quarta-feira, 28 de março de 2007

inland empire

Slither – Os invasores


Em busca do tempo perdido


Nós que vamos às antestreias com o pessoal da cena, e com “pessoal da cena”, refiro-me à fufa do Curto-circuito, que estava com outra fufa muita boa e mais dois panascas, arriscamo-nos a não saber ao que vamos e a perder uma hora e vinte das nossas vidas.
O compasso da noite de Lisboa é marcado por três ou quatro personagens fundamentais. O vocalista dos Moonspell, a Sofia Aparício, o anão dos programas do Herman, um tipo que é escritor e tem cabelo à panasca e dá aulas na Nova e a fufa do Curto-circuito. Um gajo sabe que está num evento "da cena" quando um destes lá está.
O fufedo sentou-se mesmo à minha frente. Nunca estive tão perto de fufas. Os 40 cm que vão de mim ao monitor não contam. Quase senti o cheiro a testosterona e a camisola interior de alças a cheirar a Axe e a suor. E as mãos inchadas de conduzir camiões. Confesso que tive medo. Qualquer dia reconhecem-me e depois tenho de fugir. Eu sou um bocado cobarde. Qualquer uma delas faria o que quisesse de mim. E uma delas bem que eu não me importava que fizesse. Era das boas, daquelas como nos filmes que um gajo saca da Internet. Ocorreu-me logo: “o filme pode ser uma merda mas já tenho material para escrever”. E era realmente uma merda. Não que eu tivesse ligado muito. Estava mais a tentar perceber se havia mãos dadas ou “dedo-na-rata” mas também estava a disfarçar para que não se notasse que estava a tentar perceber se havia mãos dadas ou “dedo-na-rata”. Mas os tipos que estavam atrás de mim, que eram daquelas casais “fita-gomada” em que ele comeu pipocas durante os oitenta minutos de boca aberta e ela dizia: “mas ela está parva? Não se está mesmo a ver que ele está na cave? Vai para a rua, parva”, desconcentraram-me. E não percebi se houve contacto. Na minha mente houve. Na minha mente houve sessenta e nove. Por extenso e tudo. Na minha mente houve daqueles coisos de plástico com duas pontas. Na minha mente barrou-se manteiga de amendoim.
Vou deixar de chamar fufa a esta. Talvez ela até nem seja (:|) mas a cena é que uma das maiores músicas do rock de sempre diz assim “and when you stare don’t you think i feel it?”. Hm. Não, não é por nada disto. O meu coração serve apenas para acertar o relógio. A cena é que depois vem cá tudo parar quando fazem searches no google. Mas gosto mesmo da palavra “fufa”. É quase tão difícil deixar de usá-la como deixar de fumar. É isso e deixar de usar camisolas com riscas horizontais. Passa-se qualquer coisa com a minha barriga. De vez em quando dá assim o aspecto que cresceu um bocadinho. Que está inchada. Isto não é senão gases, penso eu. Ou serão os músculos que estão inchados dos abdominais que faço. Mas não. É um mistério qualquer. E depois como faz cova na zona do esterno, fica a parecer que tenho mamas. O efeito ainda é mais notório quando vou a descer escadas à campeão. Parece quase aquele anúncio do Fa Fresh. Acalma-te Nuno Markl. Não tem nada a ver contigo. Até porque eu sou como o Bruce Lee e o Special K. Só fibra.
Há um milhão de filmes iguais a este. Com cenas que vêm do espaço e fazem ninhos e entram nas pessoas e depois espalham-se e é contagioso e depois as pessoas ficam assim a andar todas tortas como se sofressem de alguma doença. E não há assim muitas mamas. A não ser uma tipa na banheira em que vai assim uma lesma e eu a pensar “vai-lá cona, lesma”. Mas nada. Só se vê assim uma pontinha de um mamilo. E é tão rápido que quase nem conta. Por isso lá voltei eu às lesbos. Mas não havia acção nenhuma. Se calhar estou enganado. O beto é que continuava a comer pipocas e desconcentrava-me da desconcentração de ter Lesbos à frente. O L grande de Lesbos é o Word que põe. Eu cá estou quieto a descobrir maneiras de deixar de dizer fufas. Um gajo tem de descontrair. Porque isto de passar parte do dia a ouvir “e depois eu disse-le: já fizestes o comer? Se já fizestes porque não dissestes?”, não é fácil.
A vida é lixada para nós que sofremos de irritação crónica. A única coisa que me faz sentir realmente vivo é sentir-me irritado. E agora é a irritação das escadas rolantes. Nós devemos ser o único país do mundo em as pessoas têm paragens cerebrais nas escadas rolantes e nas passagens estreitinhas pois são os sítios que mais acham adequados para parar na conversa. E depois um gajo que acorda assim quase, quase, quase em cima da hora para ir para o trabalho ainda se arrisca a perder o eléctrico onde vai todos os dias uma chinesa que me faz sentir cá umas cenas. E podem anotar isto: “antes do fim do ano, hei-de ter comido uma chinesa”. Ou isso ou vou àquele chinês do karaoke ali na Duque de Loulé. À direita de quem sobe. Que se chama marisqueira chinesa mas não tem marisco nenhum. Eu, como se tivesse dezoito anos de novo, uso a técnica do livro. Como tenho um casaco, que foi das melhores compras de sempre, com bolsos grandes que têm mesmo o tamanho de um livro ao alto, posso sempre andar com um (livro, não bolso) sem dar muito trabalho e “sem estar muito carregado”. E nem preciso de o ler. Vou é trocando de tempos a tempos. Para depois as pessoas pensarem “ina man, ele deve ser muito inteligente. Diz que até andou na faculdade. E agora trabalha com computadores. É uma jóia de rapaz”. E a verdade é que é apenas a marca que vai andando para a frente. Que eu não tenho paciência nenhuma para essas coisas das letras. É um aborrecimento. Nem um boneco, uma tira do Calvin ou um sudoku. Ainda para mais, com as chinesas, nem interessa bem que livro é. Bem que posso levar o catálogo do Corte Inglés. O efeito é o mesmo. Queria dizer isto usando a conjugação “ser-lhe-á” só para mostrar que sei, mas não arranjei maneira de o fazer.




Slither - :O~

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

9 comentários:

Anónimo disse...

nao sei quem és.. mas rapaz/rapariga faz-te á vida que és muito bom no comico

Zorze Zorzinelis disse...

Foi muito bom ter gasto 2h34m a ler o teu post. Muito bom, muito bom mesmo! Já agora, tb acho que aquela gaja do CC é lésbica!

Anónimo disse...

fonix, mas quem é que tem duvidas disso? basta ir ao fufex confirmar

epah ó juvenal, tenho que reconhecer, és uma influencia muito grande quando escrevo os posts no atiçador... precursor de um movimento literario :P
devo ser mais plagiador que o marialva da tvi

queimem-nos! cliquem-me!

Anónimo disse...

olha lá, como consegues ir às antestreias dos filmes? o que é andas a chupar?

paperdoll disse...

há muitos sites na internet que oferecem bilhetes pas antestreias. não que o juvenal precise disso, claro...
"precursor de um movimento literario" muito bom!

mim disse...

É um prazer ler este blog, já não sei se posso dizer a mesma coisa das chinesas. Dizem que a têm na horizontal :-)

Anónimo disse...

se algum dia alguem te reconhecer, dá porrada nesse cabrão.

Lou disse...

Ainda ontem assisti a uma catástrofe, a escada rolante parou e o pessoal à minha frente achou que se esperasse mais 5 segundos ainda valeria a pena fazer aquela figura de parvo de "estar encurralado na escada rolante avariada"... um dia destes ainda apanho uma neurose rolante.

Anónimo disse...

Opa há uns tempos havia uma chinesa muita boa nessa "marisqueira" chinesa! Deve ser a mesma que inspirou o Manuel João dos Ena Pá :)