quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

quando as mamas descaem

Before sunset – Antes do anoitecer


Prodígio da genética


Antes de mais, é necessário dizer que o (cada vez mais pequeno) grupo de verdadeiros sortudos que pode ter acesso às melhores divagações do Universo sobre cinema assistiu a uma estreia. Não uma estreia de cinema, porque essas toda a gente já deve ter assistido, nem que seja com senhas que saíam no ex-bom jornal Blitz. Mas a uma coisa que dava vários filmes. Com sequelas e prequelas e jogos de computador e séries de televisão e merchandising e todo o tipo de invenções de fazer dinheiro. Pois é. Eu enganei-me. *espanto geral*. Pá, afinal até eu me engano. Já tinha acontecido uma vez. Até houve uma página sobre isso. Aqui vai o link da página com o erro:

http://tull.planetaclix.pt/errodogato.html.


Caso não tenham acesso e tal à página, fica aqui o conteúdo:

Pelas 17h44 do dia 3 de Maio de 2003 deu-se a desgraça:
(17:44) • * atrasado_mental tossam se querem gajas.
(17:44) • * atrasado_mental tu
(17:44) • * atrasado_mental assistiram ao meu 1º erro via irc:|

E este (da cena do Colateral) não é só erro a calcular uma secção eficaz. Ou o raio da energia do electrão no referencial que oscila segundo sin(x). A verdade é que eu chamei pretérito imperfeito quando conjuguei “…mas depois ele sorri…”. A cena é que o pretérito imperfeito é “eu sorria” e “ele sorria” – daí o nome “pretérito imperfeito”. Aquilo é o presente. Para quem quiser, fica aqui o meu contacto de email e de telemóvel para conseguirem em 1ª mão t-shirts a dizer: “eu estava lá quando o imperador do Universo se enganou”. Os tamanhos são o M, L e XL. Cada t-shirt custa 10 dinheuros. Email: anq@portugalmail.pt e telemóvel: 96 123 45 67.

Mas afinal o que é, ou quem é, o prodígio da genética? O prodígio da genética sou eu. E este filme, acima de tudo, mostra que até o Ethan Hawke envelhece (só eu e o Johnny Depp é que ficamos na mesma – belos e magros até ao fim do Universo). Fica com rugas. E um dia vai acordar completamente encarquilhado e mais nenhuma gaja o vai querer. Aposto que até vai conseguir encadernar livros nas próprias rugas da cara. Já para não falar que a Julie Delpy conseguirá prender enciclopédias debaixo das mamas. O famoso teste do lápis que com o tempo passa a ser o teste do livro e, em fim de vida, torna-se o teste da enciclopédia.
A cena é essa. Como diz o Woody Allen – e se o Woody Allen diz é porque é verdade – “as únicas certezas na vida são a morte e os impostos”. Há outra regra, que aprendi há uns dias (e atenção que o original não é meu – embora gostasse de ter sido eu a inventar – se quiserem depois eu dou-vos o contacto do rapaz. É um dos meus novos amiguinhos da internet) – “única regra sem excepção: um gajo tem de estar presente quando lhe estão a fazer uma mamada”.
Isto é só para depois não dizerem que eu não sei escrever. Até vou fazer referências ao Hitchcock na próxima crítica (se não correrem comigo entretanto). Chamar-lhe-ei apenas “Hitch”. Como fazem os grandes. Dentro dos grandes contam-se o António Cabrita e o Francisco Ferreira.

A verdade é que não gosto de comédias românticas. As comédias românticas cheiram mal. São como as peúgas que o Acosta mandou aos sócios quando o Sporting foi campeão há uns anos. Mas este filme, de comédia romântica, só tem o estereótipo das personagens. A comédia só tem lugar pelo à-vontade. E o romantismo está em quem o vê (ao filme, não ao romantismo). Nasce porque as personagens reagem mutuamente e connosco. E sabem como reagir.
A comédia romântica tem sempre o Hugh Grant (o tipo que fica com a gaja) e o Mark Ruffalo (o tipo que se perde em amores platónicos e no fim acaba sozinho a consumir cocaína). Escolhe-se uma actriz-modelo. E deixa-se a cena num misturador até ver o que dá. Este é directo à alma. Sem passar pela casa partida e receber os dois contos (10 euros).
O Hugh Grant, normalmente, come tudo o que esteja húmido e que tenha um mínimo de duas pernas. Enquanto o Mark Ruffalo não passa de um masturbador compulsivo que vive em casa da mãe e usa camisolas de malha com buracos nos ombros. Todos queremos que “a gaja” fique com o Mark Ruffalo – a todos parece um tipo às direitas – mas “a gaja” acaba sempre por se embrulhar com o Hugh Grant e destruir-nos os sonhos e deitar por terra todos aqueles anos de intensa terapia.

Voltando ao filme, quero deixar como nota que não vi o primeiro. Afinal há mesmo filmes que até eu não vi. São poucos, talvez uns quinze ou dezasseis. Mas porque afinal isto é sobre cinema e porque agora até tenho fãs que escrevem mails a dizer que me odeiam e que eu devia estar a cumprir pena com trabalhos forçados, tenho mesmo de escrever qualquer coisa que tenha a ver com um filme. Eu sinceramente aceitei isto como cena de me auto-promover e conseguir gajas. Já me auto-promovi. Gajas é que nada.

Bom, eles envelhecem. Encontram-se nove anos depois. Em Paris. E, aos poucos, através da conversa, são-nos contados nove anos. É engraçado como nada parece importar “nesses” nove anos.
O efeito dos diálogos e da acção permite ao filme um contínuo que poderia ter sido filmado num take. Com a máquina ao ombro. Passam realmente umas horas. E é tudo diálogo. Era capaz de jurar que o Ethan Hawke está mesmo apaixonado pela Julie Delpy. A química entre os dois é fabulosa. Se fosse uma história, ninguém diria que estiveram separados tanto tempo. As reacções são as certas, os olhares, o nervoso de morder o lábio de baixo.
Verdadeiramente ingénuo. Sem pretensões. Se calhar só dois actores livres dos vícios conseguiriam escrever tal coisa.

O fim é como deve ser. Ninguém verá outro fim. Todos tivemos oportunidades perdidas e todo o filme funciona como uma espécie de vontade colectiva. Se pudéssemos voltar atrás e compor algumas coisas. Como teria sido? Ninguém sabe.
Há muito tempo que um filme não acaba como deve. Tirando o Lost in Translation, não me lembro de outro caso recente. Não há beijos. Não há quecas. Não há toques eléctricos. Apenas deixas. Tudo se compõe pelas pequenas deixas que vão sendo largadas pelas personagens até ao fim. No entanto, nada é certo até ao desfecho.
Será que só mesmo com um baixíssimo orçamento pode um filme sobreviver às pressões e aos vícios de Hollywood? Espero que não se estrague. Com sequelas ou “interquelas” ou prequelas.

Para a semana vou ter o meu segundo passatempo favorito. Desancar o Wim Wenders. O primeiro é desancar o Spielberg. Bom, este não é bem o primeiro. Mas para falar do primeiro, teria de introduzir conceitos como “strap-on”, “rectoscopia” e “palpação rectal”. E não me parece que fosse publicado.

Uma nota final de agradecimento à minha amiga da Internet que me disse “ah e tal tens ali umas vírgulas fora do sítio” e me ajudou a pô-las bem.



Before sunset - :D

:O~ <- vómito (filmes tipo AI, Matrix 2 e 3)
:O <- filmes “preferia ter gasto a guita em cerveja, droga ou cigarros”
:| <- filmes “naquela”
:) <- filmes médio-fixe ou “nice”
:D <- filmes “cum gajo até acha que coiso e tal e diz aos outros para irem ver”
:D~ <- filmes que “sim senhoras”


2 comentários:

juvenal, o anormal disse...

tu querias era que eu te comesse. e então andas com uma lupa a ver se eu cometo erros ou não. como podes ver o "m" está muito próximo do space. o erro veio daí:|

Anónimo disse...

o "laurel canyon" acaba muito bem.

*arroto*