sábado, 16 de junho de 2007

to mingle

Mensagens do futuro – Isaac Asimov


Há duas coisas que detesto mais que todas as outras. Uma é chegar a casa e começar a cantar o riff do “Smoke on the water” - ta ta taaaa tata tataaaa ta ta taaaa ta tataaaaa – e perceber que estão cá visitas quando já é demasiado tarde e estou mesmo a dar a curvinha que vai do corredor da ala Oeste para a sala onde recebemos os convidados com mais nível. Os convidados, não a sala. A outra é que me tentem foder. Até porque eles a mim não me fodem e sabem-no. Embora seja (eu) bom a fingir que acredito em todo o “mumbo jumbo” que me tentam vender. Sempre quis dizer “mumbo jumbo”. Desde que fui à inspecção (a da tropa, não a dos carros) e o Cachucho, que não tomava banho a seguir ao futebol, usou “mumbo jumbo” numa frase. Foi há uns 5 anos. E só hoje, e a propósito dum mail qualquer de “ina man, tu agora não escreves?”, é que a pude usar. A cena é que depois se um gajo faz cenas daquelas do sorriso amarelo, as minhas bitches do messenger vêm e dizem: “Diogo diz: meu, depois as pessoas vão dizer que és como os tipos do Gato Fedorento que só tem piada às vezes”. As minhas bitches acabam por ser quase todas homens. As miúdas têm uma predisposição qualquer para me bloquearem assim sem mais nem menos ou então limitam-se a ignorar-me quando lhes peço que me enviem cuecas usadas pelo correio. Talvez as frases “quando é que foi a última fez que te foderam por trás e ficaste com os mamilos erectos contra a parede fria do teu quarto” e “estou nu” não tenham o efeito que gostaria (eu) que tivessem. Embora se uma gaja me disser “estou nua” terá toda a minha atenção. Até posso afirmar que o meu cérebro desenvolverá e porá (não tentem, é o futuro) em funcionamento novas áreas desconhecidas ao resto da Humanidade. É como a cena das cuecas. Uma gaja que não as use é alta cena, um gajo que não as use é nojento. Tem a ver com a pinga também.
E também estava com uma enorme falta de ideias. Acho que tem a ver com a minha irritação permanente. Que me vai corroendo por dentro, como aqueles “gerbils” que os paneleiros metem em tubos nos rectos uns dos outros, até me tornar parte do sistema. Eu, não o gerbil ou o paneleiro.

Sempre que vou à Feira do livro, compro aqueles livrinhos da colecção Argonauta. Para quem não sabe e para as gajas, são livrinhos de ficção científica (pode-se dizer fc, sf, sci-fi, etc...) - não se pode dizer etc, era só porque há mais maneiras de dizer e coiso – que existem aos milhares com capas azuis com desenhos anti-design. São o maior turn off para levar no metro. Quase tão grande como um gajo ir à casa de banho do Suave, sair e ouvir-se o autoclismo a ser puxado em todo o bar ao mesmo tempo que se lava as mãos. Aconteceu com um amigo. Até porque são livros que na contra-capa têm anúncios ao livro seguinte da colecção. Um gajo nunca se safa de ir a mostrar dum lado “Mensagens do futuro” e do outro “Não sei o quê de Marte”. E numa simples viagem de metro não há tempo para dizer “ah, eu a seguir vou ler o 'Crime e castigo', isto é só um livro de ligação”. A minha cena com o “Crime e castigo” é a esperança de apanhar uma daquelas russas de um metro e oitenta e cinco que perceba apenas Dostoievski e me queira levar para casa e dar-me daqueles pratos russos que metem vodka e carne de carneiro. É irrelevante saber se comem carneiro ou não. Ninguém sabe. E eu de russo até percebo as imagens dos jornais. E acho que o sinal do minete (aquele do indicador e do médio colados pelas extremidades e da língua a fazer assim na parte de cima) é universal. E toda a gente sabe que as russas normalmente incluem as filhas de 20 anos nestas cenas e depois há altas cenas de sexo em grupo antes do Ivanov chegar e esfaquear toda a gente.
Isto tudo para falar do livro e da razão porque fui enganado. O livro não é do Isaac Asimov mas sim contos escolhidos por ele. Por alguma razão, e às vezes com razão, a ficção científica é considerado um género menor dentro da literatura. E não dá cena nenhuma um gajo ir no metro e ter assim um género de vergonha do que está a ler. Às sextas ainda posso pôr o ípsilon por cima. Mas só para as miúdas dos tops amarelos, que este ano encheram a Bica, no Santo António. Se há coisa que me parte agora (sim, que isto muda como as DDR) são aquelas miúdas boas dos tops amarelos e a cenaça castanha dos mamilos assim a ver-se como um carimbo das Finanças. Mesmo que seja apenas uma vez por ano (o Santo António e as gajas boas dos tops amarelos na Bica, não os carimbos das Finanças). Sim porque aquelas gajas só chafurdam a boca numa fatia de pão com sardinha uma vez por ano, naquela do “vejam, vejam eu hoje misturo-me com o povo”.
Com a sorte que tenho, só me calham velhas e pretos à frente no metro. E, quando o Saramago diz que, para escrever, é preciso 10% de génio e 90% de suor, eu imagino logo que parte da linha verde passou a noite a escrever. Alguns deles até devem ter escrito com os pés. Nas raras ocasiões de gaja boa no banco da frente, a cena corre sempre mal à mínima cena de armanço. Por exemplo, o único piercing que fiz foi para me armar para a miúda que trabalhava na loja dos piercings e que era assim “alta canhão”. Mas estraguei tudo quando desatei a chorar como um bebé. Escorria-me ranho para a boca e, no meio da confusão, acho que até gritei “quero a minha mãe”. Ainda hoje viro a cara para a rua quando passo em frente à El Diablo. Foi quase tão mau quando tirei as cuecas para mandar uma queca numa e vi que tinha skidmarks. Ainda hoje não lhe respondo às mensagens.
Mas tenho de discordar do Saramago. É apenas preciso génio para escrever. Veja-se eu. Simplesmente isto às vezes não sai. É como quando se passa 4 dias sem cagar. Não há explicação. Simplesmente a vontade foi-se, como lágrimas na chuva. Eu cá vou anotando cenas soltas num ficheiro de texto que está aqui no meu desktop.



E depois o trabalho mais difícil é conseguir juntar tudo e fazer com que tenha sentido e que haja alguma ligação.
E a cena de ir ao cinema não é assim. Não é só atar e pôr ao fumeiro. É preciso carro, vontade, miúda, essas cenas. E a última acreditou quando lhe disse “vês? 20th Century Fox em português é 'Lusomundo apresenta'”. Mas não me tornou a ligar quando lhe respondi, não sei a propósito do quê, “mas o vibrador não te leva a jantar fora”. Um gajo quando quer, consegue fazer passar a mensagem. Mas o que eu realmente gostava era de ser daqueles que inventam expressões. Web 2.0, adorava ter sido eu a inventar. No fundo, não significa nada. Mas é grande cena porque toda a gente diz nas revistas que falam de Internet. Eu bem que tentei quando mudaram os coisinhos do metro que dizem as horas e o destino e quanto tempo vai demorar a chegar o próximo comboio “então diz que isto é o metro 2.0”, mas só serviu para assustar a preta que ia à minha frente, que se benzeu e mudou de lugar. Mas antes uma preta que uma cigana. Porque segundo o taxista de ontem à noite “sabe como é as ciganas, têm aquelas saias e depois fazem tudo por ali abaixo e aquilo nunca é lavado”. Eu que comprei um frasquinho de arenque fumado com mostarda, no IKEA, tive de o deitar fora quando cheguei a casa.
Isto devia haver uma salinha onde estavam uns tipos assim como eu, a inventar nomes e cenas e depois pagavam-nos muito bem e trabalhávamos como e quando queríamos e tínhamos sempre lugar para estacionar. Por alguma razão, não consigo que as pessoas assim da e na rua consigam prestar atenção e entender aquilo que estou a dizer. Quando digo “isto agora só chove porque eu já consigo pôr gel” ou “velho ainda vá, agora meias elásticas é que não” faz-se sempre um silêncio constrangedor. Ainda ao almoço tentei explicar a minha ideia brilhante de quem percebe de ficar com o carro trancado apita assim “titiiiiii tiitititiiiiiiiiii” e que o simples “tiiiiiii” não funciona porque parece que se está apenas a apitar por qualquer coisa. E até fui ao ponto de me dispor a dar aulas e de ensinar como se faz e de tentar estudar o assunto para perceber quem foi que inventou e como é que as pessoas decidem a maneira como se vai apitar quando lhes trancam o carro. Se é uma cena que nasce com a gente, se se vai aperfeiçoando, essas cenas. Olharam-me como se tivesse lepra.


Mensagens do futuro - :)

:O~ <- livros do Nuno Markl ou do careca da bóina
:O <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa de peida com molho
:| <- livros em que um gajo fica a saber que o Pinto da Costa de peida
:) <- livros que também ficam bem na prateleira
:D <- António Lobo Antunes
:D~ <- livros de cheques

11 comentários:

Anónimo disse...

isto de deixar passar um erro no nome de um escritor conhecido é capaz de não impressionar muito as gajas da cena.

Padawan disse...

Sabes pá, não se acentuam os verbos derivados de "pôr" no infinitivo. Ainda bem que não te dispões a dar aulas de Português, caso contrário estaríamos bem fodidos.

juvenal, o anormal disse...

nao encontro nenhum desses erros. devem ter sonhado.

L u i s P e s t a n a disse...

O que se fuma por aí?

Padawan disse...

Não te maceres. Toda a gente comete erros. Até eu, por vezes.

PedromcdPereira disse...

Epá, livros do espaço? Ainda devem ser piores que os filmes do espaço. Coisas do espaço suck.

Salustio disse...

Pá, olha ali ao lado:

http://vingancadavioleta.blogspot.com/

Unknown disse...

...pá tenho uma cena de dialogo linda para te contar!!!...mas primeiro conta-me lá como é correu quando usas-te a minha dica!...tipo cena de...a menina....rabinho....comer à colher!

....era fixe!

Anónimo disse...

Caro Juvenal, tens um admirável dom para atrair anormais a este pardieiro. Então não é que o Tó é do Benfica claro (o que, sem vírgula, ninguém saberá o que seja) e gosta de "furtebol" em geral. Freud nos acuda!

Anónimo disse...

open office? fdx isso é só para paneleiros...

José Risques disse...

Eu acho só que ficou por esclarecer quais as cuecas com as skidmarks, se as tuas se as dela, acho ke em nome do rigor era importante.

Quanto ao "admiravel dom" de atrair tipos como o Tó, pois ... um bocadinho né :|

lol