quarta-feira, 11 de outubro de 2006

vais partir, naquela estrada

Espaço Cabo Verde


Mataram o Milhazes

Não é que eu não curta pretos. É naquela. Até tenho amigos pretos. Chama-se Gaspar e mora ali na caixinha onde guardo o presépio. Segundo a lenda, ou o conto, levou incenso. Ninguém esclarece em que sentido é que foi. Se levou para o presépio, ou se levou do presépio. Isto com pretos um gajo nunca sabe e o melhor é trancar tudo. Eu cá apostava mais que tivesse tirado. Muito provavelmente levou as palhas também, que é a única coisa que se fumava dali. “Sócio, gira lá dessas palhas, vá lá”. Toda a gente sabe que se Deus inventou o haxixe foi para manter os pretos com baixos níveis de ansiedade para evitar mais roubos e violações e jogos de basket e mais essas coisas que eles gostam de fazer quando não estão a mandriar. Eu até sou gajo de comer aquela cachupa da cachupa em que os talheres e as toalhas de oleado têm mais hepatite que o fígado do Jorge Palma. Mas um gajo está vacinado e às 6 da manhã não há nada que não marche. E tu sabes quem és. E na cachupa já vi putedo do mais decadente que há. E em termos de ter noção de putedo decadente eu sou muito bom. E quando uma gaja coça a crica por cima das calças e cheira os dedos, um gajo sabe que está perante a realeza.
Eu sei que gosto de cachupa. Porque já comi e foi feita por um deles. É como misturar cimento. Não há quem o faça como quem nasceu para isso. Mas esta não era boa. Era milho cozido com pele de porco. Foi um embuste. Um exagero. É como a notícia que vi no jornal esta semana. Parece que o Hélder Postiga se lesionou. Ou andam desatentos ou o jornal devia ter saído há 22 anos. Um gajo quando tem uma profissão estabelece limites. No futebol, um avançado impõe-se dois limites. Um limite superior: Ronaldinho, e um limite inferior: Nuno Gomes. O Hélder Postiga é o único caso relatado de “além-Nuno-Gomes”. Era como quando se acreditava que o mundo acabava ali a seguir a Alcácer do Sal. Para lá disso não havia nada. Apenas o vazio. No outro dia vi um filme com um tipo igualzinho ao Hélder Postiga e (espante-se!) esteve as duas horas que demorou o filme sem marcar um golo. Não era um fime sobre futebol, mas também não é isso que o Hélder Postiga joga. É um desporto novo em que ele é o único jogador. Mas o do filme esteve no limiar de comer a Juliette Binoche. Não sei o que é mais confrangedor se duas horas de Juliette Binoche (um granda binoche, portanto), se duas de Hélder Postiga. Não é que eu não fosse lá, à Binoche, porque vou e é público. E o meu único critério é não ter critério. Aliás, um gajo que vai à Ana Malhoa, vai a qualquer lado. Até à Quarteira passar férias.
Quero deixar aqui bem claro que nunca passei férias na Quarteira e tenciono manter-me assim. Mas havia um tipo na praia onde eu costumava ir que tinha uma prancha daquelas de se meter deitado nas ondas e que dizia que a avó tinha uma casa na Quarteira e era uma grande cena. Mas também era um tipo que tinha calções daqueles de fibra muito fina que quando se molhavam ficavam transparentes e a “picha” – porque aquilo sim era a definição de picha – parecia um dedo de porco anão seco ao sol. Isto sem paneleirices. Eu sou capaz de olhar para estas coisas. Por exemplo, no outro dia estive a ver o Star Wars III – porque nós da função pública entramos às 10:00 e saímos às 17:00 e temos ainda tempo para ver um filmezito antes do jantar – e naquela luta final torci pelo menos enrugado, apenas por ser menos enrugado, e também por ser dos maus. Eu tenho a tendência para torcer pelos maus. Mas foi complicado porque tinham os dois sabres de luz azuis e a certa altura já não se percebia quem era quem. É como o Paços de Ferreira de jogasse com os Boston Celtics. Jogam ambos de verde e marcam pontos com as mãos e um gajo não saberia por quem torcer.
A propósito, perdeu-se também a única hipótese de sempre de pôr o Yoda a falar ao telefone. É a única pessoa no Universo (com U grande) que pode dizer: “Estou? Quem fala?”. “É o Yoda”. “Quem?”, “O caralho que ta foda”. E foram 6 filmes e ninguém se lembrou disto.

Aqui fica novamente a parte que interessa a sublinhado para não vos cansar a vista. E até porque enche mais um bocado e posso sempre chegar às 2 páginas e meia de Word que é sempre o meu objectivo.
Não vou poder dizer se as miúdas eram boas ou não porque depois umas vão perguntar se só fui para a cama com elas porque estava com os copos e as outras vão perguntar para quem estive a olhar.
Não lhes quero estragar o negócio. Até porque um preto a trabalhar é um preto a menos a roubar. Mas têm de melhorar a cena.


Às vezes parece que sou um pouco limitado com preposições. Até sou. Mas também sou um gajo que admite as cenas. E admito que as sei todas de cor. A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem, segundo, sob, sobre, trás.



Espaço Cabo Verde - :O

:O~ <- ao nível das cantinas em particular e da do Técnico em geral
:O <- cabelos na comida e sarro nos talheres
:| <- restaurantes Ana Malhoa - um gajo até lá vai, se não houver mais nada
:) <- restaurantes Alexandra Lencastre – um gajo, há uns anos, até lá ia e era bom – agora é mais o hábito
:D <- daqueles que um gajo pede o cartãozinho
:D~ <- comidinha da avó

18 comentários:

Anónimo disse...

mongo do carcebola, o preto era o belchior...

Anónimo disse...

sua vaca do espaço o paços de ferreira joga de amarelo.

juvenal, o anormal disse...

lição de português:
1- "em" não é um artigo. é uma preposição. está no fim do post.
2- é correcto dizer "em Quarteira" como "na Quarteira". assim como é correcto dizer "em Lisboa" como "na Lisboa". é uma questão de preferência apenas.

se me queres ensinar alguma coisa, ensina-me origami. português não. nem te esforces porque sei tudo.

juvenal, o anormal disse...

The Bible does not mention the number of the men, nor does it give their names or their colour: Balthasar, the black Caspar and Melchior. In the gospels of Mark, Luke and John, the wise men are not mentioned at all. In the Middle Ages, the number three was concluded from the number of the gifts. They were also given symbolic identities, representing all three biblical races, which meant that one of them had to be black.


"toda a gente comete erros. excepto deus e eu" - wolfgang pauli

juvenal, o anormal disse...

Os Três Reis Magos são personagens da narrativa cristã que teriam visitado Jesus em ocasião de seu nascimento. Os reis magos aparecem na tradição popular cristã e têm os nomes de Baltasar, Melquior (ou Belquior) e Gaspar.

Como se pretendia dizer que representavam os reis de todo o mundo, normalmente Gaspar é apresentado como negro, representando a África, mas também como rei da Índia; Melquior, rei da Pérsia; e Baltasar, rei da Arábia. Em hebreu, esses nomes significavam “rei da luz” (melichior), “o branco” (gathaspa) e “senhor dos tesouros” (bithisarea) representando as três raças existentes conhecidas.

tiagugrilu disse...

Escreves bem. O racismo é que levanta demasiado pó à volta da tua escrita. Passaste dos "Favoritos" para a reciclagem.

Ficai bem.

Anónimo disse...

Juvenal o anormal, no seu melhor.
Bem-vindo

Quanto à "tiagugrilu" que vá levar com baldes de catinga, gangs nos transportes públicos para ficar mais bem-humorada

Anónimo disse...

o preto é o belchior. essas correntes filosóficas de que fizeste copy paste só são respeitadas entre a praça de londres e a defensores de chaves.

o preto é o belchior. eu é que sei.

queres visitar um restaurante com pinta, bem popular e barato? central do bairro, em sapadores. a dona é ferrenha do spórtem.

Tiago Franco disse...

"Esbrotoei a nalga a rir",
juvenal, anormal ou bacanal, não me interessa. Tens um tipo de escrita fantástica.

Anónimo disse...

Falta prai o "conforme" e o "consoante".....
Mas isso já são modernices....

jms disse...

Acho que vocês não percebem nada isto. Qual gaspar, qual belchior, toda a gente sabe que o preto é o Mantorras.

Anónimo disse...

Tanto racismo com os racistas! Acalmem-se meninos...
Os meus pais sempre quiseram adoptar um preto pequenino porque são lindissimos. O problema é que mais tarde crescem e querem-se sentar à mesa connosco e começam a imitar (mal) as nossas palavras. E parece que não, mas dão muita despesa.
Mas os pretos até têm coisas boas: tenho uma amiga de uma amiga que diz serem muito bons na cama, desde que se lavem antes e quando a minha prima se casou oferecemos-lhe um preto na despedida de solteira. Nunca vi uma noiva tão feliz :)

Tentem ver também o lado positivo da diferença :)

Anónimo disse...

esse sarcasmo mordaz tá de mais mas o racismo é que tá quieto ó preto!!

Anónimo disse...

Ó amor, faltam-te algumas preposições, mas não é grave. gostei do texto ;)

Anónimo disse...

Juvenal,o Anormal no seu melhor :D

Pedro F. Guerreiro disse...

Sou de quase pertinho pertinho dali da Quarteira, que é uma coisa que me soa mal quando assim dita. Eu digo.
Na Quarteira há muita preto. Muitos.
Xi tantos.

Anónimo disse...

Que merda...fiquei parvo ao chegar a Ingleterra e tenrem-me dito que de Espanha para baixo eram só pretos...e nem tinha comido cachupa ainda!!!

Na verdade explicaram-me não sabiam diferenciar entre um tuga e um mouro... todos eram pretos... eu preto!? ... continuaram..."Nós os brancos quando apanhamos sol ficamos vermelhos e vocês ficam pretos; nós sempre fomos brancos e vocês até a idade media eram marroquinos, além de só terem começado a tomar banho depois do 25 Abril..." Não fiquei mais para ouvir tais barbaridades...Nós que fizemos o Euro, temos o Figo, o Eusébio, o Benfica, os estadios do Euro, o Valentim, O Vale e A., O FErreira Torres, o João Baião, o D. Sebastião, e claro os Morangos e a Floribela...compararem-nos com pretos...haja falta de cultura! Até temos o Saramago ali perto, em Espanha.

Anónimo disse...

Que merda...fiquei parvo ao chegar a Ingleterra e tenrem-me dito que de Espanha para baixo eram só pretos...e nem tinha comido cachupa ainda!!!

Na verdade explicaram-me não sabiam diferenciar entre um tuga e um mouro... todos eram pretos... eu preto!? ... continuaram..."Nós os brancos quando apanhamos sol ficamos vermelhos e vocês ficam pretos; nós sempre fomos brancos e vocês até a idade media eram marroquinos, além de só terem começado a tomar banho depois do 25 Abril..." Não fiquei mais para ouvir tais barbaridades...Nós que fizemos o Euro, temos o Figo, o Eusébio, o Benfica, os estadios do Euro, o Valentim, O Vale e A., O FErreira Torres, o João Baião, o D. Sebastião, e claro os Morangos e a Floribela...compararem-nos com pretos...haja falta de cultura! Até temos o Saramago ali perto, em Espanha.