sexta-feira, 3 de junho de 2005

acrónimo recursivo

Nos filmes, as pessoas, antes de morrer, têm sempre tempo para dizer "coisas". O pai diz ao filho: "toma conta da tua mãe. Agora és o homem da casa.". A mãe diz para o filho: "não te esqueças de fazer a cama". O marido diz para a mulher: "sabia-me bem um bico agora". Montes de coisas sempre com o timing apropriado. Um gajo pode não ter pernas nem braços mas tem sempre tempo para dizer umas últimas palavras ("agora já posso morrer em paz") e depois ficar com 'aquele' olhar para o infinito e a boca dependurada - como no Rocky IV - do último suspiro.
Na minha família não. Ninguém tem tempo de dizer nada. Morre-se e pronto. São AVC's, são ataques de coração, são embolias. Um gajo está assim muito bem e quando dá por ela esticou o pernil e está metido na gaveta de um frigorífico de uma morgue qualquer. É por isso que não guardamos segredos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Essas gostam mesmo eh de arestas :/

Montenegro disse...

oh magoo, mas tambem quando esse carro sai a voar por uma ravina, nunca vemos um plano de dentro do carro... se calhar o gajo até diz qualquer coisa do tipo "dass... tenho 40 anos e não cheguei a comer a angelina jolieeeeeee" BOOM!! É só uma questão de nunca lhes darem direito de antena, nessas alturas. :)