terça-feira, 26 de junho de 2007

'cause i'm cool

Le temps qui reste – O tempo que resta


Quando o cancro é cool

Já sentia falta de ciclos de cinema. Antes via os programas daqueles ciclos que revêem o ano e tinha-os visto quase todos. Este ano não vi quase nada. Já não tenho 20 anos e filmes franceses ou com mais de 90 minutos deprimem-me. Já só gosto de comédias românticas, da Cameron Diaz, do Owen Wilson, do Mr. Bean. Filmes sobre cancro e mortos e gajas estéreis já não são para mim. Sinto sempre que a pressão intracraniana aumenta e que tenho um tumor qualquer na cabeça que me vai corroer e fazer cair o cabelo logo a seguir a ter gasto 40 euros num corte novo. Se mexo os joelhos e fazem “clic” fico a pensar se não terei um daqueles cancros dos joelhos que atacam os jogadores de futebol. Se estou torto na cadeira, endireito-me “para não ter cancro na espinha, como o Pedro ali do 3º direito” que acabou os dias numa cama a beber sumo por uma palhinha e sem conseguir aguentar as fezes líquidas que lhe escorriam pelo cu. Mas ainda se aprende umas coisas neste filme. É certo que é um azar tremendo um gajo ser paneleiro e contrair primeiro cancro do que sida. Mas Deus nisso é fodido e castiga todos os fluxos inversos. Eu próprio sei que o que me espera vai ser uma coisa dessas. Ou uma cena degenerativa. Não quero acabar com um tubo na boca e uma cadeira de rodas. Porque depois as pessoas olham. Eu não. Eu sou dos que fazem os aleijados não se sentirem mal. Olho só uma vez, para mostrar que estou à vontade. Que não me incomoda. Também não lhe dou uma moeda, que é para não ficarem mal habituados e depois se toda a gente der, pedir tornar-se-ia monótono. Eu tento mostrar que estou à vontade. Que embora seja fixe e tenha os braços completos, estou à vontade. É mais ou menos como as pessoas do teatro e a nudez. Não os incomoda porque eles sentem mais que as pessoas que não fazem teatro. Eu cá olho. Uma vez e pronto. Menos com as gajas boas. Com essas farto-me de olhar. Desesperado. E penso “olha para mim vaca do caralho. Porque é que não olhas para mim?. Sexta, senta-se mesmo à minha frente assim uma das miúdas mais giras que eu já vi no metro. Passado duas paragens, levanta-se e senta-se noutro sítio. À saída disse-lhe: “custaste-me 80 euros”. São duas sessões na psicóloga. Estava num bom dia de gel, num bom dia de trazer o ípsilon debaixo do braço, até tinha a minha camisa boa, aquela que parece que tenho músculo nos braços. Que são mais do que duas varas daquelas de sacudir as ovelhas... se calhar o que me fodeu foi o livro do Asimov. Eu também não olharia para uma gaja que lesse Paulo Coelho ou que acompanhasse as linhas com a marca do livro. Em discussão, mais tarde, chegámos à conclusão que ela ia num dos lugares que vão de costas e então mudou-se para ir de frente e não vomitar. Eu se fosse em frente duma gaja boa, bem que podia vomitar que dali não saía. Ao contrário de um tipo que hoje levou com as mamas duma gorda na cara quando o metro travou. Saiu envergonhado na paragem seguinte.
É bom rever algumas das miúdas que ainda iam aos ciclos do 222. Já estão um bocado mais fodidas do gin tónico. Até eu, que agora comecei a beber gin tónico com regularidade, tive de comprar daqueles cremes “anti-age” para compensar a cena. É chato é levá-lo no bolso e ter de o aplicar antes de começar a beber. Sim, porque eu sou dos que previne. E mais algumas daquelas dos vestidos e dos sapatos que agora se usam. A quem eu não me importava nada de me vir nas mamas. Mas só nas que têm decotes. As outras não e eu sou um bocado nojento em tudo o que meta funções vitais. Não percebo como é que as pessoas não têm nojo de transpirar. Eu, se transpirasse, com o nojo, suicidava-me. Mesmo o caracol. O caracol é quando 'a cena' se enrola assim à volta do saco dos testículos. E cola com o suor. Só sai “metendo a mão” e é de alto risco. Que o diga o Humberto Coelho quando foi canado no intervalo dum jogo da selecção a ajeitá-los quando pensava que ainda não estava no ar. Eu hoje arrisquei isto enquanto esperava pelo elevador. Aqui no prédio é só enrugadas por isso também não haveria grande mal.
Nunca sei muito bem os filmes do Ozon que já vi. Pensava que já tinha visto este mas afinal não. É sobre um tipo que tem cancro e é paneleiro e até faz parecer fixe ter cancro. Porque fode e fuma e anda de táxi e tem uma irmã boa. Eu próprio, quando me aparecer o cancro na espinha, a primeira coisa que faço é ir comprar um volume. Pode ser que volte a foder e descubra alguma irmã boa que estivesse perdida por aí. Daquelas que embrulham os presentes no Natal e têm sempre ideias para comprar coisas além de chocolates e gravatas. Depois é tudo muito exagerado. Só porque vai morrer farta-se chorar. Que menina. Eu cá, se morresse, enfrentava a cena como um homem. Daqueles que já não se fazem. Mas eu corro o risco de viver para sempre.

Le temps qui reste - :)

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”

7 comentários:

Anónimo disse...

Vim aqui fazer um refresh antes de me ir deitar e compensou... Adoro-te Juvenal.

Angélika disse...

Começaste muito bem, até temos algumas parecenças em relação a deficientes ou aleijadinhos. Encaras a vida de uma forma natural, tens força isso é bom. Não sei se tenho a mesma força :)

Mas acabaste como sempre a avacalhar o discurso e aí mais vale começar a ler na diagonal na esperança que encontremos algo que ainda valha a pena ler...

Apesar de tudo gosto do teu sentido sarcastico e directo, é isso que ainda me faz visitar este cantinho do ANORMAL!

Saudações
Angélika

Anónimo disse...

eheheheheheheh

Ana disse...

Confesso que quando li «Custaste-me oitenta euros» pensei que tinhas percebido que o corte de cabelo da autoria da miúda que perguntou "are you a model or into photography?" não foi propriamente bem sucedido e tinhas ido a correr cortar de novo.
Mas se achas melhor a terapia... ok, as avestruzes também continuam a enterrar a cabeça na areia :-)

Anónimo disse...

Parece que andas muito deprimido, a pensar muito na morte e na doença. Parece que o que precisas é um bom broche. Mas isso é o que todos os homens precisam....

theTHING disse...

as avestruzes nunca enterraram a cabeça na areia... isso é mito... nunca foi observado esse comportamento em nenhuma, até pq não era grande defesa... é a mesma merda que ser atacado por um gay e fazer isso.... és atacado na mesma, simplesmente não tens de ver....

Ana disse...

sim, obviamente que enterrar a cabeça na areia é um mito e uma expressão, mas essa de comparar ao ataque de um gay.. que raio de filmes andas a ver???? :-)