode ter sido sodomizado após captura.
Cláudio Ramos já sabe como se mascarar no Carnaval.

afternoon

Sónia Brazão lança livro sobre a sua vida.
Espero que inclua receitas.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

tangled up in blue

O Paulo Rangel ou nasceu de cesariana ou a mãe dele tem a cona até ao pescoço.

in the pines

I have so much free time, I actually updated Google+.

you said something

Coerência é beberes tanta cerveija que acabas a vomitar na Coina.

hold on

Coherence is pausing Roland Garros every time the referee shouts "Breakpoint, Monsieur Nadal".

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

tryst with mephistopheles

If a black man hands you a cell phone, does that mean time is running backwards?

popgun

No caso do meu avô, o mais importante a reter continuam a ser as fezes.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

stop

My girlfriend says I'm like Twitter, kinda cool but with serious uptime issues.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

our own dream

Jesus is like my ex-girlfriend. He comes once every two thousand years.

corinne

Coerência é ir a um festival patrocinado por uma cerveja e ficar o tempo todo encostado à grade.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

kingdom of rust

Television makes people look taller. That's why I usually play basketball in my living room.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

mambo sun

Um peido ou um atalho fora do sítio, podem dar cabo do ambiente de trabalho.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

walk this way

I downloaded the first Larry Clark movie. It felt kinda wrong unzipping Kids.

chain of fools

Para quem acha que os tomates nunca entram, é sentar nu onde as almofadas do sofá se juntam.

stop me if you think you've heard this one before

A minha namorada comprou um cinto de ligas. Espero que inclua a espanhola e a inglesa.

coming up roses

Música experimental devia incluir um bico de Bunsen.

sábado, 1 de outubro de 2011

eu ali

revista 21

A carta de condução está acessível a qualquer cidadão que tenha mais de dezoito anos e a escolaridade mínima, que julgo ser o 9º ano e até podia ir procurar mas deixei isto para a última porque saíram as demos do FIFA e do PES 12 e a pessoa tem de saber o que comprar e depois distrai-se nisto das prioridades com demasiada facilidade e depois gosta de culpar o Estado e os outros, mediante a aprovação em exame. A tendência, como já se faz na Suécia onde eu já estive e vi com estes olhos que a terra há-de comer, é a inclusão de um exame extra, unicamente para as mulheres, que meça o grau de inveja do pénis (GIP). O GIP varia entre dois extremos conhecidos. Sendo que, se um é apenas teórico (é o bosão de Higgs, o Big Foot, o monstro do Loch Ness e a vitória limpa do Benfica do GIP), o outro é encontrado com regularidade no Purex, em estado puro nas noites de terça-feira, onde gira apenas o último álbum de Bikini Kill, se faz braço-de-ferro ao balcão e os pintelhos fazem as farturas mudar de nome para mínguas.
A incapacidade de conduzir das mulheres é lendária e genética e nós, homens que mandamos na sociedade porque essa foi a vontade de Deus, ainda as deixamos tirar a carta de condução e fazer um monte de outras coisas que desafiam claramente a vontade do Senhor e que se Ele descobre ainda nos corta o Facebook e apenas nos deixa ir à internet ao fim-de-semana. Vai daí, a mulher pouco contente com esta dádiva dos Céus e a tresandar a inveja do pénis começou logo a inventar. A ultrapassar tipo enguia, de preferência sem piscas e a arranjar o cabelo no espelho que devia ser retrovisor e a falar ao telemóvel e a ter inveja do pénis, a ir até ao fim pela faixa de aceleração e meter mesmo no fim e ainda fazer cara de cu e a ter inveja do pénis, a ir na faixa da direita como quem vai para Almada quando se vem da Costa para Lisboa e fingir que se enganou e meter pisca (que se deve manter um exclusivo apenas dos novos ricos dos Mercedes e BMWs tostados - os novos ricos, não os Mercedes e os BMWs - dos solários e da praia em hora de cancro) e fazer cara de cu e a ter inveja do pénis, a alterar as regras da entrada alternada para entrada alternada apenas se se for homem que “eles a mim não me fodem” e fazer aquela cara de cu de quem finge que não vê e a ter inveja do pénis.
O tamanho pode não importar, mas o tamanho da inveja do pénis importa e bem.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

the creature

Coerência é seres enrabado por um padre de 200 kilos e dizeres "há aqui um padrão".

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

waterfall

Midgets don't grow on trees. Midgets don't grow anywhere, really.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

not a war

Tenho 4 camisas brancas e uma preta. É ela que me passa as camisas brancas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

supreme team

Enquanto segurava um fotograma, não pude deixar de constatar que aquilo parecia tirado dum filme.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

big mama gonna whip us good

Basta um tomate para fazer salada e para ganhar a volta a França.

envision

Sitting on both hands is the closest most people will ever be from a threesome.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

postcard from 1952

Luke Skywalker doesn't need to sit on his hand to give himself the stranger.

computer masturbation


#include "stdafx.h"
#include <iostream>

int main()
{
    for(int i = 0; i < 9999; i++)

    {
        system("ping 127.0.0.1");
    }

    return 0;
}

invalid litter dept

During a job interview, they asked me if i knew anything about clusters.
I replied: "Clusters? I eat them for breakfast".

terça-feira, 13 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

my heart

Só não percebo porque é que o Benfica não inscreveu o Duarte Gomes na Liga dos Campeões.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

radio borderland

Filhos dão desconto de 12 euros na cobrança de imposto extra.
Se fizer 100 já posso comprar um LCD.

here to stay

A gasolina está tão cara que vou passar a ir só a sítios que sejam a descer.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

brothers

Sou tão pouco visionário que quando tenho uma ideia vê-se o Paleolítico.

the house that dripped blood

Adrien Brody's nose has its own Facebook profile.

be it me, or be it none

Raita é um molho indiano à base de iogurte. Por cá, é uma freguesia no concelho do Barreiro.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

marks

O violador de Telheiras deu amargos de boca a muita gente.

sábado, 3 de setembro de 2011

seconds

Trabalhar com o violador de Telheiras devia ser um grande broche.

don't touch my bikini

My new hobby: attending female diving events and shouting "while you're down there".

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

photobooth

What does Mark Zuckerberg say to the like button?
"Like, I am your father".

i wanna go to marz

A televisão faz as pessoas mais gordas. Veja-se o Fernando Mendes que faz televisão desde 1701.

an argument with myself

Chuck Norris's rearview mirror always shows ahead.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

drop the act

O Google+ é como a cona da mulher do Cláudio Ramos. Existe mas ninguém lá vai.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

distortions

First person shooter, or like the blacks call it: that virtual reality game.

come here my dear

Dawn of Man, or like Larry King calls it: that early Sunday morning.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

bad as me

Depressão é viver na Régua e ter a pila pequena.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

salt

Next to Robin Williams's body hair, my chest looks like Pamela Anderson's vagina.

pdo

iMac, iPod, iPhone, iPad, iCancer, iQuit.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

you're lovely (but you've got lots of problems)

Os dinossauros e o colagénio da pele da Lili Caneças extinguiram-se há cerca de 65 milhões de anos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

voices

A parte boa das aulas de pilates é que eu não as tenho.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

dark into light

Seleção do Luxemburgo assaltada no Algarve.
Até diria que foi o Olegário, mas esse só costuma assaltar em Alvalade.

black smoke rise

Japoneses criam esperma a partir de células embrionárias.
O Cláudio Ramos já anda a chupar cordões umbilicais.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

jon

Incoerência é haver um museu dos coches mas não um museu dos conhés.

it don't mean a thing

Adoro comer melão depois do almoço. O Calado era depois dos treinos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

day is done

A RTP, até na hora certa, está atrasada.

memorize the city

Now that I have Google+ and Facebook, I can finally share nothing twice with the same exact people.

sábado, 30 de julho de 2011

bricks of our home

My sex life is like a movie poster. Coming soon.

original gangster

Apesar de termos um violador e eles os Delfins, odeio que me digam que Telheiras parece Cascais.

no more mosquitoes

Tive 19 a Mecânica Quântica, mas não há maneira de conseguir acertar as patilhas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

time travel

Os pretos não são todos iguais. Há os que assaltam de pistola, faca ou esticão.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

bad lands

O Cláudio Ramos foi pedir uma inseminação artificial na cara.

astro zombies

A minha conta bancária é tão pequena que é igual vir em binário.

kiss the sky

A parte boa do 69 é o 6.

i need some sleep

Three-quarters of Google+ users are men. Just what we needed, another disco at 6 am.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

hoist that rag

O meu sobrinho vai iniciar a primária agora aos 5. Se fosse na Tailândia seria a vida sexual.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

monday morning

A Sónia Brazão vai ter alta. Lá de casa dela pediram também um pacote de batatas e troco para vinte.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

tst

A minha vizinha de 16 anos é tao boa que vou começar a fantasiar com ela daqui a dois.

ibi dreams of pavement

Flash fought a distinctive and memorable rogues gallery of supervillains. Including The Shade, Ragdoll, The Eel, Thinker, Turtle, Rose and Thorn, The Fiddler, Star Sapphire, The Rival, and many others. Who would have thought that, in the end, Flash was killed by javascript.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

dystopia

Era tão do open-source que comia o pão com Gnutella.

terça-feira, 12 de julho de 2011

hold on my heart

Finalmente percebi a utilidade dos relógios com máquina de calcular. Também eu já senti a necessidade urgente de multiplicar 546 por 72.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

slick chick

Coerência é seres assaltado por um albino e ele ainda te dar dinheiro e um telemóvel.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

obsesionao

O Angélico foi cremado. A Sónia Brazão é só agitar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

the sound of tomorrow

Vou passar férias a um daqueles sítios onde quase não há internet. É como ser cliente MEO.

terça-feira, 5 de julho de 2011

or needed

Probabilidades é sexta-feira à noite. Estatística é sábado de manhã.

gold lion

Troca de mails com um gajo do Público por causa disto.

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From: ****** [mailto:******@gmail.com]
To: ******@publico.pt

Subject: Candidatura a um lugarzinho no vosso jornal para escrever sobre cenas buédesda importantes

Boa tarde,

Eu não sou correspondente e isso. E moro em Lisboa e seria uma maçada sair daqui.
Mas andava à procura do vosso contacto na net para enviar o seguinte texto.
E agora encontrei e aqui vai. <- esta frase ainda não faz parte.

Eu sou André e estou à procura de emprego. Não é que esteja desempregado e por isso não sou daqueles "uhh, coitadinho é desempregado e está a fazer isto a ver se temos pena e lhe arranjamos um tachinho porque se não tem de viver de subsídios e empréstimos e de comidinha boa que dão nos combóios ou nas pastelarias ou naquelas camionetas que servem pão aos arrumadores". Não, não, não. Eu sou uma pessoa que trabalha e tem os impostos em dia mas uma vez atrasei-me a pagar a taxa não-sei-do-quê e depois tive de pagar multa mas primeiro comecei a crescer (dentro do que se pode crescer por email) para a senhora das finanças com quem troquei mails porque me pareceu que o erro não era meu e fui logo com aquela conversa do "o que vocês querem é poleiro e o 'nheirinho da gente" porque "vocês a mim não me enganam". Mas afinal, e segundo um parágrafo qualquer que saiu em Diário da República, parece que eu é que tinha a culpa e depois tinha três alternativas. A primeira era assumir, que nunca me passou pela cabeça porque isso de uma pessoa assumir que se enganou é coisa de rotos e mulheres. A segunda seria dizer "homessa! pois então não é que tem toda a razão? Estava a pensar no decreto-lei 321 alínea a) de 6 de Outubro de mil nove noventa e sete". E a terceira era dizer que "estava a brincaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar" e fazer a dança da vitória só para parecer que tinha ganho. Podemos aprofundar este tema quando me chamarem para entrevista ou se calhar o melhor é chamarem-me logo para assinar contrato porque eu sou uma pessoa que se dá mal com entrevistas e começa a suar como o Carlos. Em bica.
Estive a olhar bem para o vosso jornal/revista (sim, porque isto pode estar a ser mandado para vários jornais/revistas ao mesmo tempo em Bcc mas nunca saberão, ou se calhar até não está, pode ser apenas bluff ou, se calhar, até se encontram todos para almoçar e depois começam a falar disto "então e aquele gajo que escreveu para lá....?") e cada margem ocupa mais ou menos um polegar dos meus (exceto (<-- novo acordo) o Expresso que ocupa um pé - boa piada virada para os jornais para quem estou a enviar isto e que ficam a saber que inclui o Expresso... ou será que não?, estou a brincar, Expresso), por isso, basta diminuir as margens todas no tamanho de uma unha (mudei de casa há pouco tempo e ainda não comprei uma régua) para no fim sobrar um quadrado com um palmo de altura por dez dedos de largura - eu fiz as contas - de espaço em branco que pode ser ocupado com opiniões sobre os temas que realmente importa e que ninguém fala. Por exemplo, o arroz de manteiga fica melhor com arroz agulha ou carolino? Embora o arroz carolino seja considerado o arroz dos pobres, é sabido que fica muito melhor no arroz de manteiga. Mas é só. Nos outros é melhor usar o agulha. Quem gosta muito de usar agulha, também, é o Zé Pedro dos Xutos.

Mando também o meu cv em anexo. Fica bem em qualquer reciclagem.

--
André

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From: ****** [mailto:******@publico.pt]
To: ****** [mailto:******@gmail.com]

Caro ******,

Não lhe agradeço o interesse nem o e-mail, porque de spam estou farto e não preciso de mais.
Perdi uns segundos a olhar para o seu CV e, se sabe ler, deve ter percebido que não estamos a procurar gente em Lisboa, nem sequer programadores.
Para geeks ainda se encontraria talvez um lugar, desde que soubessem outra língua além de linguagem de programação. E para gente que acha que tem piada recomendo o Inimigo Público.

Ah, e nota-se que não percebe patavina de arroz. Carolino é dos pobres?! Diga isso aos chefs do risotto – provavelmente contratam-no para lavar pratos.

Continue a mandar postais, quando for para algo em que se enquadre. Neste caso, foi perda de tempo.

Cumprimentos
******

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From: ****** [mailto:******@gmail.com]
To: ****** [mailto:******@publico.pt]

Aposto que é daquele de fazer crescer a pila.

--
André

segunda-feira, 4 de julho de 2011

a bunch of lonesome heroes

O Nuno Markl foi despedido da Playboy. Já ninguém gosta de mamas naturais.

sábado, 2 de julho de 2011

nothing to lose

When you're black, you get to choose between drive-by or drive-thru.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

revenge of the space pigs

O Cláudio Ramos abandonou os estudos musicais porque quando lhe pediam para tocar lá, ele metia um dedo no cu.

the effects of 333

When God closes a door, He opens a window. Javascript only opens a window.

complicated situation

Aposto que as tiras dos chinelos do Fernando Mendes são em bacon.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

heavy pop

Quando morrer, espero deixar uma marca também. Mas não num rail.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

ambling alp

A três dias do casamento entre o príncipe Alberto II e Charlene Wittstock, a revista "L'Express" diz que a noiva quis cancelar a boda.
O que aconteceu foi:
Charlene Wittstock: "quero cancelar a boda".
Alberto II: "qual boda?"
Charlene Wittstock: "o caralho que ta foda".

2080

A alheira sai como entra. Menos o ovo estrelado.

you did

A parte boa da autópsia ao Angélico é só terem de fechar.

madder red

Coerência é passar à tangente no exame de trigonometria.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

tripped and fell in love

Hospital desmente "morte cerebral" de Angélico. Segundo álbum confirma.

love you to pieces

O Cláudio Ramos odeia o limbo porque lhe faz confusão aquilo de ter um pau na testa sem ter tomates no queixo.

domingo, 26 de junho de 2011

bombora

Incoerência é um gajo ir ao centro da Pontinha.

sábado, 25 de junho de 2011

end of the line

Há sempre um bocadinho da Sónia Brazão que ficará por Algés.

sábado, 18 de junho de 2011

the wilhelm scream

Francisco Francisques desceu as escadas do número 4 da Rua Carlos Mardel. Que fica ali ao pé da Morais Soares mas quem vem do Saldanha e desce ao pé do Largo do Leão precisa, primeiro, de subir um bom bocado (não o bolo) da Morais Soares e virar à direita quando puder e ir dar uma volta do catano (os anos 80 ligaram, André) para chegar à Almirante Reis e dizer “foda-se, tu queres ver que me enganei?” e olhar assim perto do pára-brisas como quem se está a tentar localizar e aperceber-se do contrário, um pouco depois, quando aparece uma rua em que se pode voltar à direita e onde há um chinês que “não é comós outros” e que “fazem comida mesmo como se come na China” - este mito é comparável àquele de que as chinesas usam sapatos 32 até à idade adulta para ficarem com os pés pequeninos e não terem de importar calçado da Índia ou do calçado Sameiro ali em Barcelos - e um estacionamento daqueles que se vê logo que é inventado e fica mesmo no meio da rua mas se há arrumadores é porque se pode, até porque, os arrumadores, se Deus Nosso Senhor os pôs na Terra, é porque têm alguma função social além de espalhar a sida, como os pretos que é roubar e os ciganos que é não tomar banho e vender o Windows antes de ele ter saído - e onde se se seguir em frente vai-se dar à Morais Soares de novo mas já se pode voltar para baixo e entrar na Carlos Mardel de modo a ir ao Pingo Doce comprar o comer do bom com o ‘nheirinho para se poder ir jantar no domingo.
Francisco Francisques nunca se tinha apercebido deste problema porque nunca tinha tido carro desde que ali morava - “um descanso” - nem tentado ir do Saldanha até ao Pingo Doce da Carlos Mardel pelo Largo do Leão e pela Morais Soares. Caso contrário, já teria escrito uma carta de indignação à Câmara de Lisboa como em tantas outras ocasiões. Foi dele a carta que questionava o presidente da Câmara “porque caralho” é que agora não se podia seguir em frente ali no Terreiro do Paço quando se vem do Rossio e se tem de voltar logo à direita e ir dar a volta ao Cais do Sodré para se poder voltar à esquerda em direção a Santa Apolónia. Estava capaz de apostar que “era para o preto do António Costa ter onde estacionar”. E mesmo que assim fosse, não era preciso fechar tudo, bastava meter ali uma placa daquelas com o símbolo de parque para deficientes mas para pretos. Não obteve resposta. Talvez pela inclusão da palavra caralho. Gostava de incluir caralho em muitas coisas. Até naquela prima mais nova que era deficiente e só tinha dois dedos a sair do ombro mas que era “boa na punheta”, segundo contou depois na escola, o que valeu uma ida àqueles institutos de onde não se volta normal dando um desgosto à avó que sofria de cataratas e incontinência. “O que dava jeito para lavar a cona depois”, dizia-se a brincar. Dava dimensão. Num “acidente do caralho”, não bastava apenas haver mortos. Era preciso haver membros decepados. Uma perna na estrada. Um bebé projetado por trinta metros e atropelado por uma carrinha do Inatel cheia de velhos que depois se despistava e caía duma ponte e ninguém ia lá porque não vale a pena estar a acordar os bombeiros a esta hora por causa de velhos que nunca pagaram para a reforma e agora vivem à custa da gente que tem de trabalhar até aos 65 e não pode andar a mandriar logo aos 60. Ou, até, aos 55, se se tiver tido um cargo de administração na função pública que aí, então, toda a gente sabe que não se faz nada e ainda se reclama. Em especial os enfermeiros. Que são pagos principescamente e ainda mandam vir só porque têm de andar a limpar diarreia aos velhos que lhes escorre da fralda para o colchão. E ainda por cima não são nada boas como nos filmes que dão na televisão e que toda a gente sabe que são um retrato fiel da realidade.
Mandou parar o 742 que o levava até à Ajuda onde trabalhava a carimbar coisas e a fazer cenas. Passou o passe no coisinho que fazia *pim* e dizia “telho” olhando em volta a ver se alguém se ria e percebia esta piada tão boa que tinha sido ele a inventar e que achava que um dia o ia levar a fazer dinheiro quando alguém o descobrisse no 742. Fazer essa piada num anúncio da Carris que passasse na televisão, ou até na Rodoviária num outdoor ali em Famões ou Santo António dos Cavaleiros. “Use os transportes públicos *pim*te um quadro, escreva um livro, plante uma árvore, ande de autocarro” e no fim um sorriso e aquele gesto de fixe com o polegar esticado. Pensou até meter o Tello, que era lateral do Sporting e que só se esforçou na última época que lá esteve para conseguir ir para um clube daqueles do leste que pagam muito devido ao mercado do ferro forjado e das armas, a carregar no coisinho que faz *pim* e depois apareceria ele próprio e diria “*pim*, Tello?” e toda a gente se ria e depois passava um slogan com chamas cor de laranja e azuis e amarelas a dizer “Nada é tão divertido, como andar nos transportes públicos”. Mas nunca lá ia ninguém importante. Nem um administrador da Carris, um pica, um condutor daqueles que vai só de boleia porque está em fim de serviço ou vai pegar um pouco mais tarde e então aproveita a boleia e vai na conversa com o condutor regular. Nem nunca se riram e Francisco guardou a sua frustração e a carteira com cuidado dentro do bolso de trás porque tinha lido que a carteira no bolso da frente podia fazer cancro nos tomates de andar sempre assim a bater. Sentiu a fotocópia que guardava entre o bilhete de identidade e o passe. Uma fotocópia de uma fotografia da Lurdes dos Recursos Humanos na praia de Armação de Pêra com um dos bifes de fora porque tinha levado com uma onda por trás quando se estava a tirar a fotografia de grupo e não reparou e andou assim toda a manhã quando a firma ainda pagava uma semana de praia a toda a gente. “Eles agora só pensam neles”, dizia com amargura. Gostava de praia. Não tanto das praias do Algarve. Mas se era de borla, o melhor era aproveitar. É como o prolongamento dos jogos da Taça. E o Algarve, naquela altura do ano, já só tinha a terceira idade. E as peles penduradas de quem já tinha perdido toda a elasticidade. Colagénio já só era uma palavra complicada que viam na “gógla”. Já não havia para onde olhar. A não ser a Lurdes e o bife de fora. Estava demasiado de fora. E o Cunha disse que aquilo era a tripa. Que quando se fazia demasiada força, a tripa cedia e vinha para fora. O Cunha sabia da vida e tinha tido uma sobrinha de um irmão que tinha casado com uma preta que tinha ficado com a tripa de fora por tentar levantar a mochila da escola e depois tiveram de a levar ao médico mas nunca mais se recompôs e ficou mongolóide mas só de um lado da cara. Definiu-se então que a Lurdes devia andar a fazer demasiada força no trabalho e toda a gente a passou a ajudar a carregar papéis e dossiês e coisas pesadas como a mesa onde a Lurdes trabalhava quando o estore se avariou e o sol passou a bater lá de tarde e arrepanhava-lhe uma vista.
Chegava sempre um pouco antes das 8:30 para alinhar os lápis, canetas e carimbos que usava no seu trabalho. “Porquê tantos lápis?”, perguntavam-lhe. Porque assim, sempre que quisesse um lápis afiado bastava fechar os olhos e escolher um qualquer e a probabilidade de estar afiado era maior e então não tinha de se levantar para afiar. E então quando todos os lápis deixarem de estar afiados, como fazia? Levantava-se e afiava todos de uma vez e então o tempo que perdia era apenas de uma viagem. Isto valeu-lhe um aumento porque o chefe não era muito esperto e dizia-se que tinha conseguido um lugar sem ter ido a concurso porque conhecia pessoas. Mas isso nunca ninguém provou.
Ligou o computador e foi à “gógla” onde escreveu “gógla” para ir à “gógla” e depois à internet em geral. Abria sempre dois Internet Explorers porque era dos que fazia duplo clique na barra de iniciação rápida e depois dizia que era “víru”. O singular de vírus. Abriu o “émel”. Tinha 4 “émels” novos. Duas apresentações de power point com música midi e citações do Buda pejadas de erros ortográficos e que se não fossem enviadas caíam-lhe os tomates duma varanda para dentro dum camião daqueles que tritura o lixo e onde um gajo fica sempre preso atrás quando está com pressa para ir a qualquer lado e sai de casa mesmo em cima da hora e o outro tinha a ver com felicidade e paneleirices do género. Um era sobre o crescimento do pénis - Francisco perguntava-se sempre quem é que se tinha chibado e como é que se sabia em Vanuatu que o pénis de Francisco Francisques parecia um dedo mindinho de criança - e o outro de trabalho. Que fingiu não ver para ainda ir à máquina buscar café e conversar que era o que gostava mais de fazer. Contava sempre o tempo a ver se apanhava alguma gaja e fazia aquilo de deixar cair a colher de plástico e depois quando as gajas se baixavam ele dizia “já que estás aí em baixo...” e ria-se alarvemente até ao dia em que se peidou e nunca mais foi ao café.
Nesse dia saiu tarde. Sentia-se esquisito.
Mandou parar o 742 e sentou-se no lugar de trás de tudo. Que era onde se sentavam os maus nas viagens da escola. Francisco Francisques era um dos maus. Lembrou-se desses tempos. Da escola do Olival Basto. Dos professores. Dos colegas. E adormeceu.
Acordou em Santa Apolónia. Sentia-se diferente. Como se algo tivesse acontecido. Como quando o Bruce Banner levou com uma explosão de raios gama mas que em vez de o assar ou provocar leucemia, o transformou num jogador do Porto com propensão para ser excluído de campeonatos ou até o Peter Parker que em vez de uma simples borbulha ou ficar paralisado da cintura para baixo, se transformou no Homem-Aranha.
Franfisco Francisques era agora o Homem-Carreira. O homem que sabia de cor todas as carreiras da Carris incluíndo trajetos , horários, melhores percursos, melhor conjugação de trajetos com Metro, Rodoviária e Transtejo, transbordos, meios-bilhetes para Loures, Barraqueiro, barcos para o Barreiro e Cacilhas, metro do Porto, também conhecido como o 15 que vai para Algés e passa ali ao pé do CCB que toda a gente achava que não devia ser construído, exceto o meu professor de história que se chamava Apolinário e que dizia que, aquando da construção do Louvre, as pessoas também achavam que aquilo não ia servir para nada e hoje é o que se vê. Também dizia umas coisas sobre a Grécia mas ninguém lhe ligava muito. Que aquilo parecia que Deus tinha querido fazer um país e depois andou lá com um prego a partir aquilo tudo.
Chegou a casa e foi a fóruns procurar se havia mais alguém como ele. Apontaram-lhe o site da Carris. O site da Carris já fazia isso. E Francisco Francisques ficou maluco e anda agora pelas paragens de Lisboa a dizer às pessoas quais os melhores percursos. Mas como ninguém lhe ligava, começou a dizer que ele era o site da Carris. E as pessoas diziam que quando iam ao site da Carris, ele não estava lá. E ele depois dizia a piada do *pim* telho até que o internaram numa daquelas instituições onde os enfermeiros tratam os doentes como gado e depois vão para o Rossio dizer que querem aumentos e Rolls Royces e mais não sei o quê.

domingo, 12 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

kexp

Já é quase meio-dia. A Sónia Brazão deve estar por aí a rebentar.

terça-feira, 7 de junho de 2011

girls on film

Um frango quando está pronto faz *pim*, a Sónia Brazão faz *pum*.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

raise the flag

O meu avô era como o prognóstico da Sónia Brazão. Muito reservado.

domingo, 5 de junho de 2011

sunday morning

O que ninguém explica é como é que os analfabetos votam com um x.

notting hill

Telefonei para a churrasqueira e agora é como nos jogos do Benfica. É só esperar pelo frango.

white

A Sónia Brazão está mais queimada que o Jorge Palma.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

hinnom, tx

Andar de elevador com o Pedro Mexia é como ir ao strip. Quando um gajo dá por ela, está a levar com mamas na cara.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

on land

Dois mil anos é a diferença que vai entre Jesus ser fodido pelos judeus ou pela Judiciária.

cosmic love

O meu primo é tão do Benfica que simulou o IRS e veio o Olegário e marcou penálti.

who will survive in america

Nova Guiné é daqueles países que um gajo fica a pensar se era mesmo precisa outra.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

memory's stain

Comi tantos camarões que me ligou o Oceano e a Marina Mota.

terça-feira, 31 de maio de 2011

get me home

O meu telemóvel tem tão pouca rede que só apanha uma latinha de anchovas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

shadow man

Ajax was a mythological Greek hero, the son of Telamon and Periboea and king of Salamis. He asked for Achilles's magical armor which was forged in Mount Olympus by the god Hephaestus. This was the first Ajax request.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

the hellcat spangled shalala

A Lili Caneças conheceu os T-Rex. Os dinossauros, não a banda.

she's thunderstorms

Tiraram o Maniche dos PES 12 porque ocupava demasiado espaço em disco.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

all delighted people

A crise no mercado dos imóveis levou o meu primo a vender o travão da cadeira de rodas.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

true, fine mama

O João Quadros é aquele tipo a quem parece que passou um trator por cima da cara. O Fernando Rocha é aquele tipo a quem parece que passou a cara do João Quadros por cima do talento.

problem queen

A diferença entre Alcoitão e a função pública é que em Alcoitão ainda há quem mexa um dedo.

her hollow ways

O meu primo costumava ir trabalhar contra o trânsito. Agora é paraplégico.

domingo, 22 de maio de 2011

warpaint

O líder do PNR já veio dizer que se for eleito vai mudar a Negrita cafés para Preta do caralho cafés.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

glasser

Coerência é uma gaja ser enrabada ao pé da Coina.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

mirrorage

Se o Cláudio Ramos mandasse, os bancos de esperma teriam ATM.

a knock upon the door

Mediram o perímetro abdominal do Fernando Mendes. Deu foda-se.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

county line

Encontraram o cartão jovem da Lili Caneças. Estava no Paleolítico.

terça-feira, 17 de maio de 2011

death rattles

O meu primo é tão nerd que o mais perto que esteve da praia foi meter o body em Arial.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

nothing but heart

Era uma puta tão solicitada que não dava cona do recado.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

white winter hymnal

O meu avô percebe tão pouco de computadores que só consegue pingar as cuecas.

neon gumbo

My grandfather had more strokes than a rowing event.

terça-feira, 10 de maio de 2011

apollo

Em casa de ferreiro, espeto de pau. Em casa da Júlia Pinheiro, sopa de pacote.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

universal applicant

My grandmother thought she was number one but i told her there's no such thing as "best cancer".

sexta-feira, 6 de maio de 2011

terrible shame

My cousin's so gay, he hopes Jesus's second coming will be on his face.

milky way

Quando a Sofia Aparício lê entre linhas, normalmente diz "Valadares".

quinta-feira, 5 de maio de 2011

bairro do amor

O túmulo da minha avó tem uma pedra tão grande que o Jorge Palma já veio dizer que não foi ele.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

5

De homem, é Cristo ressuscitar a um domingo e nem meter a segunda.

terça-feira, 3 de maio de 2011

machine and voice

James Gandolfini's abdominal perimeter is 2 * pi * r. Where pi stands for "fuck! you're fat".

zebra

O Fernando Mendes mandou fazer mais um buraco no cinto. Estão a fazê-lo em Viana do Castelo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

sexta-feira, 29 de abril de 2011

silence is a blessing

O estacionamento perpendicular de Smarts é como quando um gajo pensa que vai foder e acaba apenas a tomar o pequeno-almoço.

liza jane

Devia-se pintar as garagens e os carros das mulheres da mesma cor.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

dd-5

É por causa daquela merda de "nascer de novo" que o meu primo anda sempre de barba feita.

like little willie john

O meu relógio é tão macho que em vez de "pi pi" à hora certa, faz "co na".

driving death valley blues

Joguei ao "o último a desviar-se é estúpido" com um pombo. Ir de carro foi uma vantagem.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

label

Playstation: Hacker violou dados de 77 milhões de jogadores.
E ninguém sequer ligou.

terça-feira, 26 de abril de 2011

why not?

Se os 30 são os novos 20, os 20 são os novos 10 e eu ando a fantasiar com a minha vizinha de 5.

sábado, 23 de abril de 2011

midnight to 666

A minha avó tinha a tiroide tão inchada que quando o meu avô a comia perguntava: "who's your bócio?".

sexta-feira, 22 de abril de 2011

the beaten side of town

Um arrumador pediu-me um euro para uma sandes de fiambre e eu disse-lhe que se Deus soubesse que comia carne na Sexta-feira Santa, a fome seria o menor dos seus problemas.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

cherish the light years

O meu primo parece a CP em dia de greve. Tem uma paralisação de 92%.

kk

Judas Priest perdem guitarrista.
Eu já perdi o guarda-chuva no metro e foi parar ao Marquês.

terça-feira, 19 de abril de 2011

the victor

Quando se morre, vai-se para um sítio melhor. Quando se sai da Brandoa também.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

mountain

Última Ceia aconteceu numa quarta e «não numa quinta-feira».
Toda a gente sabe que é muito mais fácil marcar uma mesa a meio da semana do que na véspera de um feriado.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

rent

Fui ver uma exposição de ficção científica no São Jorge e não estava lá o castigo do Jorge Jesus.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

budapest living

Devia haver uma profissão que era estar de férias. E em cada país votava-se numa pessoa para ter essa profissão. Mas nem toda a gente podia votar. Só algumas pessoas e essas pessoas iam votar em mim porque viam logo que eu era a melhor pessoa a estar de férias. Porque seriam olheiros como no futebol e viam "fónix, vê-se mesmo que é a melhor pessoa de Portugal a ir de férias" e davam nota máxima. E depois era só dizer para onde queria ir e pagavam-me buédesda guita para eu ir a sítios e experimentar as cenas. E depois eu escrevia sobre as experiências, mas não tinha de ser tudo verdade. Podia-se meter coisas meio inventadas, como o Fernão Mendes Pinto fez na Peregrinação e safou-se porque até o meu primo, que é meio atrasado e ainda está no 8º ano, começou a dizer que tinha sido o apresentador do Preço Certo a ir à China mas eu disse-lhe que não podia ser mas ele insistiu que sim e eu disse que já se tinha tentado metê-lo num avião mas que tiveram de tirar os parafusos todos da fuselagem para ele conseguir desarmar da porta. E eram publicados numa revista mundial mas eu não tinha de me preocupar com a tradução. Não. Eram pessoas responsáveis por isso. E havia uma votação a nível mundial da melhor pessoa a ir de férias. Mas não é férias como trabalhar na função pública. Que a pessoa pode passar o dia todo sem fazer nada e chega ao fim do dia e ainda recebe o dinheirinho bom e ainda reclama como faz aquele tipo do bigode da FENPROF que me parece ser o responsável maior pela crise. Está sempre a aparecer na televisão. Vê-se mesmo que é uma espécie de cunha e que conhece outros comunistas em sítios que lhe fazem o jeitinho porque os comunistas são muito uns para os outros e é gente muito dada à cunha. Mas agora vem aí o FMI e, à boa maneira do Carlos Queiroz, vai ajudar a "limpar a porcaria que há na Federação" e vai deixar de se poder fazer almoços de três horas e meia e ir ao cabeleireiro de tarde fazer madeixas cor de amêndoa e pedir a alguém que pique o ponto.
Como eu agora estive de férias e toda a gente viu que eu era bom nas férias, porque até houve uma pessoa na rua que me disse “você não é o André?, aquele que é muito bom a estar de férias?” e eu disse que não era porque estava com roupa de fim-de-semana e não queria que julgassem que tinha a roupa toda a uso. E também porque tenho tempo porque isto a pessoa vai no avião e o senhor hospedeiro deu um papelinho para a menina brincar daqueles em que a pessoa vota no vôo e que depois vão direitinhos para o caixote do lixo mas o senhor hospedeiro fez a menina sentir-se tão especial perguntando naquele tom de voz paneleiro tão típico dos franceses "est que vous parle français, mademoiselle?" e eu disse-l'e logo "français a cona da tua mãe ó francês paneleirão" e ele começou a chorar e perdeu uma guerra qualquer. Provavelmente a guerra contra a prisão de ventre porque veio logo um travo a cu tão típico dos franceses. E dos paneleiros.
Então isto começou quando as pessoas quiseram ir de férias. E, depois de muito pensar, escolheu-se Budapeste mas com a ideia logo de ir a outros sítios porque diz que o húngaro é como o francês, muito dado a perder guerras, pouco amigo do banho e com uma rede de transportes muito boa que a pessoa pode logo ir a outros países e fica muito em conta.
Já dizia a minha avó que eu era uma pessoa muito moderna porque andava com as calças rasgadas e ela uma vez veio com uma tesoura tentar cortar os bocadinhos de ganga que saíam das calças e depois também disse para eu deixar lá aquelas calças para ela coser mas eu não deixei porque disse que era assim que se usava agora e ela disse-me que eu era muito moderno e eu respondi "pois sou, Bó, pois sou". E de tão moderno que sou, fui e comprei os bilhetes na internet que diz que agora há lá de tudo até sexo com animais. Não que eu saiba. Mas tenho um amigo que tem um amigo que tem um primo que já viu e diz um site de brasileiras com cães mas que era só um vídeo de demonstração e que para os outros com mais de dois minutos é preciso a pessoa registar-se e para se ver mais de vinte vídeos por dia é preciso meter o número do cartão de crédito mas nisso eles já não o fodem mais porque ele meteu e no dia a seguir estavam a usar o cartão dele na Rússia.
Depois de comprados os bilhetes e de ter passado o tempo que faltava para as férias e de se ter feito o "chiquinho" na internet, foi só chegar ao aeroporto e apanhar o avião, onde se começou logo a ver que o húngaro não é pessoa muito dada ao banho e ao uso de champô e ao uso de línguas para além do húngaro e da linguagem gestual.
O aeroporto é muito pequenino e estavam sempre a vir charters de outros países, provavelmente porque o Feréncvaros comprou o melhor jogador desses outros países e agora devem estar a fazer um montão de guita em museus e restaurantes.
Quando a pessoa começou a entrar em Budapeste, começou logo a ver que as húngaras são gente muito dada à madeixa e à unhaca comprida em bico que deve dar um jeitão quando a pessoa fica com cocó preso daquele que nem vai para um lado nem para o outro e depois ainda considera meter o dedo mas vê-se mesmo que não vai resultar porque o que dava mesmo jeito é uma unha daquelas. As roupas parece que são tiradas dum mau videoclip dos anos 80. Munto leopardo, munta tigresa, munta meia branca, munta legging a deixar ver o tufo que nunca deve ter visto um lâmina a não ser quando ainda se tirava o clítoris. Que o húngaro é dado a isso. E as calças, senhor, as calças. Se em Portugal, o odivelense é dado à calça rasgada e desbotada, a húngara é só o que usa. E quanto mais justo e mais números abaixo melhor. O húngaro mais velho não entende nada de inglês e gosta muito de falar por gestos e acha que quanto mais alto fala mais fácil é de entender e compra roupa por atacado.
Os húngaros, apesar de serem mais atrasados que os mongolóides, gostam muito de ter hipermercados abertos vinte e quatro horas. Onde se pode comprar laticínios de várias espécies, enchidos e roupa. Os húngaros desconhecem o peixe. Muito menos o fresco e quando se pede peixe no restaurante começam a dizer que o peixe é uma invenção da Coca-cola.
Depois de fazer o jantar, as pessoas foram até à cidade ver os húngaros de perto. E até há húngaros que se vê que tomam banho de três em três e até de dois em dois dias (os mais cosmopolitas). Os bares parecem o Porto. Está tudo porco e podre e os copos são lavados em alguidares para onde são atirados os restos de cerveja das outras pessoas. E não se ouve rock n' roll em lado nenhum. Vê-se mesmo que o Adolfo Luxúria Canibal nunca tinha saído de Braga e aposto que nem vive em Paris mas sim num anexo em casa dos pais com um poster da torre Effeil e um cheiro a queijo que vem da tulha onde metem as meias com muito uso. E fazia isto para as pessoas pensarem que era muito viajado e que estava a concorrer para o título de pessoa mais viajada do Norte. Eu nunca acreditei. Porque toda a gente sabe que só em Lisboa é que se trabalha e que no Norte ninguém tem dinheiro para andar de carro e têm de andar num elétrico que é igual ao nosso 15 mas como eles nunca vieram a Lisboa não sabem e vivem à custa de subsídios e dos impostos de quem trabalha.
Por causa do jet lag, as pessoas foram dormir cedo e acordaram ainda mais cedo porque faz luz quase às 5 da manhã. Que é um bocado ao contrário do estádio da Luz onde escurece pelas oito da noite.
No dia a seguir, fomos ver as terras da Hungria. Em direção ao norte que era para se poder comparar com o nosso Norte e veja-se bem que as pessoas são muito dadas à gengiva despida e ao fato de treino de poliéster que usam para passear. Havia também uns barcos e uma ponte e depois uma aldeia chamada Eslováquia que parece ter parado nos anos 60 (do século dezanove), mas na parte má de não aparar os pintelhos e não na boa de haver muito lsd e erva sem chá misturado. Na Eslováquia, o regime só deixa as pessoas alimentarem-se de gelados. E então, a rua principal da Eslováquia é só geladarias e lojas onde se vende t-shirts, detergentes, torradeiras e são cabeleireiros também, daqueles onde ainda se usam ferros quentes e depois as mulheres (podem ser homens porque na Eslováquia não se percebe muito bem quais são os homens e quais são as mulheres, mais ou menos como no Porto) ficam com alopécia aos 15 e andam na rua a pedir dinheiro como se tivessem cancro. Mas não.
No regresso da aldeia da Eslováquia, ultrapassámos um burro, duas vacas e um camelo. O burro é o veículo mais rápido da Eslováquia tirando o nosso carro que as pessoas achavam que vinha do futuro.
Nesse dia já não saímos e comemos um prato típico da Hungria. Massa com tomate e mozzarela.
O dia amanheceu radioso, mas desta vez quase às 4 da manhã porque na Hungria acontecem coisas aleatórias e as pessoas trabalham quase todos nas minas de carvão e têm um fuso horário deslocado de toda a gente para parecer que fazem muito. Mas quando apanhámos o metro e íamos na rua, via-se bem que não fazem nada. É mesmo um povo à espera de ser invadido. Havia um caderninho onde se definia o que fazer no dia. O cumprimento deste esquema, que tinha setas e tudo, nem sempre era obrigatório porque havia muitos sítios para beber cerveja e a pessoa sofre de uma condição que o médico já disse que o melhor é beber cerveja descansado, de preferência em esplanadas. Até há um atestado com isso. Havia também uma igreja escavada na rocha porque os húngaros é gente pouco dada ao trabalho e então preferem ratar a rocha para não terem de fazer paredes e depois não deixam as pessoas entrar porque há missa mesmo para depois poderem cobrar o 'nheirinho bom às pessoas. Mas as pessoas são muito espertas e foram lá noutro dia quando não havia ninguém à porta mesmo à chico-esperto. Havia também um labirinto que tinha chineses e estátuas e uma marca com um sapato que era tudo dentro dum bairro tipo a Graça mas em arranjado e sem aquele fosso genético tão típico. A vista era boa e estava lá um homem igualzinho ao vocalista dos UHF a tirar fotografias e nós pensámos "queres ver que agora com a crise já exportamos as pessoas sem talento?". Mas não. Era um careca que estava à espera para tirar uma boa fotografia.
A coisa que eu gostei mais em Budapeste foi o comer. Como os húngaros são gente muito pobre e que não tem dinheiro para comer, sobra sempre imensa comida e enchidos que eles dão aos estrangeiros mesmo a convidar para a invasão. E então as comidas mais famosas são: o goulash (que é guisado de vaca mas com picante e fica-se assim um pouco a pintar à pistola), o pato e o ganso que eles apanham nos jardins públicos quando é altura da migração. Mas só as pernas. O resto não se sabe muito bem o que fazem. E paga-se numa moeda que ninguém sabe muito bem quanto vale que se chama forint. O forint é a moeda mais fraca do mundo. Um euro vale para aí três milhões de forints e quando se abanava uma nota de euros aos húngaros eles largavam logo uma gota ou duas mas não se notava porque já tinham largado gotas desde o último banho. E o poliéster ainda é impermeável na Hungria.
Havia uma terrinha lá ao pé que se chama Viena. E comboios que iam lá dar onde se vai com gestos. A pessoa diz por gestos "terra daquele senhor do bigode que vos invadiu" e eles sabem logo. O comboio era bom e tinha muitas condições. E chegados a Viena fomos ver o museu do Clint. Que não estava em casa, pelo menos foi o que nos disseram quando perguntei se estava a filmar. Mas começaram a dizer que não era esse Clint e que era um que pintava. Os transportes em Viena funcionam muito bem e têm muitas condições. E a pessoa pode ir dum lado para o outro e ver muitas coisas só alapada nos transportes. Os vienenses são gente muito dada à cultura e, por isso, têm muitos museus de arte moderna e antiga que se pode ver. A pessoa, como é muito moderna (ver parte da avó umas linhas acima), viu dois museus de arte moderna que tinham quadros com riscos e vídeos de pessoas a atirar carne umas às outras.
O comer em Viena é só salsichas e panados. E depois havia uma pensão que se marcou pela internet e que era no quarto andar de um prédio mas que era muito lavadinha. E quase nem se sentia as pulgas.
No dia a seguir houve mais museus e jardins e um parque de diversões onde estava uma vienense a vomitar lá de cima de um looping e caiu cá em baixo no chão (o vómito, não a vienense) e depois as pessoas que iam a passar riram muito deste acontecimento. Depois de duas ou três diversões daquelas que não há risco de se vomitar, as pessoas foram ao cemitério do Moe Zart. Um ator muito conhecido lá na zona e que fez um filme com o Xevarzenegar mas estava fechado porque os vienenses também é gente que gosta muito pouco de trabalhar e saem às 17 como a função pública em Portugal. Mas sem vir o FMI e meter metade deles no olho da rua.
O comboio de volta era da Roménia. E era uma esterqueira. Parecia o Porto. Mas com romenos e gente que nunca viu um sabão e não deve ter guarda-roupa para o fim-de-semana. Conseguimos terminar esta parte da viagem sem apanhar piolhos ou hemorróidas. Porque a única coisa que separava o meu esfíncter de princesa daqueles bancos nojentos de comboio romeno era umas calças de gança, uns boxers e um bocado de celofane que vinha na sandes que comprei só para meter entre mim e o banco.
De volta à Hungria o dia amanheceu com muito vento mas sol. Se há coisa que a Hungria produz em quantidades superiores a qualquer outro país é anões. E até há símbolos na estrada a dizer "cuidado! passagem de anões" e estes não podem entrar em instituições públicas. Como o parlamento onde fomos e estava vazio porque lá, como cá, não se faz grande coisa no parlamento a não ser tentar perceber como é que o Paulo Portas com aquele cabelo tão ralo consegue parecer que tem uma cabeleira daquelas de fazer inveja ao vocalista dos UHF. No parlamento era tudo feito e pintado por húngaros famosíssimos. Eu ainda disse à senhora que falava que o único húngaro que conhecia era o sortido mas ela disse que não sabia quem era e eu disse que quando ela viesse cá à terra para ir ao Sequeira (e expliquei que era uma pastelaria muito jeitosa na Duque “Dável”) e pedir. Derivado ao cansaço, comprámos cinquenta sandes para usar o celofane e deitar na relva de um parque muito grande que eles lá têm e que se vê mesmo que é para não terem trabalho a construir prédios e pontes de betão. Como eu agora sou um autor de música eletrónica minimalista, fomos a um concerto deste género ver como estão os húngaros neste campo. Mas vê-se mesmo que tudo o que fazem é baseado no meu primeiro álbum que deve sair em Fevereiro de 2013.
Os húngaros têm uma casa onde faziam quizes no antigamente. Apanhavam judeus, que na altura já eram gente muito má, e comunistas, que eram tão maus como os judeus mas sem a parte de se lavarem, na rua e davam-lhes na cara até eles responderem. Era um passatempo que tinha muito sucesso e ficámos a saber que aquele homem tão bom e que a história tão maltrata desfilou pelas ruas de Budapeste depois de conquistar aquilo sem ter de fazer quase nada e depois os russos mataram muito mais gente mas os judeus conseguem esconder esse fato armando-se em coitadinhos só porque eles foram feitos em sabonetes e os outros não. Apesar disso, o húngaro continuou sem tomar banho e então veio um presidente que fez várias casas de banhos onde os húngaros vão para se lavarem por baixo e cheira a peido quase em todo o lado e ainda nos roubaram uma toalha e depois viu-se um português daqueles que une o remoínho do cabelo aos pêlos do cu, que disse ao bom estilo nacional "isto não é nada de especial". Depois fomos a casa fazer o comer e jantar e sair com locais. Os locais gostam muito do fato de treino e de palinka que é uma espécie de aguardente que eles lá bebem e eu disse logo "isto vê-se mesmo que é imitação da nossa" e a cerveja escorrega que é uma maravilha. Parece que a pessoa tem um oleado dentro dela que faz a cerveja escorrer mais depressa. O meu médico ficará orgulhoso.
Os húngaros são um bocado como o Zé Pedro, muito dados ao cavalo. E vai daí fazem corridas e dá para apostar mas é tudo combinado pela máfia russa. E eu como sou muito dado a apostas, disse logo que havia um cavalo que ia ganhar e ganhou e os russos começaram logo a falar por auriculares uns com os outros e começámos a ver a coisa negra, como a Floribela quando leva no cu, e achámos que o melhor era perder as próximas apostas para fingir que não percebíamos muito da coisa mas estávamos combinados com a senhora das apostas e depois fizémos para ganhar a última e fomos embora com os bolsos cheios de dinheirinho húngaro e ainda tivémos de despistar a máfia russa numa perseguição de automóveis digna de um filme. Com o dinheirinho das corridas, fomos jantar fora e à ópera que não era ópera mas era ballet e confesso que senti algum relaxamento ao nível da elasticidade do esfíncter que penso ter recuperado com muita coçadela de colhão, cuspidela no chão e aguardente velha. A história era sobre como as mulheres são umas cabras e havia sempre frango assado a ir e a vir e homens de collants e chinesas que não se sentavam nem paravam de tirar fotografias e depois acabou tudo em bem.
As pessoas voltaram numa companhia francesa de avionagem e comeram umas sandes que não tinham nem isto *gesto de encostar a unha do polegar no último buraquinho onde dobra o mindinho* de queijo e ficaram muito contentes e pensam voltar um dia. Ou arranjar maneira de viver de subsídios, como fazem os ciganos, a população inteira do Norte e os artistas para poder estar sempre de férias.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

trio

Tenho um amigo tão chinês que até o olho do cu é em bico.

where you at

Desliguei o telefone na cara da minha namorada e ela agora chama-me Anfré.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

klm

Andei tanto a pé que as minhas meias de descanso precisam de meias de descanso.

domingo, 10 de abril de 2011

12 angry men

O Rui Unas tem o cabelo tão ralo que deve estar perto de entrar do mercado dos sanitários.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

who am i to feel so free

My router is so old that it belongs to the ping dynasty.

the look

Estou capaz de apostar que nos semáforos, na Roménia, se vende queijadas de Sintra ou nogats.

the london boys

Coincidência é os ciganos perceberem de facas e os romenos venderem pensos.

it's the beat

O Fernando Mendes costuma saltar os intervalos entre refeições.

quinta-feira, 31 de março de 2011

street halo

Está um homem a correr à volta do prédio. Acho que lhe vou chamar um táxi.

terça-feira, 29 de março de 2011

e

Dei uma festinha no cão da minha vizinha fufa e fiquei com os dedos a cheirar a cãona.

flicker & flutter

A minha namorada ignora-me porque sou demasiado infantil. Mas eu ignoro o fato de ela me ignorar e por isso cancela.

segunda-feira, 28 de março de 2011

domingo, 27 de março de 2011

sábado, 26 de março de 2011

ableton

A Time Out Porto só tem a contracapa e o agrafo de cima.

a sul

Montei a prateleira à minha namorada. Chama-se espanhola.

terça-feira, 22 de março de 2011

kissy baby

O Rui Pedro Tendinha é tudo o que eu sempre quis numa gaja. Cinéfila com grandes mamas.

outside chance

Crédito mal parado é favor. Atualmente, é crédito em segunda fila em cima duma passadeira e uma roda no passeio.

i want oblivion

Ontem de noite mandei a foda da vida dos meus vizinhos de cima.

ambivalence

O meu telemóvel tem mais riscos que uma noite de sexta-feira da Sofia Aparício.

segunda-feira, 21 de março de 2011

joe valdez

Estive num bar tão cheio que me lembrava quando ia ao pediatra e fazia aquele teste em que só os tomates mexiam.

sexta-feira, 18 de março de 2011

happy coding


Catch ex As Exception
Response.Write("FUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUCK!")
End Try

enola gay

O Jorge Palma estava com uma broa tão grande que o molharam em sopa de feijão.

quinta-feira, 17 de março de 2011

es mejor dejarlo como está

O senhor António morreu e foi para o céu.

Na altura, não era uma coisa que lhe desse muito jeito fazer até porque não lhe convinha deixar a casa tão desarrumada, mas como era uma pessoa pouco dada a esforços e a combater a inércia do destino, deixou-se ir e morreu mesmo. Não havia nuvens nem anjos. Apenas uma sala. Uma sala que mais parecia uma sala de espera de um médico daqueles do privado podem pagar rendas altas em prédios de janelas de madeira onde o frio entra por todo o lado como etíopes atrás de comida. Com aquelas coisinhas em forma de cobra que se metem nessas partes para impedir o frio de entrar. Eu sei porque passei parte da minha infância num sítio desses e, apesar do frio, eram coisas com que podia brincar. Tinha-se era de ter cuidado com aquele candeeiro do corredor comprido que percorria a casa e que, uma vez, apareceu partido e depois não tinha sido ninguém. Mas fui eu. Não disse porque havia arroz doce para o jantar. E há quem faça tudo por um prato de arroz doce.

A sua opinião mudaria. Como aquelas casas que se vai ver e por fora parece que não são nada de jeito mas depois quando se entra fica-se logo a pensar o contrário e se diz “ai eu por fora não dava nada por isto mas agora a história é outra” e depois dá-se um estalinho com a língua como quem terminou uma frase daquelas que se acha logo que vai ficar na história mas, o mais provável, é não ficar.

Entrou e lançou um olhar em volta. Que depois foi apanhar quando, de seguida, se sentou num sofázinho que havia na sala mas cuja acção só vai acontecer no parágrafo seguinte. Isto sou eu a dar cabo do que se vai passar no parágrafo seguinte e, por isso, se quiserem, podem saltá-lo. Embora eu avise, desde já, que tem ali passagens boas mas não necessárias para a total compreensão desta história.

Contou quatro pessoas. Cinco com ele. Como costumava sempre acrescentar nas histórias que contava. “Éramos seis. O Artur das Micas, o Sérgio, o Martim, o Rente, o Correia e o Inspetor. Sete comigo”. Isto porque achava necessário para o real entendimento de uma história, o saber ao certo quantas pessoas nela entravam, mesmo que, só duas participassem activamente nesta. “Então vai o Rente e diz que queria um bife da casa mas só se não for duro como tijolo e rimo-nos todos”. Todos os sete. Embora se pudesse reduzir a história só à parte em que o Rente pediu um bife da casa e fez uma graça com o tijolo e toda a gente se riu. Mas o senhor António não era de reduzir. A não ser quando queria ultrapassar numa subida. Ou fazer um daqueles estacionamentos em que a pessoa mal ajeita o carro. É, tipo, chegar e meter. E fica-se a parecer que se estaciona muito bem e que, ao mesmo tempo, se é falso displicente. Um Hélder Postiga da condução.

“Boa tarde”, disse para toda a gente e para ninguém. Uma senhora, no canto, levantou a cabeça. Percorreu com os olhos o senhor António e disse qualquer coisa que este não percebeu. De resto, foi ignorado. Nem tinha escolhido a roupa de morrer. Só tinha tirado uns trapinhos do armário porque tinha a manhã ocupada e, de tarde, tinha planeado ler o jornal na companhia de uma carcaça barrada nas duas partes de dentro. Com manteiga daquela a sério. Há pessoas que quando saem de casa não estão a contar morrer e depois acontece isto e é uma maçada. Tinha a camisa da nódoa. Uma que usava só com aquelas calças que tinham a cintura subida. Daquelas nódoas que um gajo faz quando pensa que consegue levar a colher do tacho até à boca para “ver como está de sal” e quando se está mesmo, mesmo a conseguir solta-se um pingo de gordura, qual pingo de merda líquida numa fralda de velho, que é rapidamente absorvido pelo tecido. Ainda pensou que saía. Mas não. Tentou tudo. A solução foi comprar umas calças daquelas de catálogo de cintura subida e pregas. Porque a camisa era demasiado boa para deitar fora. Como lhe explicou a mulher.

Sentou-se. Pegou numa revista que estava à mão e começou a folheá-la porque é isto que as pessoas fazem quando há revistas e uma espera pela frente. Se tivesse trazido uma caneta, começaria a encher tudo o que fosse letras que dessem para encher. Os ós, a parte de dentro dos pês. Corações nas pintinhas dos is. Óculos nas fotografias das pessoas. Um dente a menos. Uma cicatriz. Essas coisas que as pessoas que sabem aproveitar a vida fazem para se divertir.

A revista era americana e tinha notícias sobre a Rússia e mísseis e pessoas com manchas na pele. “É como ir ao médico”, pensou. Sorriu por dentro e ter-se-ia dado um abraço a si próprio se estivesse sozinho. Mas não estava e era muito self-conscious. Que é uma palavra estrangeira já com vista à internacionalização. Era daqueles que pensa sempre que tem um macaco a sair do nariz quando sente o olhar das outras pessoas fixo no lábio de cima. A meio de uma conversa. E, depois, quando limpa com um papel, acha que ainda fez pior. Que empurrou o macaco até àquela partezinha de dentro do olho que é vermelha e que dá comichão de vez em quando. Não por causa de levar com um macaco. É só uma cena que ela faz sozinha. E, às vezes, quando a pessoa menos espera. O que não dá jeito nenhum. E depois o que se faz? Coça-se. E depois ainda fica pior e mais vermelho. Até alguém dizer “fónix, já viste o teu olho?” e fica-se um bocado sem saber que responder. “Pois comecei a coçá-lo e agora vê como está”. “O melhor é ires ao médico”. “Eu cá só vou ao médico quando for para um morrer. Um gajo agora fica doente e metem-nos logo um dedo no cu”. E toda a gente se ri e torna a pele um pouco mais engelhada.

A senhora do canto não parecia nada quem tinha morrido. Estava com bom ar, inteira e de saúde. Tinha daquelas franjas que por trás têm outro bocado de cabelo que faz uma espécie de hélice. Usa-se muito na função pública e nas professoras de francês. É daqueles tratamentos que se faz ao cabelo que se está mesmo a pedir uma calvície precoce e que se vêem muito naqueles autocarros suburbanos a ver-se o couro cabeludo vermelho e o cabelo a ralar como uma fatia de pão duro que depois serve para fazer panados de peru.

A meio da sala, estava um senhor de óculos. Alvo, agora, da atenção do senhor António. Que fazia as palavras cruzadas num jornal (o senhor dos óculos, não o senhor António, porque não tinha caneta, o senhor António, não o senhor dos óculos e não gostava muito de fazer palavras cruzadas, outra vez o senhor António e não o senhor dos óculos). Também não parecia nada ter morrido. “Estariam as palavras cruzadas na língua do senhor? Ou na língua do Senhor?“, pensou, rindo-se de seguida desta boa piada. Sem conseguir, no entanto, evitar um daqueles barulhos de suíno que costumava fazer quando se ria abruptamente e que irritava por demais a mulher. Esta, no entanto, nunca se queixou. Porque a terra do senhor António era uma terra à séria. E, nas terras à séria, as mulheres queixam-se para dentro e umas às outras e isso, na realidade, não interessa a ninguém. Até porque, como toda a gente sabe, as coisas que não interessam a ninguém, têm sempre associações e um dia dedicado.

Morrer parecia ser como entrar num filme. Onde se está logo arranjado. E começou a gostar mais disto de morrer. Não que, em algum momento anterior, tivesse começado a gostar menos, mas agora que pensava, sentia que estava melhor por dentro do que antes e, quando digo antes, refiro-me ao parágrafo inicial, porque ninguém sabe como o senhor António se sentia anteriormente a isso. Essa parte fica antes da folha de cima. Numa folha em branco que não usei porque não uso a primeira folha como não se usa a primeira carta no póquer.

Estava a gostar tanto que acho que, se pudesse, morreria de novo. E fez outro ronco ainda mais suíno que o primeiro. O senhor dos óculos levantou os olhos e os óculos do jornal, porque ainda não dominava a arte de mover os olhos e os óculos separadamente. E suspirou. Coisa que era bom a fazer e tinha treinado ao longo da vida. Era daqueles que não se queixava de nada mas que se fartava de suspirar.

Como estaria? Tentou procurar um reflexo. Em vão. Quem quer que tivesse decorado esta sala, “provavelmente o Espírito Santo”, pensou e sorriu tentando não se rir e ser novamente alvo do olhar e consequente suspiro do senhor dos óculos. Ou então “o menino Jesus”, como costumava dizer a sua avó quando se referia a um acontecimento do qual ninguém parecia culpado.

As mãos estavam como se lembrava. E a louvava agora a sorte que tinha tido de morrer antes que lhe aparecessem aquelas manchas amarelas nas mãos e evitar passar o resto da eternidade (que no fundo não era resto, era mesmo tudo (é como as fatias de bolo (meia fatia é sempre uma fatia (a não ser que se corte primeiro uma fatia e depois se corte esta mesma fatia ao meio mas no sentido transversal embora isto ainda esteja aberto a discussão) e fecha o último parêntesis) e fecha o terceiro) e o segundo dum lado e o primeiro do outro) assim. A olhá-las. A perceber que forma teriam. Como tinha o seu avô. “Esta parece-se com um senhor de lado a fumar cachimbo”. Manchas de quem já é velho e incontinente (“como o hipermercado mas ao contrário”, costumava brincar quando ainda estava na Terra - o planeta, e não a sua aldeia - se é que já não lá estava). As pessoas dizem que isso é fígado. Mas não é. Toda a gente sabe que o fígado fica por baixo do diafragma e não nas mãos. Muito menos em pequenas manchas amarelas. Qual pijama que não vê máquina de lavar há meses. Por esquecimento. Badalhoquice. Ou porque se fica à espera que seja a empregada a fazê-lo e esta acha que tem mais que fazer do que andar a trocar pijamas.

“O senhor Jorge Silva. O senhor Jorge Silva”, disse uma senhora que se aproximou da porta sem que ninguém desse por isso.

Todos levantaram a cabeça para o senhor Jorge Silva. Mas não ninguém se mexeu. Não teria o senhor Jorge Silva morrido?

O senhor que fazia as palavras cruzadas disse: “cinco horizontal: seis letras, sendo que a quarta é um quê...“.

“Um quê?”, perguntou a senhora que parecia que não tinha morrido.

“Quê de nove?, disse uma criança que ainda não tinha dito nada.

“Homessa. De nove? Quando muito seria éne de nove”, disse um senhor que o senhor António ainda não tinha visto e que usava “homessa” em todas as frases.

“Quê de quadro?”, perguntou o senhor António.

“Isso”, assentiu o senhor dos óculos, olhando para o senhor António com aquele ar de quem percebe que está a falar com pessoas de outra estirpe.

Não estava.

O senhor António sofria de hiperaudição. Uma condição consequente, julgava ele, de todo o processo que o levou a tornar-se o homem mais importante da terra onde nascera e morava. Mas enganava-se. Já se contava que o seu avô António ouvia tão bem que, uma vez, ouviu a mulher a pensar no que lhe ia comprar para os anos e quando ela lhe deu uma cuecas de algodão que tinha mandado vir da cidade, o avô António apenas se fingiu surpreendido. O mesmo das manchas e não o outro do outro lado da família. não se davam estes dois lados. Tudo por causa de uma perna de porco que o avô António tinha encomendado ao outro avô do senhor António e que o primeiro dizia ter pago tudo e o outro dizia que ainda faltavam quinhentos escudos. E quinhentos escudos, na altura, era muita coisa. Não é como agora que, com quinhentos escudos, nem presunto daquele já fatiado em embalagens compridas se consegue comprar.

“O senhor Jorge Silva?”, repetiu a senhora que tinha aparecido à porta.

“...filho de Caim e pai de Irade”, completou o senhor dos óculos. Dirigindo-se à senhora que tinha acabado de entrar: “ó minha senhora, não vê que estou a terminar uma coisa?”

“O senhor doutor não pode esperar”, disse, “se quiser posso passar uma pessoa à frente”.

“Homessa, eu posso ir já”, disse o senhor que o senhor António, até há pouco, não tinha visto e que gostava de dizer homessa.

“Enoque”, respondeu a senhora que parecia que não tinha morrido.

“Não tenho aqui nenhum Enoque”, disse a senhora que tinha aparecido à porta sem que ninguém tivesse dado por isso.

“É isso!”, disse o senhor dos óculos terminando as palavras cruzadas. Carregou na parte de cima da caneta. Esta fez *clique* e guardou-a no bolso da camisa ao lado de outra que parecia gémea (“provavelmente uma lapiseira”, pensou o senhor António e, se assim fosse, “bem que podia ter feito as palavras cruzadas a lapiseira para depois, se mais alguém as quisesse fazer, pode sempre apagar”) como todas as pessoas importantes têm. Poisou o jornal, com movimentos largos e de quem consegue terminar as palavras cruzadas todas sem ajuda (o que não era verdade porque não sabia a do Enoque) e dirige-se à porta.

O senhor que há mais um bocado ainda não tinha dito nada mas que gostava de dizer homessa, sentou-se de novo. E disse um “homessa” para dentro. Para dentro dele. Não para dentro da sala. Por isso as outras pessoas presentes não poderiam saber que ele o disse mas eu posso até porque fui eu que escolhi que ele dissesse “homessa” muitas vezes.

A senhora que tinha aparecido sem que ninguém desse por isso, desviou-se, deixou o senhor dos óculos passar e encaminhou-o a uma porta no fim do corredor.

Tudo voltou ao silêncio.

O senhor António pegou, novamente, na revista. Passou os olhos por umas imagens e deixou os pensamentos vaguearem. Tentou recordar-se do que tinha acontecido. Do que o tinha trazido aqui. De como isto, este céu, era diferente de tudo o que alguma vez tinha imaginado. Para o senhor António, morrer sempre tinha sido como daquela vez em que ficou fechado na despensa quando os pais tinham saído. O barulho do trinco e a rápida realização de que aquela porta não abria por dentro. Silêncio e escuridão. E, por fim, o esquecimento.

Lembrou-se de parte da sua infância. Infeliz, por não ter com quem brincar. Feliz, por viver no campo e poder passear e mergulhar na água fria do rio e não ter quem lhe apontasse os tomates, quando saía da água, ressequidos que nem passas.

Apenas uma prima que vinha no verão e por quem o senhor António, que na altura ainda não era senhor mas sim menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, sentia qualquer coisa que não sabia explicar. Era parecido com o que sentia pela televisão e pelas sandes de marmelada que comia a meio da tarde mas mais entre os pulmões e o diafragma e também em lado nenhum. E não o deixava dormir. Como as otites mas em bom.

Um verão, ela deixou de vir.

E o senhor António, que na altura ainda não era senhor mas sim menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, ficou muito triste. A dona Alice (e abre-se aqui um parêntesis (que pode ser o primeiro, mas já não é porque se abriu ali outro mas nada como a confusão de há bocado), que cuidou do senhor António, que na altura ainda não era senhor mas sim menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, que era tão antiga que se dizia ter privado com dinossauros e que, nesse tempo - no dos dinossauros e não no tempo em que o senhor António era menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António -, se usavam uns sapatos especiais porque a Terra ainda não tinha secado e que aquela coisa de se espetar um palito nos bolos a ver se já está, veio dessa altura que as pessoas espetavam pauzinhos no chão a ver se já podiam tirar os sapatos que tinham para começar a usar saltos e ténis e botins e chinelos daqueles de meter o dedo. Não a dona Alice. Que sempre tinha usado uma espécie de sandálias que também eram pantufas e que também eram meias de descanso) disse-lhe que haveriam mais primas por quem o senhor António, que na altura ainda não era senhor mas sim menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, se haveria de apaixonar. Não teriam de ser necessariamente primas. “Porque podem ter filhos enjeitados”, acrescentou, como tinha acontecido uma vez na terra da dona Alice onde uma prima tinha engravidado de um primo que era deficiente e tiveram um filho anão que, os pais com a vergonha, decidiram fechar numa arrecadação na qual viveu toda a vida. E ninguém se importou muito.

Logo o senhor António, na altura menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, se sentiu melhor.

Um dia haveria de “ir ao casamento do menino”, dizia a dona Alice. Com sapatos “daqueles das revistas” . Mesmo que os joanetes não deixassem. Os joanetes que mais pareciam um sexto dedo do pé. Joanetes tão grandes que, por certo, serviriam para pedir boleia com os pés, caso ela quisesse e caso as pessoas parassem ao pé de alguém a tentar pedir boleia com os pés.

A criança do quê de nove levantou-se. Devia ser a sua vez. O senhor António não reparou. Perdido nos seus pensamentos. A senhora que tinha aparecido na porta tocou levemente na cabeça da criança e levou-a para dentro. De novo a porta se fechou e o silêncio que vinha de trás se manteve.

Ainda esperou mais dois verões e nada. Até que o senhor António, na altura menino, menino Toninho, para não fazer confusão com o pai e o avô que eram ambos António, se começou a esquecer. Também se tornou um homem. Já usava camisas como o pai. Mais tarde um colete. Com um relógio de fio. E tinha o seu próprio canivete para cortar o queijo de ovelha que se fazia na terra. Que, toda a gente sabe, para se ser da terra, é preciso um canivete daqueles de abrir e ir fazer qualquer coisa que inclua comer queijo de boca mais ou menos aberta enquanto se diz frases daquelas que toda a gente sabe que são verdade de um modo pausado, sério e profundo.

Não foi o passar dos anos que tornaram o senhor António a pessoa mais importante da terra onde vivia. Normalmente é assim. uma pessoa nasce, vai vivendo e fazendo coisas, comprando e vendendo gado, terra, mulheres, e, um dia, acorda e é importante a sério.

O senhor António não.

Sempre foi normal.

Sempre foi o senhor António.

O que o levou a tornar-se a pessoa mais importante da terra onde vivia foi um simples acontecimento.

O senhor António gostava de galões. Todos os dias, já de tarde, ia lá ao café da terra dele e pedia um galão e uma torrada com as pontas aparadas. Tentava desta maneira ser diferente. Mas as pessoas só diziam que devia ser paneleiro. Por causa das pontas aparadas. O truque estava no galão. Da maneira como iria diferenciar o galão que saía da máquina e o galão que vinha da cafeteira.

Até aí, as pessoas apontavam. Ora para a cafeteira, ora para a máquina. O que tornava o processo mais complicado e a necessidade de facilitar. O senhor António tinha uma lista em casa. Uma lista de como pedir o galão e fazer história. Um galão a trote. Um galão espanhol. Um galão de tronco. A lista era grande. Um dia, soube como pedir. Saiu de casa com o melhor fato. Chegou ao café lá da terra dele. Chegou-se ao balcão e quando ia pedir, o senhor Gomes diz “o costume?”. E apenas abanou a cabeça que sim. Nunca um galão lhe soube tão pouco a galão. Molhou a torrada à pressa. Empurrou com o galão. Formou aquela pasta que as pessoas que apanham o comboio suburbano e são amantes de galões e torradas de carcaça com margarina fazem. Sorvendo o leite. E permitindo o estudo da digestão de diversas formas. Voltaria no dia seguinte.

“A senhora...”, chamaram. E lá se levantou a senhora que parecia que não tinha morrido e fez o mesmo percurso que os outros antes dela tinham feito.

Nessa noite não dormiu.

Levantou-se cedo, para apanhar o primeiro turno. O período da manhã. Quando o café enchia antes do trabalho.

Chegou-se ao balcão, pigarreou e largou aquelas palavras que as pessoas não esqueceriam mais. “Era uma torrada e um galão directo. Di-rec-to. Disse eu”. Os seus olhos brilharam. Primeiro fez-se silêncio. Depois um burburinho. E as pessoas olharam-no. E as pessoas perceberam que a história se fazia ali. O empregado, que era novo, ficou a pensar se não seria um louco. Um louco da cidade. Se aquele pedido não seria uma coisa nova que bebessem por lá. E quando se preparava para dizer “isso não temos” já o senhor António apontava para a máquina do café. As pessoas ainda não sabiam o que era um galão directo, apesar de já haver máquinas de café e o processo de misturar café no leite fosse sobejamente conhecido. Chamavam-lhe galão de máquina. Que era assim que se chamava na cidade. Dizia o senhor João, marido da dona Alice, que tinha ido lá uma vez comprar uma borracha daquelas que se mete nas torneiras para vedar porque tinha tido um problema com uma torneira que afinal não era da torneira mas de uma goteira do lado de fora da casa e, mais tarde, descobriu-se que o senhor João tinha inventado aquilo para poder ir à cidade ter com uma amante que tinha conhecido num daqueles clubes de correspondência. O galão directo estava para o galão de máquina como a imperial estava para o fino. Toda a gente que tivesse visto o senhor António a pedir um galão directo saberia que, numa questão de anos, ninguém mais pediria um galão de máquina, mas sim um galão directo. A não ser que não se gostasse de cevada. Ou chocolate. Nesse caso pedir-se-ia um copo de leite com cevada ou chocolate. Ou outra coisa. Há quem só peça um pastel de nata. O que não é boa política porque agora parece que comer açúcar em jejum pode levar à diabetes. Que soa muito melhor quando se diz “os diabetes” e não a “diabetes”. Mas a pessoa cumpre.

Nunca ninguém naquela terra tinha inventado nada. E toda a gente disse que o senhor António ia ficar na história. Até mesmo a Esperança que estava lá para comprar duas carcaças, que afinal não havia e acabou por levar um pão de rabo que depois o marido não ia gostar porque ficava duro no dia a seguir de manhã e era preciso fazer em torradas que não eram do gosto do marido porque se desfaziam para a cama e depois picavam-lhe as costas, e que não gostava muito do senhor António porque a mãe se tinha aborrecido certa vez com a dona Alice pois uma dizia que se escrevia “telro” e a outra “tenro”, soube que ele ia entrar na história. Pelo menos, na história da pastelaria.

“Era um galão directo”, dizia-se.

Depressa se espalhou pelas terras vizinhas que o galão de máquina agora se passaria a chamar galão directo. Não era nada assumido. As pessoas apenas sabiam. E quem pedisse um galão de máquina era visto como quadrado. Excepto os quadrados que continuariam a ser vistos como quadrados. Mas também não faria mal porque os quadrados, e as figuras geométricas em geral, não pedem galões.

Até houve pessoas que começaram a beber galões só para poder pedir. O galão tornou-se comercial.

O senhor António vivia o seu momento de ouro. Pelo menos na medida em que se pode viver um momento de ouro quando se vive numa aldeia em que as fendas entre as paredes de granito são tapadas com estrume.

O senhor António teve todas as regalias de quem é importante. Metiam-lhe mais pão torrado na sopa. Cortavam-lhe fatias de chouriço mais grossas. Barravam-lhe a carcaça dos dois lados de dentro. E uma vez, até por fora mas isso sujou-lhe as mãos todas e então teve de pedir para não tornarem a fazer isso. E não fizeram.

Com o tempo, a história do senhor António espalhou-se. Havia quem dissesse que ele tinha quatro rins. Que dormia de pé. Que cada passo do senhor António correspondia a seis passos das pessoas normais. Havia quem dissesse que o senhor António tinha vendido a alma a um comerciante que de elixires em troca de um elixir capilar. Para não ficar com uma bola atrás. Entradas não se importava. Mas bola não.

Chamaram o senhor que começava todas as frases com “homessa” e cumpriu: “só agora? homessa. Isto a pessoa morre e ainda tem de esperar sabe-se lá porquê, homessa”.

E, como os outros antes dele, desapareceu na escuridão do corredor.

A inveja cresceu. A antiga pessoa mais importante da aldeia, ficava com enchidos de segunda. Finos como fiambre. Era olhado sem interesse. E as torradas voltaram a levar margarina.

Falo por experiência própria. Pode-se passar de margarina para manteiga. Mas nunca de manteiga para margarina de novo.

Um dia esperou o senhor António à porta de casa e cortou-lhe o pescoço como se faz às galinhas. Correu pela aldeia a gritar que era de novo a pessoa mais importante da aldeia.

Foi escorraçado e apedrejado pela população em fúria que chorava a morte do senhor António.

Este transformou-se em lenda.

A pastelaria onde o senhor António tinha pedido o primeiro galão directo passou a ter uma placa a dizer que tinha sido ali que o primeiro galão directo havia sido pedido. Pelo senhor António. Um filho da terra.

Uma caneca de galão em que a cara do senhor António tinha aparecido em espuma tornou-se objecto de adoração.

E ainda hoje lá está.

Chegou a sua vez. Poisou a revista. Levantou-se e olhou a sala agora vazia.

Encaminhou-se para o corredor. Passou o lado da senhora que aparecia sem que ninguém desse por isso e saiu para o corredor.

A porta foi fechada atrás do senhor António. Para ele, a eternidade, era poder passar os fins de tarde a molhar a torrada no galão e a fazer aquela pasta que as pessoas fazem quando sorvem o galão já com torrada na boca. Achou que deveria explicar isto. E explicou.

Se esta foi a sua eternidade, não sei.